terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Enxergando a sombra de um buraco negro

Um projeto que está agrupando imagens do centro da Via Láctea obtidas por mais de 70 telescópios ao redor do mundo estima que em 2015 terá capacidade para atingir um feito sem precedentes: observar um buraco negro.


© MIT (ilustração de um buraco negro e seu horizonte de eventos)


Batizado de Event Horizon Telescope, o plano começou a ser posto em prática em 2007 ainda sem perspectiva de quando essa meta poderia ser atingida. Foi num encontro no Arizona, na semana passada, que astrônomos se deram conta de que o objetivo não está longe.
A meta dos cientistas é fotografar o buraco negro gigante, que provavelmente exista no centro da nossa galáxia, em Sagitarius A.
O movimento da matéria superaquecida nessa região leva a crer que ela abriga um objeto desses, com uma massa de 4 milhões de vezes a do Sol. Essa matéria tumultuada no centro da galáxia, porém, é difícil de ver.
A única maneira prática para se observar o núcleo da Via Láctea, na verdade, é com telescópios que detectam ondas de rádio, em vez de luz comum.
Como elas possuem uma frequência muito menor, atravessam concentrações de matéria com mais facilidade e chegam até a periferia da galáxia, onde fica a Terra.
Um único radiotelescópio, porém, não conseguiria ver tão distante. "Seria como tentar observar uma laranja na superfície da Lua", diz Dan Marrone, da Universidade do Arizona, um dos coordenadores do projeto.
A ideia, então, é agrupar dados de 11 arranjos diferentes de radiotelescópios no Chile, na Califórnia, no Havaí, na Espanha, no México, na França e no Arizona.
Juntos, eles conseguirão ter sensibilidade suficiente para enxergar a sombra do "horizonte de eventos" do buraco negro, a região onde ele começa a engolir a luz.
"Os primeiros dados, com parte dos telescópios, sugerem que há no centro da galáxia uma estrutura menor do que pensávamos. Ainda assim, é grande o suficiente para que o projeto consiga vê-la no futuro", diz Marrone.

Fonte: Daily Galaxy

Antimatéria pesa mais ou menos do que a matéria?

Queda da anti-maçã

Será que a antimatéria pesa o mesmo que a matéria?
De maneira mais geral, como será que a antimatéria se comporta em relação à gravidade?
Dois corpos de antimatéria atrair-se-ão um ao outro, como dois corpos de matéria, ou será que eles apresentarão uma espécie de anti-gravidade, repelindo-se mutuamente?
Os cientistas estão próximos de responder a estas perguntas.
David Cassidy e Allen Mills, da Universidade da Califórnia, estão quase prontos para fazer uma espécie de versão da antimatéria da alegórica experiência de Newton com a queda da maçã.
Como não existe uma anti-maçã, ele farão seu experimento usando átomos de positrônio.

Átomo de antimatéria

O positrônio é um átomo exótico, feito de matéria e de antimatéria: um elétron e um pósitron (anti-elétron) ligados um ao outro, mas sem um núcleo.
O pósitron é a antimatéria do elétron, tendo a mesma massa, mas com uma carga positiva. Se um pósitron se encontra com um elétron, os dois se aniquilam, emitindo dois fótons de raios gamas.
O que os dois físicos fizeram foi separar ligeiramente o pósitron do elétron em um átomo de positrônio, de forma que essa partícula instável possa resistir à aniquilação por um tempo suficiente para seja possível fazer experiências com ele.
"Usando lasers, nós excitamos o positrônio para aquilo que é conhecido como estado de Rydberg, que torna muito fraca a coesão do átomo, com o elétron e o pósitron muito distantes um do outro," explica Cassidy.
Isso evita que os dois se destruam, dando tempo para que os cientistas façam os experimentos para estudar o comportamento da antimatéria em relação à gravidade.

Gravidade e antimatéria

No estado de Rydberg, o tempo de vida do positrônio aumenta por um fator que varia de 10 a 100.
Mas isto ainda não é suficiente - os cientistas acreditam precisar de um fator de 10.000.
"Agora nós pretendemos usar essa técnica para dar um elevado momento angular para os átomos de Rydberg. Isso tornará ainda mais difícil para que os átomos decaiam, e eles poderão viver por até 10 milissegundos," explica Cassidy.
E a dupla está entusiasmada: eles afirmam que alcançarão isto "no futuro próximo", eventualmente até o meio deste ano.
Então, eles poderão finalmente testar a influência da gravidade sobre a antimatéria, o que será feito observando o movimento do pósitron para ver se a gravidade está curvando esse movimento.

