segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Descoberto um buraco negro colossal

Um grupo de astrônomos liderados por Remco van den Bosch do Instituto Max Planck de Astronomia (MPIA) descobriu um buraco negro que poderia abalar as estruturas dos modelos atuais da evolução das galáxias.


© MPIA (galáxia lenticular NGC 1277)

A imagem acima realizada pelo telescópio espacial Hubble mostra o pequeno e achatado disco da galáxia NGC 1277, que contém um dos mais maciços buracos negros centrais já encontrados. Com a massa de 17 bilhões de sóis, o buraco negro possui uma massa extraordinária, constituindo 14% da massa total da galáxia, uma massa muito maior do que os modelos atuais predizem. Este pode ser o buraco negro mais maciço encontrada até agora. Este tipo de buraco negro deveria ser encontrado em galáxias elípticas com tamanho dez vezes maior. Em vez disso, este buraco negro fica dentro de uma galáxia com disco bastante pequeno.

Se as observações forem confirmadas, os astrônomos precisarão repensar fundamentalmente os modelos de evolução das galáxias. Em particular, eles terão que olhar para o Universo primordial: A galáxia que hospeda o novo buraco negro parece ter se formado há mais de 8 bilhões de anos, e não parece ter mudado muito desde então. A criação de qualquer buraco negro gigante deve ter acontecido há muito tempo.

Sabe-se que quase todas as galáxias devem conter em sua região central um buraco negro supermassivo: um buraco negro com uma massa entre centenas de milhares e bilhões de sóis. O buraco negro massivo melhor estudado fica no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, com uma massa de cerca de quatro milhões de sóis.


© SDSS (ambiente onde a galáxia NGC 1277 se localiza)

A galáxia NGC 1277 está localizada próximo ao aglomerado de galáxias Perseus, a uma distância de 250 milhões de anos-luz da Terra. Todas as galáxias elípticas e redondas amarelas na imagem acima são galáxias localizadas neste aglomerado. Em comparação com todas as outras galáxias em torno dele, a NGC 1277 é relativamente compacta.

Com uma massa 17 bilhões de vezes a do Sol, o buraco negro recém-descoberto no centro do disco da galáxia NGC 1277 pode até ser o maior buraco negro conhecido de todos; a massa do detentor do recorde atual é estimada entre 6 e 37 bilhões de massas solares. A grande surpresa é que a massa do buraco negro para a NGC 1277 eleva-se a 14% da massa total da galáxia, em vez de valores usuais em torno de 0,1%.
Um artigo sobre a descoberta foi relatado na revista Nature.

Fonte: Instituto Max Planck


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cinco planetas orbitam a estrela Tau Ceti

Astrônomos acreditavam há muito tempo que a estrela Tau Ceti, visível a olho nu a partir da Terra, brilhasse solitária na noite, mas cientistas acabam de descobrir cinco planetas em sua órbita, um deles situado na chamada zona habitável.


© J. Pinfield (ilustração do sistema planetário Tau Ceti)

Tau Ceti faz parte da constelação da Baleia e não fica apenas próxima do Sol, a 12 anos-luz, mas também é muito semelhante a ele, em massa e irradiação. No passado, muitos olhares se voltaram para essa estrela em busca de vida extraterrestre, mas em vão.

Nenhum planeta foi observado no entorno de Tau Ceti até que uma equipe internacional teve a ideia de testar uma nova técnica de coleta de dados astronômicos, capaz de detectar sinais duas vezes mais potentes.

"Escolhemos Tau Ceti porque achamos que ela não comportaria nenhum sinal. E é tão brilhante e similar ao nosso Sol que constitui uma cobaia ideal para testar nosso método de detecção de planetas de pequena proporção", explicou Hugh Jones, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, responsável pelo estudo.

Os cinco planetas descobertos têm massa entre duas e seis vezes a da Terra. O que está na zona habitável fica em uma região nem muito quente, nem muito fria, o que permite a existência de uma atmosfera, de água em estado líquido na superfície, e portanto, talvez uma forma de vida.
"Tau Ceti é uma de nossas vizinhas cósmicas mais próximas, tão brilhante que poderíamos chegar a estudar as atmosferas de seus planetas em um futuro não muito distante", afirmou James Jenkins, da Universidade do Chile, que participou da pesquisa.

A descoberta confirma a nova ideia de "que quase todas as estrelas têm planetas e que a galáxia deve, portanto, conter um grande número de planetas potencialmente habitáveis de tamanho próximo ao nosso", acrescentou Steve Vogt, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA.
Pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO) estimaram recentemente que bilhões de planetas como esse existiriam na Via Láctea, dos quais uma centena está na vizinhança do nosso Sol.
Um estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: AFP

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Observatório Astronômico da UECE inicia suas atividades

O Observatório Astronômico Otto de Alencar da Universidade Estadual do Ceará (Uece) iniciou suas atividades na noite de ontem (25). A atividade inaugural consistiu na observação da ocultação do planeta Júpiter pela Lua. De acordo com os presentes, o fenômeno teve início por volta das 19h54 e terminou por volta das 21h40. Os participantes observaram o fenômeno por meio de um telescópio Celestron. Acoplando o equipamento a uma câmera digital Sony NEX – C3 foi possível o registro de algumas imagens.


