Pois foi isso que um grupo de cientistas acabou de descobrir. Uma galáxia distante com não um, mas três buracos negros supermassivos em seu núcleo.
Especula-se que buracos negros supermassivos com milhões a bilhões de vezes a massa do sol se escondem nos corações de praticamente todas as grandes galáxias no universo. A maioria das galáxias tem apenas um buraco negro supermassivo em seu centro. No entanto, galáxias evoluem através da fusão, e esse processo às vezes pode resultar em galáxias com vários buracos negros supermassivos.
Os astrônomos observaram uma galáxia cujo nome é a sopa de letrinhas e números SDSS J150243.09 111.557,3, que, suspeitava-se, poderia ter um par de buracos negros supermassivos. Ela fica a cerca de 4,2 bilhões de anos-luz de distância da Terra, a cerca de “um terço do caminho através do universo”, brinca o autor chefe do estudo Roger Deane, um radioastrônomo da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.
Porém, usando uma técnica que permite uma visualização 50 vezes maior de detalhes do que o telescópio Hubble, os astrônomos descobriram, inesperadamente, que a galáxia era na verdade o lar de três buracos negros supermassivos. Dois deste trio são muito próximos um do outro, o que fazia parecer que eles eram um só.
“Todos os três buracos negros têm massas em torno de 100 milhões de vezes maior do que o sol”, mensura Deane.
Os cientistas já conheciam quatro sistemas de buracos negros triplos. No entanto, os buracos negros mais próximos uns dos outros nestes sistemas estão cerca de 7.825 anos-luz de distância um do outro. No trio recém-descoberto, o par mais próximo dos buracos negros está a apenas cerca de 455 anos-luz de distância – o segundo mais próximo par de buracos negros supermassivos conhecidos.
Os pesquisadores descobriram este “par apertado” de buracos negros depois de procurar apenas em seis galáxias. Isto sugere que os pares apertados de buracos negros supermassivos são muito mais comuns do que observações anteriores haviam apontado, sugere Deane.
Embora pares apertados de buracos negros supermassivos possam ter sido anteriormente difíceis de distinguir, os pesquisadores descobriram que o par que viram deixou um padrão helicoidal – no formato saca-rolhas – nos grandes jatos de ondas de rádio que eles emitem. Isto sugere que os jatos torcidos podem servir como maneiras fáceis de encontrar pares próximos, sem a necessidade de observações telescópicas de extrema alta resolução.
Buracos negros que orbitam próximos uns dos outros supostamente geram ondulações no tecido do espaço e do tempo, conhecidas como ondas gravitacionais, teoricamente detectáveis mesmo do outro lado do universo. Ao encontrar pares mais apertados de buracos negros, os cientistas podem estimar melhor a quantidade de radiação gravitacional que esses pares geram.
“O objetivo final é uma compreensão autoconsistente de como dois buracos negros separados, que se encontram em duas galáxias que interagem entre si, lentamente se aproximam um do outro, causam impacto em suas galáxias, emitem ondas gravitacionais e, eventualmente, fundem-se para se tornar um, no que, presume-se, seja um evento violento”, aponta Deane.