Chocante

"Se nós descobrirmos que a antimatéria e a matéria não se comportam da mesma forma, será algo muito chocante para o mundo da física," diz o cientista.
A física atual considera que matéria e antimatéria se comportam basicamente do mesmo jeito.
"Esse pressuposto leva à consideração de que as duas deveriam ter sido criadas em quantidades iguais no Big Bang. Mas nós não vemos muita antimatéria no Universo," diz Cassidy.
Se a matéria atrai a antimatéria, então o Universo poderia ter desaparecido em um flash de raios gama logo depois de sua criação. Mas se a antimatéria "cai para cima", ou seja, se possui uma anti-gravidade, algo diferente poderia ter acontecido.
Ou seja, um comportamento desigual entre matéria e antimatéria poderia ser muito chocante, mas também poderia abrir caminhos para explicar a inexistência da antimatéria no Universo atual.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Telescópio Kepler encontra 11 sistemas planetários e 26 exoplanetas

Abundância planetária

O telescópio espacial Kepler, da NASA, descobriu 11 novos sistemas planetários, que hospedam 26 exoplanetas confirmados.
A descoberta praticamente dobra o número de planetas extrassolares já confirmados e triplica o número de estrelas conhecidas por ter mais de um planeta que transita, ou passa em frente, à estrela.
Cada um dos novos sistemas planetários confirmados contém de 2 a 5 planetas.
Os planetas orbitam perto de suas estrelas hospedeiras e variam em tamanho de 1,5 vez o raio da Terra até maiores do que Júpiter.
Quinze deles ficam entre as dimensões da Terra e de Netuno.
"Em apenas dois anos, olhando para um pedaço de céu não muito maior do que seu punho, o Kepler descobriu mais de 60 planetas e mais de 2.300 candidatos a planetas. Isto nos diz que a nossa galáxia é positivamente repleta de planetas de todos os tamanhos e órbitas," disse Doug Hudgins, cientista-chefe do programa Kepler.

Procurando sombras
Os exoplanetas têm períodos orbitais entre 6 e 143 dias.
Todos estão mais próximos de sua estrela hospedeira do que Vênus está do nosso Sol, ou seja, fora da zona habitável.
O telescópio Kepler identifica candidatos a planeta medindo repetidamente a variação de luminosidade de mais de 150.000 estrelas, para detectar quando um planeta eventualmente passa na frente de uma delas.
Essa passagem cria uma pequena sombra na estrela, que é detectada comparando-se as diversas observações da mesma estrela.

A nuvem molecular Barnard 68

Para onde foram todas as estelas? O que causou o que pode ser considerado como um buraco no céu é agora conhecido pelos astrônomos como um nuvem molecular escura.


© ESO (nuvem molecular Barnard 68)

Aqui, a alta concentração de poeira e gás molecular absorve praticamente toda a luz visível emitida pelas estrelas de fundo. O em torno estranhamente escuro ajuda a fazer do interior das nuvens moleculares alguns dos locais mais frios e isolados no universo. Uma dessas nebulosas de absorção escuras mais notável é uma nuvem que fica na direção da constelação de Ophiucus e é conhecida como Barnard 68 e pode ser vista na imagem acima. 
Não existem estrelas visíveis em seu centro indicando que a Barnard 68 é relativamente próxima, localizando-se a aproximadamente 500 anos-luz de distância e tendo meio ano-luz de largura. Não se sabe exatamente como as nuvens moleculares como  a Barnard 68 se formam, mas sabe-se que essas nuvens são por si só locais muito favoráveis para o nascimento de novas estrelas. De fato, a Barnard 68 por si só tem sido especulada como sendo uma nuvem que irá provavelmente colapsar e formar um novo sistema planetário. Isso pode ser observado na imagem em infravermelho apresentada a seguir.