      (Reprodução:   Canon T2i foco primário Celestron 14",f10. ISO 400. 1/80 por Dennis Weaver.)


A equipe de observadores foi composta pelo professor Dennis Weaver, membro do Clube de Astronomia de Fortaleza (Casf); Luidhy Santana, bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); e Rafael Eufrásio, pesquisador do Goddard Space Flight Center (em português, Centro de Voo Espacial Goddard) da NASA. 

Membros do Casf e alunos da Uece também estiveram presentes na ocasião, que contou com o apoio do Grupo de Estudo e Pesquisa em Astronomia e Cosmologia (GEPAC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

No dia da observação, ficamos muito apreensivos, pois o céu estava muito nublado. Mesmo com a incerteza de céu límpido no momento do evento, fizemos testes dos equipamentos e, em seguida, ficamos aguardando o momento. Depois de algumas horas, as condições climáticas colaboraram para o início do registro”, comemora Luidhy Santana, estudante de Física da Uece e membro do Casf e do Observatório da Uece.

No início de 2013, o observatório iniciará oficialmente suas atividades. Elas serão gratuitas e ocorrerão periodicamente, dependendo dos objetos passíveis de observação no período. A aquisição de equipamentos para o observatório foi feita por meio do Edital do Programa de Popularização da Astronomia Funcap/CNPq 04/2010.
É muito importante haver mais um observatório na cidade, pois poderemos dar mais acesso a essa ciência tão fascinante que é a astronomia. Não somente para as pessoas que a desconhecem como também para as que gostam mas não têm oportunidade de observar em equipamentos específicos. Acredito que o observatório vai abrir novos horizontes para pesquisas amadoras em astronomia, resultando em um ganho para a comunidade universitária”, ressalta Luidhy.


Fonte: Funcap. Acesso 27/12/2012- 9:29 am

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Saturno durante a noite

Esplendores raramente vistos são revelados nesta imagem gloriosa da sombra de Saturno.


© Cassini (Saturno)
Fotografada pela Cassini em 17 de Outubro 2012, durante sua órbita 174, o lado do planeta dos anéis que está na noite é visto de uma perspectiva de 19 graus abaixo do plano do anel, a uma distância de cerca de 800 mil quilômetros com o Sol quase diretamente atrás do planeta. Sessenta imagens feitas através dos filtros infravermelho, vermelho e violeta, foram combinadas para criar essa visão realçada e colorida de maneira falsa do gigante dos anéis, em um único mosaico. Fortemente iluminado por trás, os anéis aparecem brilhantes fora do planeta, mas com sua silhueta escura marcando o gigante gasoso. Acima do centro, eles refletem uma luz tênue e lúgubre sobre o topo das nuvens, enquanto Saturno lança sua própria sombra escura sobre os anéis. Uma imagem semelhante feita pela Cassini em 2006 também mostrou o planeta Terra como um pálido ponto azul à distância, na imagem abaixo.


© Cassini (o pálido ponto azul no anel de Saturno)

Já a imagem acima em vez de ter a Terra como coadjuvante tem as luas congeladas de Saturno, Encélado (mais perto dos anéis) e Tétis abaixo dos anéis e a esquerda da imagem.

Fonte: NASA


sábado, 22 de dezembro de 2012

Uma nebulosa planetária complexa

Quando uma estrela como o nosso Sol está morrendo, ela irá abandonar suas camadas externas, geralmente em uma forma simples.


© Hubble (nebulosa planetária NGC 5189)

Às vezes, essa forma é uma esfera, ou um duplo lóbulo, ou um anel ou uma hélice. No caso da nebulosa planetária NGC 5189, no entanto, nenhuma estrutura simples emergiu. Para ajudar a descobrir este formato inusitado o telescópio espacial Hubble observou recentemente a NGC 5189 em grande detalhe. Descobertas anteriores indicaram a existência de saída de material em múltiplas épocas, incluindo uma recente que criou um toro brilhante, mas distorcido localizado horizontalmente no centro da imagem. Resultados parecem consistentes com a hipótese de que a estrela que está morrendo é parte de um sistema binário com um eixo de simetria de precessão. A NGC 5189 abrange cerca de três anos-luz e está situada a 3.000 anos-luz de distância na direção da constelação da Mosca (Musca).

Fonte: NASA

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Foto: Zeta Ophiuchi, a “destruidora de mundos”

Um monstro viaja pelo espaço: a estrela Zeta Ophiuchi, seis vezes mais quente, oito vezes mais larga, 20 vezes mais massiva e 80 mil vezes mais brilhante que o sol se desloca a uma velocidade igualmente impressionante de 24 quilômetros por segundo.


A imagem acima, capturada pela NASA usando o Telescópio Espacial Spitzer, mostra a gigantesca estrela azul avançando sobre uma grande cortina de poeira espacial. Conforme se move, Zeta Ophiuchi emite fortíssimos ventos estelares, que carregam partículas de gás quente meio ano-luz à frente – “quase 800 vezes a distância entre o sol e Plutão”, segundo a NASA. “A velocidade dos vendos, somada ao movimento supersônico da estrela, resulta na espetacular colisão que vemos aqui”. Não é por acaso que a nuvem se desloca diante da estrela.

O encontro entre o vento estelar e corpos espaciais é chamado de choque em arco (“bow shock”, em inglês) e normalmente emite luz visível mas, neste caso, por causa da cortina de poeira estelar, apenas certas ondas infravermelhas foram captadas pelo telescópio Spitzer.

Felizmente, a monstruosa Zeta Ophiuchi está viajando a cerca de 370 anos-luz da Terra – com tamanha potência, não seria nada bom se ela resolvesse passar perto do nosso sistema solar.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O mundo não vai acabar em 2012. Mas o que vem depois?

O planeta Terra existe há 4,6 bilhões de anos. Os primeiros sinais de vida surgiram há 3,8 bilhões, quando bactérias primitivas começaram a se formar a partir de rudimentares moléculas orgânicas. Dali em diante, por meio do processo de seleção natural, surgiram numerosas outras espécies de seres vivos, que transformaram o planeta outrora estéril em uma Terra cheia de vida. Há 200.000 anos, esse longo processo de evolução culminou nos Homo sapiens. Nos milênios seguintes, o homem construiu grandes civilizações por todo o planeta e, com avanço de sua tecnologia, começou até a explorar outros mundos. Para aqueles que acreditam no apocalipse maia, essa rica história tem hora marcada para terminar: no dia 21 de dezembro, próxima sexta-feira.