© ESO (Barnard 68 em infravermelho)

Fonte: NASA

A supernova SN 2012A e a galáxia NGC 3239

Com aproximadamente 40.000 anos-luz de diâmetro, a bela e irregular galáxia NGC 3239 localiza-se perto do centro desse campo repleto de galáxias na constelação do Leão.


© Adam Block (NGC 3239 e SN 2012A)

A uma distância de 25 milhões de anos-luz, ela domina a imagem acima, mostrando estruturas arranjadas de forma peculiar, jovens aglomerados estelares azuis e regiões de formação de estrelas, sugerindo que a NGC 3239, também conhecida como ARP 263 é o resultado de um processo de fusão entre galáxias. Aparecendo perto do topo da bela galáxia está uma brilhante estrela pertencente à Via Láctea que aparece em primeiro plano, quase que diretamente alinhada com o nosso ângulo de visão da NGC 3239. A NGC 3239 ainda é notável por hospedar a primeira supernova identificada em 2012, designada de SN 2012A. 
Ela foi descoberta no começo do mês de janeiro pelos caçadores de supernovas Bob Moore, Jack Newton e Tim Puckett. Indicada pelas setas em vermelho na imagem, a supernova SN 2012A está um pouco abaixo e a direita da brilhante estrela de primeiro plano. Claro que com base no tempo de viagem da luz oriunda da NGC 3239, a explosão da supernova ocorreu a 25 milhões de anos atrás, disparada pelo colapso do núcleo de uma estrela massiva.

Fonte: NASA

sábado, 28 de janeiro de 2012

Nave russa Progress é lançada rumo à estação espacial



A nave espacial russa Progress M-14M foi lançada na noite desta quarta-feira (25) da base de Baikonur, no Cazaquistão, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), anunciou o Centro de Controle de vôos espaciais (TSOUP).
A nave foi lançada às 21h06, no horário de Brasília, com uma carga de cerca de 2,6 toneladas, composta principalmente por água e combustível, informou o centro, citado por agências russas.
Sua chegada à Estação Espacial Internacional - que fica a 350 km de distância da Terra - está prevista para o dia 28 de janeiro.
Seis homens estão a bordo da ISS no momento, três russos, dois americanos e um holandês.
O ano de 2011 foi marcado por diversos fracassos para a indústria espacial, com cinco lançamentos falhados.
Em outubro, investigações apontaram "negligências" na manutenção das naves.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Nasa mostra foto da Terra em alta definição

Robô Opportunity completa 8 anos de missão em Marte

O que era para ser uma missão de três meses se transformou em uma que já dura oito anos em Marte, onde o robô explorador Opportunity perdeu seu gêmeo Spirit, mas após grandes descobertas no Planeta Vermelho. O Opportunity aterrissou na cratera marciana de Eagle no dia 25 de janeiro de 2004, três semanas após o Spirit, que aterrissou do outro lado do planeta, na busca de sinais de água.
A Eagle, uma cratera que tem o tamanho do quintal de uma casa, foi onde o veículo explorador encontrou evidências de um ambiente úmido no passado. Embora a Nasa tenha planejado a missão originalmente para três meses, os robôs continuaram transmitindo fotografias e dados do Planta Vermelho.
Durante a maior parte dos quatro anos seguintes, o Opportunity explorou crateras cada vez maiores e mais profundas, agregando evidências de períodos úmidos e secos da mesma época que os sedimentos achados na cratera Eagle.
Em meados de 2008, os pesquisadores deram novas instruções ao robô, que tomou rumo desde a cratera Victoria, de aproximadamente 800 metros, em direção à cratera Endeavour, de 22 quilômetros, algo que para os cientistas da Nasa foi como começar uma nova missão pela riqueza de dados obtidos.
"A Endeavour é uma janela a mais no passado de Marte", assinalou John Callas, diretor do programa de Robôs Exploradores de Marte do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena (Califórnia) em comunicado por ocasião do aniversário desta quarta-feira.
A viagem até Endeavour durou três anos e, para chegar até o objetivo, o Opportunity percorreu sobre o Planeta Vermelho 7,7 km durante o último ano, mais que em qualquer ano anterior, que, somados ao resto, fazem um total de 34,4 km.
Desde agosto, o Opportunity trabalha no Cabo de York, segmento da beira do Endeavour, onde teve acesso aos depósitos geológicos de um período anterior da história de Marte a qualquer dos examinados durante seus primeiros sete anos.
Os especialistas indicam que a mudança de rumo valeu a pena: "é como começar uma nova missão", disse Callas. Em meio a esta bem-sucedida história, o Opportunity perdeu seu irmão gêmeo, cujas rodas atolaram nas areias marcianas. Apesar das tentativas da Nasa para salvá-lo, o Spirit perdeu contato com a Terra em março de 2010.
Em novembro do ano passado, a Nasa lançou a nova geração de robôs exploradores com o Curiosity, que leva em seu interior o Laboratório Científico de Marte (MSL), com dez instrumentos para buscar provas de um ambiente propício à vida microbiana, inclusive os ingredientes químicos da vida.