Segundo os profetas do fim do mundo, algum misterioso cataclismo deverá atingir a Terra nos próximos dias e pôr fim a toda a vida em sua superfície — dos homens às bactérias. Para os cientistas, no entanto, a profecia é uma bobagem. O mundo não acaba no ano 2012. Mas isso não quer dizer que a história do planeta — e da vida nele — vá durar para sempre.
Os profetas do apocalipse maia se baseiam em inscrições realizadas em pedaços de pedra com mais de mil anos, descobertas no século 20 e mal interpretadas desde então. Essas inscrições representariam o calendário usado pelo povo maia, que duraria exatos 5.125 anos e teria fim precisamente no próximo dia 21. Daí para concluir que eles previram o fim do mundo foi um pulo. Um dos primeiros a destacar essa data foi o escritor americano — e teórico da Nova Era — José Argüelles. No livro O Fator Maia, escrito há 25 anos, ele misturou misticismo, astrologia e arqueologia para dizer que os maias previram que 2012 marcaria uma nova era de paz e harmonia na Terra.
A ideia foi ganhando adeptos — principalmente dentro das fileiras do misticismo e da ufologia — e se transformando até que 2012 passasse a representar o fim da espécie humana. Com a proximidade da data, o apocalipse maia virou um fenômeno pop. Foi tema de filmes, revistas, livros, palestras. Segundo uma pesquisa da Ipsos Global Public Affairs, pelo menos 10% das pessoas ao redor do mundo sentem algum tipo de medo ou ansiedade em relação à data. Mas, quando elas acordarem no dia 22 e nada tiver mudado, existe um povo que elas não poderão culpar pelo engano: os próprios maias.
Calendários e ciclos — Em outubro, líderes religiosos maias se reuniram na Guatemala. Eles faziam parte de um grupo chamado Oxlajuj Ajpop, que tem por função defender as tradições de seu povo. Todos se diziam ultrajados com o que estava sendo veiculado sobre as previsões de fim do mundo. "Nós estamos nos pronunciando contra a falsidade, as mentiras e a distorção da verdade, que nos transformam em folclore em busca de lucros. Eles não estão dizendo a verdade sobre os ciclos de tempo", disse Felipe Gomez, líder do Oxlajuj Ajpop à agência France-Presse.
Os maias foram uma civilização avançada que habitou o sul do México e o norte da Guatemala entre os anos 1.800 a.C. e 950 d.C. Eles foram capazes de decifrar e prever o movimento de estrelas e planetas por anos. Pensavam também que pela leitura dos astros poderiam antever como as coisas aconteceriam aqui na Terra. Mesmo assim, nunca previram o fim do mundo.
Acontece que o calendário mencionado pelos que esperam pelo apocalipse é apenas um dentre os muitos que os maias usavam. Ele é o calendário de contagem longa, que estipula grandes unidades de tempo. Nele, cada 20 anos (ou tuns, como eram chamados) formavam um katun. Cada 20 katuns formavam um baktun, sua maior unidade de tempo. Depois de 13 baktuns, ou 5.125 anos, o calendário recomeçava do zero. Segundo as evidências arqueológicas, é esse recomeço que está marcado para o próximo dia 21.
Mas isso não queria dizer muita coisa. Pesquisadores sérios, que se debruçaram sobre as inscrições, dizem que os maias encaravam o fim do calendário como o fim de uma era. Depois de chegar à data final, a contagem de tempo simplesmente recomeçaria – como os ocidentais fazem quando seu calendário chega ao dia 31 de dezembro.
Não existe nenhum texto maia falando sobre o apocalipse propriamente dito. Já foram encontradas inscrições falando sobre eras anteriores e posteriores à atual. O arqueólogo William Saturno, da Universidade de Boston, encontrou no sítio arqueológico de Xultun, na Guatemala, murais maias representando cálculos matemáticos que iam até 7.000 anos no futuro, bem depois do previsto fim do mundo.
Rota de colisão – Na verdade, a apocalipse maia tem mais a dizer sobre a sociedade atual do que sobre os próprios maias. Apesar de continuamente desmentidas por cientistas, as teorias do fim do mundo continuam aparecendo de tempos em tempos, estejam elas registradas em livros, como as profecias de Nostradamus, ou nos hardwares de computadores, como o Bug do Milênio. Os boatos apocalípticos sempre correram mais rápido do que o desmentido científico - e agora contam com a velocidade da internet. Uma simples busca no Google pelos termos maia e fim do mundo retorna 102.000.000 resultados.
Uma das teorias mais populares que surgiram a partir da profecia maia diz respeito a Nibiru, um planeta desconhecido que iria colidir com a Terra no final de 2012. A ideia tem início nos escritos do autor azerbaijano Zecharia Sitchin. A partir de interpretações muito pessoais da mitologia babilônica, ele afirmava que a Terra teria sido colonizada por alienígenas vindo do planeta Nibiru, localizado além de Netuno e com uma órbita elíptica de 3.600 anos em torno do Sol. Apesar de contestado pelos historiadores, que diziam que sua ideia não tinha nenhuma base nos registros da Babilônia, a ideia prosperou, foi adotada por toda sorte de místicos nos anos 1990 e acoplada ao apocalipse maia.
Uma busca no Google pelas palavras Nibiru e 2012 retorna 13.600.000 resultados. A repercussão do boato sobre um planeta invisível em rota de colisão com a Terra atingiu até mesmo os cientistas da Nasa. David Morrison, pesquisador do Instituto de Astrobiologia da Nasa, diz que recebe mais de 20 e-mails por semana perguntando sobre o tema e resolveu responder ao boatos em um texto postado no site da agência. "Para um astrônomo, as declarações persistentes sobre um planeta que está, ao mesmo tempo, próximo e invisível é ridícula", escreveu. Segundo o pesquisador, se o planeta existisse teria sido visto por milhares de astrônomos amadores. Além disso, desde o começo de 2012, o planeta estaria visível para qualquer um que olhasse para o céu. "Ninguém pode esconder um planeta que vai nos atingir em um ano."
Outra teoria usada para explicar o fim do mundo próximo cita um excêntrico alinhamento cósmico que faria, no dia 21, com que a Terra, o Sol e o buraco negro no centro de nossa galáxia ficassem em uma mesma linha reta. Para os profetas, a gravidade decorrente desse processo causaria danos irrecuperáveis ao nosso planeta. Segundo a Nasa, no entanto, esse fenômeno é muito comum e não tem nenhuma consequência gravitacional bizarra. "Isso acontece todo dezembro, sem nenhuma consequência ruim, e não há nenhuma razão para esperar que 2012 será diferente de qualquer outro ano", disse David Morrison, em mais um documento em que a ciência rebate os boatos apocalíticos.
Ciência do fim do mundo — Apesar de baterem de frente com os defensores do apocalipse maia, os cientistas não afirmam que a vida humana vá durar para sempre. Ao contrário, eles sabem que a história dos Homo sapiens, e da civilização que conseguiram construir no terceiro planeta do Sistema Solar, terá de chegar ao fim - em um futuro ainda distante. Daqui a um bilhão de anos, a radiação solar deve aumentar de intensidade a ponto de queimar o que estiver vivo e evaporar toda a água da Terra. Se o homem conseguir bolar algum jeito de sobreviver, em quatro bilhões de anos a Galáxia de Andrômeda deve se chocar com a Via Láctea, causando uma série de colisões estelares. Se a Terra passar incólume, em cinco bilhões de anos o Sol se tornará uma estrela gigante vermelha, e consumirá o planeta em suas chamas.
Mas não é necessário esperar tanto tempo. No passado, extinções em massa já foram causadas pela atividade vulcânica e por mudanças climáticas. Há 65 milhões de anos, o impacto de um asteroide causou a extinção dos dinossauros. Não se sabe quando esses tipos de eventos podem voltar a acontecer. Segundo alguns cálculos, pelo menos 99% das espécies que já habitaram o planeta estão extintas. Até quando a humanidade pode driblar seu destino inescapável?
Com o avanço tecnológico, os prognósticos se tornam, paradoxalmente, menos otimistas. Por 200 milênios, os humanos foram capazes de sobreviver aos desastres naturais, mas agora começaram a criar seus próprios riscos. Foi só no século 20 que eles se tornaram capazes de criar uma tecnologia com potencial de exterminar toda a vida na Terra: a bomba atômica. Em 1947, pesquisadores da Universidade de Chicago criaram o Relógio do Juízo Final, para medir o quanto a humanidade está perto de acabar com sua própria existência. No início, só levavam em conta os perigos da guerra nuclear, mas já adotaram o aquecimento global em seus cálculos. Hoje, o relógio está a cinco minutos da meia-noite.
Segundo o astrofísico inglês Martin Rees, professor da Universidade de Cambridge e autor do livro Hora Final - Alerta de Um Cientista (Companhia das Letras), as chances de a humanidade sobreviver ao século 21 são de apenas 50%. Isso por causa do desenvolvimento de novas tecnologias que podem ter impacto global, como o terrorismo biológico e a nanotecnologia. Em 2008, pesquisadores reunidos na Universidade de Oxford para participar da Conferência de Riscos Catastróficos Globais previram o risco de extinção humana no próximo século como sendo de 19%. O próprio astrônomo inglês Stephen Hawking propôs que a humanidade deve abandonar a Terra e colonizar outros planetas se quiser escapar da extinção.
Correndo contra o tempo — Os cientistas, no entanto, não defendem que fiquemos parados frente a estes prognósticos desastrosos. Duas das mais importantes universidades do mundo já criaram centros dedicados a estudar os riscos que podem pôr fim à vida humana e a pensar, se possível, em modos de preveni-los. Em 2005, a Universidade de Oxford criou o Instituto do Futuro da Humanidade dentro de sua Faculdade de Filosofia. Em 2012, a Universidade de Cambridge uniu pesquisadores da filosofia, cosmologia e do desenvolvimento de softwares para dar início ao Centro para o Estudo do Risco Existencial.
Segundo o filósofo Nick Bostrom, diretor do centro de Oxford, existem diversos tipos de eventos que podem ameaçar a humanidade. Em um dos primeiros estudos do tipo, ele classifica os riscos conforme sua localidade e intensidade. Existem eventos locais e toleráveis, como seria o caso de um intenso apagão que atinja todo o continente americano. É claro que esse tipo de desastre é preocupante e pode levar uma parte da humanidade de volta à era pré-industrial, mas mais perigosos são os eventos globais e terminais. Bostrom chama esse tipo de evento de Risco Existencial, pois levaria à extinção do Homo sapiens.
O filósofo sustenta que os cientistas e governantes devem agir agora em relação a esses riscos, pois, quando acontecerem, não haverá tempo para reação. "Nossa abordagem aos Riscos Existenciais não pode ser a da tentativa e erro. Não existe oportunidade de aprender com o erro", escreve. Já existem diversos projetos nesse sentido. A Nasa mapeia o espaço em busca de todos os grandes asteroides e cometas que ameacem se chocar com a Terra. Pesquisadores se reúnem regularmente para estudar e inventar maneiras de combater o aquecimento global – embora os governos não costumem ajudar. Existem tratados internacionais de não proliferação de armas biológicas e nucleares. Cientistas de todas as partes do planeta fundaram grupos dedicados estudar maneiras seguras de desenvolver a nanotecnologia e a inteligência artificial.
Com tanto em jogo, cada possível cenário catastrófico deve ser analisado, por mais inverossímil que pareça. Em 1983, o astrônomo Carl Sagan escreveu um documento sobre os perigos trazidos pelas bombas nucleares cada vez mais avançadas. Ele comparou o risco de uma guerra nuclear que matasse centenas de milhões de pessoas com o risco de uma guerra que exterminasse toda a humanidade – como parecia cada vez mais provável. "Se formos calibrar a extinção em termos numéricos, temos que incluir o número das pessoas de gerações futuras, que serão impedidas de nascer. A guerra nuclear põe em perigo todos os nossos descendentes, até quando os seres humanos seriam capazes de existir", escreve. Segundo seus cálculos, a extinção representaria a morte de mais de 500 trilhões de pessoas. "A extinção é a ruína de todo o empreendimento humano", conclui Sagan. Hoje, quando os perigos criados pelo homem são maiores e mais numerosos do que a guerra nuclear, o cuidado é ainda mais necessário. Baixar a guarda pode ser fatal.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Retângulo Vermelho ao redor de estrela