Formação estelar intensa travada abruptamente por buracos negros

Utilizando o telescópio APEX, uma equipe de astrônomos descobriu a melhor relação encontrada até hoje entre os mais intensos episódios de formação estelar no Universo primordial e as galáxias de maior massa que se observam atualmente.


© ESO/APEX (formação de estrelas em galáxias distantes)

As galáxias, em pleno crescimento devido a fortes episódios de formação estelar no Universo primitivo, viram o nascimento de novas estrelas parar abruptamente, deixando-as como galáxias de elevada massa, mas passivas, com estrelas envelhecidas no Universo atual. Os astrônomos pensam ter encontrado o provável responsável desta súbita parada na formação estelar: o surgimento de buracos negros supermassivos.
Os astrônomos combinaram observações da câmera LABOCA, instalada no telescópio APEX (Atacama Pathfinder Experiment) de 12 metros, operado pelo ESO, com medições feitas com o VLT (Very Large Telescope) também do ESO, o telescópio espacial Spitzer da NASA e outros, para observar como é que galáxias brilhantes e muito distantes se juntam para formar grupos e aglomerados.

Quanto mais compacto é o grupo ou aglomerado de galáxias, mais massa têm os seus halos de matéria escura - o material invisível que compõe a maior parte da massa da galáxia. Os novos resultados obtidos são as medições mais precisas que temos sobre o modo de formação de aglomerados para este tipo de galáxias.
As galáxias estão tão distantes que a sua luz demorou cerca de dez bilhões de anos para chegar até à Terra, por isso são observadas tal como eram há cerca de dez bilhões de anos atrás. Nesta imagem do Universo primordial na região da Constelação Fornax as galáxias estão sujeitas ao tipo de formação estelar mais intensa que se conhece, a chamada formação estelar explosiva.

Ao medir as massas dos halos de matéria escura em torno das galáxias e utilizando simulações de computador para estudar como é que estes halos crescem com o tempo foi possível descobrir que estas galáxias distantes com formação explosiva de estrelas no cosmos primitivo transformam-se eventualmente em galáxias elípticas gigantes - as galáxias de maior massa existentes no Universo atual.
“Esta é a primeira vez que conseguimos mostrar de maneira clara a relação que existe entre as galáxias mais energéticas que apresentam formação estelar explosiva no Universo primordial e as galáxias de maior massa presentes no Universo atual,” explica Ryan Hickox (Darthmouth College, EUA e Durham University, RU), o cientista que lidera a equipe.

Adicionalmente, as novas observações indicam que a formação estelar explosiva nestas galáxias distantes durou meros 100 milhões de anos - um tempo muito curto em termos cosmológicos - no entanto, durante este breve período, a quantidade de estrelas nas galáxias duplicou. A parada abrupta deste crescimento tão rápido corresponde a outro episódio na história das galáxias, o qual não se compreende ainda muito bem.
“Sabemos que as galáxias elípticas de elevada massa pararam de produzir estrelas de modo súbito há muito tempo atrás, encontrando-se agora bastante passivas. Os cientistas tentam imaginar o que poderia ser suficientemente poderoso para conseguir desligar a formação estelar explosiva duma galáxia inteira,” diz Julie Wardlow (University of California, Irvine, EUA e Durham University, RU), um membro da equipe.