A estrela HD 44179 é circundada por uma extraordinária estrutura conhecida como o Retângulo Vermelho.


© Hubble (estrela HD 44179)
Essa estrutura recebeu esse apelido devido à sua forma e a sua aparência quando vista em imagens feitas da Terra. Essa imagem com detalhes impressionantes,  feita pelo telescópio espacial Hubble revela que quando vista do espaço, a nebulosa, ao invés de ser retangular, ela tem a forma de um X com complexas estruturas adicionais de linhas espaçadas de gás brilhante, parecidas com degraus de uma escada. A estrela no centro é parecida com o Sol, mas no fim de sua vida, bombeando gás e outro material para gerar a nebulosa, e dando a ela sua forma distinta. Também parece que a estrela é uma binária próxima que é circundada por um denso torus de poeira, ambos podendo ajudar a explicar sua forma curiosa. O Retângulo Vermelho é um exemplo incomum do que é conhecido como uma nebulosa protoplanetária. Essas são estrelas velhas, no seu trajeto se tornaram nebulosas planetárias. Uma vez que a expulsão de massa esteja completa uma estrela quente do tipo anã branca permanecerá ali e sua brilhante radiação ultravioleta fará com que o gás ao redor brilhe de forma intensa. O Retângulo Vermelho está localizado a aproximadamente 2.300 anos-luz de distância na direção da constelação de Monoceros (O Unicórnio).

Fonte: ESA

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Achado o maior sistema de rios fora da Terra

A sonda Cassini, da ESA e da NASA, registrou o que parece ser um rio na lua Titã, de Saturno. O curso seguiria por cerca de 400 km.


© Cassini (rio de metano em Titã)

Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, a ter líquidos estáveis em sua superfície. Só que, ao invés de água, a lua tem hidrocarbonetos, como etano e metano, em seus rios e lagos.
Segundo a missão, é a primeira vez que se registra um sistema de rios tão grande e complexo fora do nosso planeta. Os cientistas acreditam que os hidrocarbonetos líquidos preenchem o curso porque ele aparece escuro nos registros do satélite. O rio acaba no mar Kraken que, em tamanho, estaria entre os mares Cáspio e Mediterrâneo.
"Apesar de alguns desvios pequenos e locais, a relativa linearidade do vale do rio sugere que ele segue o trajeto de ao menos uma falha geológica, similar a outros grandes rios na margem sul do mesmo mar de Titã", diz Jani Radebaugh, da equipe de pesquisadores da missão.
Outros registros interessantes sobre o ciclo dos hidrocarbonetos líquidos de Titã já foram feitos. Em 2010, por exemplo, o registro de regiões escurecidas na superfície da lua indicava que havia ocorrido uma recente pancada de chuva no local. Em 2008, a Cassini confirmou a existência de um lago de etano líquido no hemisfério sul.
"Esta imagem nos dá uma vista de um mundo em movimento. A chuva cai, e rios movem essa chuva para lagos e mares, onde ela evapora e começa o ciclo todo de novo. Na Terra, o líquido é água; em Titã, é metano, mas em ambos os casos, isso afeta quase tudo que ocorre", diz Steve Wall, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA.

Fonte: NASA

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Descoberta estrela parecida com o Sol

Cientistas anunciaram a descoberta de uma estrela de 300 mil anos de idade, que pode ser uma versão jovem do Sol.


© Nature (ilustração de uma protoestrela)
A protoestrela tem características que, segundo astrônomos americanos, lembrariam a da estrela do nosso sistema solar em seus primeiros anos de existência.
Ela foi batizada de L1527IRS e está localizada na constelação de Touro, a 450 anos-luz de distância da Terra. Com “apenas” 30 mil anos de vida, a estrela é ainda pequena quando comparada ao Sol, que tem 4,6 bilhões de anos.
A protoestrela pesa um quinto da massa do Sol. Apesar de ser menor do que a estrela do nosso sistema, os astrônomos afirmam que a massa da L1527IRS  seria suficiente para formar sete planetas com a massa de Júpiter, o maior do sistema solar.
Os cientistas que trabalham na observação da L1527IRS acreditam que a estrela passará por um processo de desenvolvimento bastante parecido com o qual o Sol atravessou em seus primeiros estágios. Com a observação do amadurecimento dela, os astrônomos devem aprender mais sobre a evolução do nosso próprio sistema solar.

Fonte: Nature

domingo, 9 de dezembro de 2012

A terra vista de Mercúrio


Terra e a Lua são os dois pontos brilhantes mais para a esquerda da foto. Vistas de Mercúrio, elas sempre se parecerão essas duas esferas refletindo a luz do Sol – sem nenhuma fase crescente ou decrescente já que, na perspectiva de Mercúrio, nenhum astro faz sombra nelas.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Sonda Voyager encontra região “inesperada” na fronteira do sistema solar

Já faz alguns anos que a sonda espacial Voyager 1 começou a se aproximar da fronteira do sistema solar e, contrariando as previsões feitas pela maioria dos cientistas, ainda não ultrapassou a “borda”.

Dentro dos limites do sistema, o ambiente é dominado pelo campo magnético solar e por partículas carregadas lançadas por ele (fenômeno conhecido como “vento solar”). Fora dessa região, porém, há um fluxo de partículas próprio do espaço interestelar (refletido pelo campo magnético do sol), e também um campo magnético com orientação diferente.
O que os astrônomos imaginavam era que, quando a Voyager 1 alcançasse o “limite” do sistema solar, registraria uma clara alteração no ambiente ao deixar para trás o campo magnético do sol: este, devido a forças do espaço interestelar, mudaria de direção, e a sonda detectaria raios cósmicos de baixa energia (um indício do “lado de fora”).
O que a Voyager 1 registrou há alguns anos, porém, foi uma redução da velocidade do campo magnético solar e uma ausência de raios cósmicos. Contudo, em 2012 a situação começou a mudar: no final de julho, foi registrada uma queda na quantidade de partículas emitidas pelo sol e uma elevação na presença de raios cósmicos; alguns dias depois, o cenário se inverteu e, em 28 de agosto, mudou para valer, com mil vezes menos partículas emitidas pelo sol e uma quantidade crescente de raios cósmicos.
Essa mudança estava no roteiro. Um fenômeno, porém, ainda intriga os cientistas: a orientação do campo magnético solar praticamente não mudou, mesmo com as outras alterações. Os responsáveis pela missão da Voyager 1 suspeitam que a sonda entrou em uma região que não estava prevista na viagem, em que o campo magnético solar e o interestelar se ligam e permitem um fluxo de mão dupla (partículas solares escapam mais rapidamente, enquanto raios cósmicos podem entrar no sistema). A maioria dos modelos do sistema solar não prevê esse fenômeno, e mesmo aqueles que o fazem consideram que ele ocorreria apenas em determinadas fases do ciclo solar.

Veja material presente na sonda: http://goldenrecord.org/

Fonte: HypeScience

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Curiosity encontra pistas sobre existência de vida em Marte

A sonda Curiosity, da Nasa, encontrou evidências perturbadoras de que teria existido vida no passado de Marte, mas os cientistas alertaram nesta segunda-feira que ainda é muito cedo para realizar as primeiras análises de solo coletado.

 
Os instrumentos de análises de amostras (SAM, em inglês) da Nasa têm enviado informações à Terra enquanto busca compostos como metano, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, elementos químicos que compõem a vida.
Os cientistas ficaram animados ao detectar compostos orgânicos simples no solo coletado em uma duna, mas alertaram que os traços de carbono poderiam ter sido transportados por meteoritos ou inclusive por partículas que os instrumentos tocaram antes de partir da Terra.
"Eles esperam encontrar mais evidências de compostos orgânicos à medida que a Curiosity avançar através das areias estéreis e carreadas pelo vento de Rocknest rumo ao monte Sharp, em busca de um bom lugar para começar a cavar mais fundo", acrescentou.
"Não é inesperado que esta pilha de areia não seja rica em matéria orgânica. Tem sido exposta ao duro ambiente marciano", explicou Paul Mahaffy, principal pesquisador encarregado dos instrumentos de análises de amostras do Curiosity.
"Será uma busca excitante por ambientes remotos que possam estar protegidos deste duro ambiente superficial", acrescentaram. Os instrumentos capturaram imagens impressionantes da areia retirada da duna, que um dos cientistas descreveu como mais áspera do que farinha e mais fina do que açúcar.
O Curiosity também conseguiu analisar cristais e outros materiais encontrados na areia. Ao aquecer as amostras, eles também conseguiram detectar uma quantidade significativa de água na areia, junto com algum dióxido de carbono, oxigênio e dióxido de enxofre.
"A sonda Curiosity é como um laboratório do CSI sobre rodas", comparou Michael Meyer, principal cientista do Mars Exploration Program, da Nasa, durante entrevista coletiva.
"Estes resultados oferecem uma visão sem precedentes da diversidade química da área que é representativa do resto do planeta", acrescentou. Cientistas não esperam que a Curiosity encontre homenzinhos verdes ou criaturas vivas, mas contam em usá-lo para analisar o solo e as rochas do planeta vermelho em busca de vestígios de que os compostos químicos estão presentes e podem ter sustentado vida no passado.
O robô, de US$ 2,5 bilhões, que pousou na Cratera Gale em 6 de agosto, também visa a estudar o meio ambiente marciano para preparar uma possível missão ao planeta nos próximos anos. O presidente americano, Barack Obama, prometeu enviar humanos a Marte até 2030.

 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Anãs marrons podem ter planetas rochosos

Astrônomos descobriram pela primeira vez que a região exterior de um disco de poeira em torno de uma anã marrom, contém grãos sólidos com tamanhos da ordem de milímetros, comparáveis aos encontrados em discos mais densos situados em torno de estrelas recém nascidas.