Os resultados da equipe apontam para uma possível explicação: nessa fase da história do cosmos, as galáxias com formação estelar explosiva aglomeram-se de modo muito semelhante aos quasares, o que indica que estes últimos são encontrados nos mesmos halos de matéria escura. Os quasares estão entre os objetos mais energéticos do Universo - faróis galácticos que emitem intensa radiação, alimentados por um buraco negro supermassivo situado nos seus centros.

Existem cada vez mais evidências que sugerem que a formação estelar explosiva intensa alimenta também o quasar, com enormes quantidades de matéria a serem sugadas pelo buraco negro. O quasar, por sua vez, emite enormes quantidades de energia que provavelmente limparão o restante do gás da galáxia - a matéria prima necessária à formação de novas estrelas - travando assim de maneira eficaz a fase de formação estelar.
“Em poucas palavras, a intensa formação estelar dos dias de glória das galáxias acabou também por ser a sua perdição ao alimentar os buracos negros nos seus centros, os quais rapidamente limpam ou destroem as nuvens de formação estelar,” explica David Alexander (Durham University, RU), um membro da equipe.

Fonte: ESO

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Cruz de Einstein

A imagem a seguir feita pelo telescópio espacial Hubble sugere que a galáxia conhecida como UZC J224030.2+032131 tem cinco diferentes núcleos!


© Hubble (Cruz de Einstein)

Porém, o núcleo da galáxia é somente o objeto mais apagado e difuso no centro da estrutura em forma de cruz formada por quatro outros pontos, que são na verdade imagens de um quasar distante localizado em segundo plano com relação à galáxia.

A essa combinação de objetos que na verdade tem uma galáxia e uma miragem de um quasar, se dá o nome de Cruz de Einstein, e nada mais é do que a confirmação visual da Teoria Geral da Relatividade. Esse é um dos melhores exemplos do fenômeno conhecido como lente gravitacional, ou seja, a inclinação da luz pela gravidade como previsto por Einstein no início do século passado. Nesse caso, a poderosa gravidade da galáxia age como uma lente distorcendo e amplificando a luz do quasar situado atrás dela, produzindo quatro imagens do distante objeto.

O quasar está a uma distância aproximada de 11 bilhões de anos-luz na direção da constelação de Pegasus, enquanto que a galáxia que funciona como a lente está aproximadamente 10 vezes mais perto. O alinhamento entre os dois objetos é impressionante, dentro de 0.05 arcos de segundo, e principalmente esse alinhamento é o responsável para que esse tipo de lente gravitacional seja observada.
Essa imagem é provavelmente a mais nítida já feita da Cruz de Einstein e foi produzida pela Wide Field and Planetary Camera 2 do Hubble. O campo de visão da imagem é de 26 por 26 arcos de segundo.


Fonte: ESA

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sol lança forte tempestade geomagnética sobre a Terra

Radiação começou a chegar à Terra uma hora após a erupção solar (Foto: Divulgação/NOAA)

A tempestade geomagnética mais forte em mais de seis anos deve atingir a Terra na terça-feira, e pode afetar as rotas aéreas, redes de energia e satélites, disse o Centro de Previsão Meteorológica Espacial dos Estados Unidos.

A ejeção de massa coronal - uma grande parte da atmosfera do Sol - foi lançada em direção à Terra no domingo, conduzindo partículas solares energizadas a cerca de 2.000 quilômetros por segundo, cerca de cinco vezes mais rápido do que costumam viajar as partículas solares, disse Terry Onsager, do Centro.
"Quando nos atingir será como um grande aríete que empurra o campo magnético da Terra", disse Onsager, de Boulder, no Colorado. "Essa energia faz com que o campo magnético da Terra flutue".
Essa energia também pode interferir em comunicações de alta frequência de rádio, usadas pelas empresas aéreas para navegar próximo ao Polo Norte em voos entre a América do Norte, Europa e Ásia, portanto algumas rotas podem ser mudadas, disse Onsager.

Também pode afetar redes de energia e operações por satélite, disse o Centro em um comunicado. Astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional podem ser aconselhados a buscar abrigo em partes específicas da aeronave para evitar uma dose solar reforçada de radiação, disse Onsager.
O Centro de Meteorologia Espacial disse que a intensidade da tempestade geomagnética seria provavelmente moderada ou forte, nos níveis dois e três de uma escala de cinco níveis, sendo o cinco o mais extremo.