© ESO (ilustração do disco de gás e poeira em torno de anã marrom)
Esta descoberta surpreendente desafia as teorias de formação dos planetas rochosos do tipo terrestre e sugere que os planetas rochosos podem ser ainda mais comuns no Universo.
Pensa-se que os planetas rochosos se formam a partir de colisões aleatórias e fusão do que são, inicialmente, partículas microscópicas situadas no disco de material em torno de uma estrela. Estes grãos minúsculos, conhecidos como poeira cósmica, são muito semelhantes a fuligem ou areia muito finas. No entanto, nas regiões exteriores em torno de uma anã marrom - um objeto do tipo estelar, mas demasiado pequeno para brilhar como uma estrela - os astrônomos esperavam que os grãos de poeira não pudessem crescer, já que os discos são bastante esparsos e as partículas se deslocariam muito depressa para se poderem fundir após uma colisão. Igualmente, as teorias principais dizem que quaisquer grãos que se consigam formar devem mover-se muito depressa na direção da anã marrom central, desaparecendo assim das regiões mais exteriores do disco, onde poderiam ser detectados.
"Ficamos muito surpreendidos ao encontrar grãos de poeira do tamanho do milímetro neste disco pequeno e fino," disse Luca Ricci, do California Institute of Technology, EUA, que liderou a equipe de astrônomos, sediados nos Estados Unidos, Europa e Chile. "Grãos sólidos deste tamanho não deveriam ser capazes de se formar nas regiões exteriores frias de um disco em torno de uma anã marrom, mas aparentemente é o que está acontecendo. Não podemos ter a certeza que um planeta rochoso se forme neste local, ou até que já se tenha formado, mas estamos vendo os primeiros passos deste fenômeno, e por isso mesmo teremos que alterar as nossas suposições sobre as condições necessárias ao crescimento de sólidos," disse ele.
A elevada resolução do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) comparada com os telescópios anteriores, permitiu também à equipe localizar monóxido de carbono gasoso em torno da anã marrom - é a primeira vez que gás molecular frio é detectado num tal disco. Esta descoberta, juntamente com a dos grãos milimétricos, sugere que o disco é muito mais parecido aos discos que se encontram em torno de estrelas jovens do que o suposto anteriormente.
Ricci e colegas fizeram esta descoberta com o auxílio do telescópio ALMA parcialmente completo, situado no deserto chileno a elevada altitude. O ALMA é uma coleção, em crescimento, de antenas de alta precisão, em forma de prato, que trabalham em conjunto, como se fosse um único telescópio, para observar o Universo com imenso detalhe e sensibilidade. O ALMA "vê" o Universo na radiação milimétrica, a qual é invisível ao olho humano. Prevê-se que a construção do ALMA esteja terminada em 2013, mas os astrônomos observam já utilizando uma rede parcial de antenas ALMA, desde 2011.


© ESO (localização da anã marron ISO-Oph 102)
Os astrônomos apontaram o ALMA à jovem anã marrom ISO-Oph 102, também conhecida como Rho-Oph 102, situada na região de formação estelar Rho Ophiuchi, na constelação do Serpentário. Com cerca de 60 vezes a massa de Júpiter mas apenas 0,06 a do Sol, a anã marrom não tem massa suficiente para iniciar as reações termonucleares que fazem brilhar as estrelas. No entanto, emite calor libertado pela sua lenta  contração gravitacional e brilha com uma cor avermelhada, embora seja muito menos brilhante que uma estrela.
O ALMA coletou a radiação nos comprimentos de onda do milímetro, emitida pelo material do disco aquecido pela anã marrom. Os grãos de poeira do disco não emitem muita radiação a comprimentos de onda maiores que o seu próprio tamanho, por isso um decréscimo caraterístico no brilho pode ser medido a comprimentos de onda maiores. O ALMA é o instrumento ideal para medir este decréscimo e deste modo estimar o tamanho dos grãos. Os astrônomos compararam o brilho do disco nos comprimentos de onda de 0,89 mm e 3,2 mm. O decréscimo em brilho de 0,89 mm para 3,2 mm não é tão abrupto quanto se esperava, mostrando que, pelo menos, alguns dos grãos têm um milímetro ou mais de tamanho.
"O ALMA é uma ferramenta poderosa para investigar os mistérios dos sistemas planetários em formação," comentou Leonardo Testi do ESO, um membro da equipe. "Para fazer esta observação com a geração anterior de telescópios, teríamos que ter observado durante praticamente um mês inteiro - o que na prática seria demasiado longo. Mas, utilizando apenas um quarto das antenas do ALMA, pudemos fazer a observação em menos de uma hora!" disse ele.
No futuro próximo, o telescópio ALMA completo será suficientemente poderoso para obter imagens detalhadas dos discos em torno da Rho-Oph 102 e outros objetos. Ricci explicou, "Poderemos brevemente detectar, não apenas a presença de pequenas partículas nos discos, mas também mapear como é que elas se distribuem no disco circunstelar e como é que interagem com o gás que também detectamos no disco, o que nos ajudará a compreender melhor como é que os planetas se formam."
O estudo publicado na revista especializada Astrophysical Journal Letters.

Fonte: ESO