Redemoinhos numa galáxia espiral barrada

A imagem abaixo mostra a forma de roda da galáxia NGC 2217, na constelação de Canis Major (Cão Maior).

© ESO (galáxia NGC 2217)

Na região central da galáxia está uma barra constituída de estrelas dentro de um anel oval. Mais adiante, um conjunto de braços espirais formam um anel circular ao redor da galáxia. A NGC 2217 é, portanto, classificada como uma galáxia espiral barrada, e sua aparência circular indica que a vemos quase de frente.
Os braços espirais exteriores têm uma cor azulada, indicando a presença estrelas jovens, luminosas e quentes, nascidas fora das nuvens de gás interestelar. O bojo central e barra apresentam uma aparência amarelada, devido à presença de estrelas mais velhas. Estrias escuras também podem ser vistas em alguns locais dos braços da galáxia e do bojo central, onde a poeira cósmica bloquea algumas das estrelas.

A maioria das galáxias espirais no Universo local - incluindo a nossa Via Láctea - paracem ter uma barra de algum tipo, e estas estruturas desempenham um papel importante no desenvolvimento de uma galáxia. Elas podem, por exemplo, canalizar o gás em direção ao centro da galáxia, ajudando no abastecimento de um buraco negro central, ou para formar novas estrelas.

Fonte: ESO

sábado, 21 de janeiro de 2012

Exoluas podem ser comuns no Universo

Segundo um novo estudo, cerca de um a cada dez planetas rochosos que ficam em torno de estrelas como o nosso Sol pode hospedar uma lua proporcionalmente tão grande quanto à da Terra.


 © SPL (impacto de uma exolua com um exoplaneta)

Antes, os cientistas achavam que a nossa lua era desproporcionalmente grande (mais de um quarto do diâmetro da Terra), e que isso era raro. Agora, através de simulações computacionais de formação de planetas, os pesquisadores mostraram que os impactos grandiosos que resultaram na nossa Lua podem ser na verdade comuns.

Os cientistas criaram uma série de simulações para observar como os planetas se formam a partir de gases e pedaços de rocha, chamados planetesimais.

A teoria mais comum é de que nossa Lua se formou no início da história da Terra, quando um planeta do tamanho de Marte se chocou conosco, resultando em um disco de material fundido que rodeia a Terra (eventualmente esse material se uniu para formar a Lua como a conhecemos).

A equipe usou os resultados do estudo inicial para descobrir a probabilidade de eventos de grande impacto formarem grandes satélites da mesma forma. Os resultados mostram que há uma probabilidade de 8,33% de gerar um sistema composto por um planeta com mais da metade da massa da Terra e uma lua com mais da metade da nossa Lua.

Os resultados também podem ajudar a identificar outros planetas favoráveis à vida. Sebastian Elser, da Universidade de Zurique, disse que as novas estimativas para a probabilidade de satélites como a Lua poderiam ser úteis na procura de planetas fora do Sistema Solar. Essas grandes luas podem confundir as medidas na descoberta de planetas; sabendo que os satélites de grande porte podem ser comuns essas medições tornam-se mais favoráveis.

Além disso, a nossa Lua estabiliza a sua obliquidade, ou seja, a inclinação do eixo da Terra, que poderia variar drasticamente em tempos relativamente curtos, que por sua vez causaria mudanças na forma como o calor do Sol é distribuído em todo o planeta.

Portanto, a presença da Lua proporciona um ambiente mais estável em que a vida possa evoluir.
Já o especialista em formação de planetas Eiichiro Kokubo alerta que devemos tomar cuidado com o novo estudo. Segundo ele, há vários parâmetros ainda desconhecidos que afetam grandemente a formação e evolução lunar e, consequentemente, a probabilidade de um planeta hospedar uma grande lua.

Por exemplo, ainda é impossível colocar números nos efeitos de um planeta antes do impacto, ou como o disco de material é formado e evolui depois desse impacto. “Eu acho que devemos assumir o estudo como uma possível ideia, um cálculo com base no que sabemos sobre a formação de planetas terrestres e luas atualmente”, explica Kobuko.

Fonte: Scientific American

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Russia wants to build manned base on surface of the moon

Russia is talking to NASA and the European Space Agency about building manned research colonies on the moon, according to Russian news reports.
Russia's Federal Space Agency, known as Roscosmos, is also consulting with NASA and ESA about the possibility of placing manned space stations in lunar orbit, Russian news agency Ria Novosti reported Thursday.
A growing body of research supports the supposition that humanity can live for extended periods of time on or around the moon, Russian space agency chief Vladimir Popovkin said.
"Today, we know enough about it, we know that there is water in its polar areas," Popovkin told the Vesti FM radio station Thursday, according to Ria Novosti. Popovkin added that "we are now discussing how to begin (the moon’s) exploration with NASA and the European Space Agency."
Russian space officials have already begun investigating a "prospective manned transportation system" to the moon, Popovkin said.
An effort to put boots on the lunar ground would complement Russia's existing robotic moon exploration plans. The nation hopes to send two unmanned missions, called Luna-Glob and Luna-Resource, to the moon by 2020, according to the reports.

Spaceflight cooperation A partnership between Russia, NASA and ESA on a big human spaceflight project is not unprecedented; the three agencies have been working together for more than a decade to build and operate the International Space Station. And they're in active discussions — along with a handful of other space agencies — about how humanity should best explore outer space.

In his latest comments about moon bases, Popovkin may be referencing these broad, overarching conversations, NASA officials said.
"We believe Popovkin may be referring to the work of the International Space Exploration Coordination Group (ISECG) and its Global Exploration Roadmap," NASA spokesman J.D. Harrington told Space.com in an email. "NASA has been meeting with senior managers from Russia and nine other space agencies to advance coordinated space exploration. The ISECG, as this group is called, has developed a long-range human exploration strategy over the past year."
The Global Exploration Roadmap begins with the space station and then expands human presence out into the solar system, leading ultimately to human exploration of the Martian surface, Harrington added. The roadmap identifies two possible pathways to Mars — going to an asteroid first, or going to the moon first.
"Both pathways were deemed practical approaches addressing common high-level exploration goals developed by the participating agencies, recognizing that individual preferences among participating space agencies may vary regarding these pathways," Harrington said.

A tough year for Russian spaceflight Russia may have caused some strain in its international partnerships in the wake of the failure of the country's Phobos-Grunt Mars probe, which crashed to Earth Sunday.
The $165 million spacecraft got stuck in Earth orbit shortly after its Nov. 8 launch, when Phobos-Grunt's thrusters failed to fire as planned to send it toward the Red Planet. Roscosmos officials still aren't sure what caused the malfunction, but they speculated last week that some sort of sabotage may be responsible.
Then, this week, some Russian space officials said that strong emissions from a United States radar station in the Marshall Islands may have accidentally brought Phobos-Grunt down. Outside experts regard that scenario as highly unlikely.
Phobos-Grunt was just one of five high-profile failures for the Russian space program in 2011. The country also suffered three botched satellite launches and the crash of the unmanned Progress 44 supply ship, which was delivering cargo to the space station.
The Progress 44 mishap was caused by a problem in the third-stage engine of its Soyuz rocket. Russia uses a similar version of the Soyuz to launch astronauts to the space station, so flights to the orbiting outpost were grounded temporarily this autumn until the problem was identified and fixed.

Novas cores da Nebulosa da Hélice

O telescópio VISTA do ESO instalado no Observatório do Paranal no Chile, obteve a bela imagem abaixo da Nebulosa da Hélice.

© ESO (Nebulosa da Hélice)

Esta fotografia tirada no infravermelho revela filamentos de gás frio nebular, que seriam invisíveis em imagens obtidas no óptico, ao mesmo tempo que nos mostra um fundo rico em estrelas e galáxias.

A Nebulosa da Hélice é um dos mais próximos e interessantes exemplos de nebulosas planetárias. As nebulosas planetárias não têm nenhuma relação com planetas. Este nome confuso apareceu porque muitas delas apresentam pequenos discos brilhantes quando observadas no visível, parecendo por isso os planetas exteriores do Sistema Solar, tais como Urano e Netuno. A Nebulosa da Hélice, que também tem o número de catálogo NGC 7293, é incomum porque aparece muito grande mas também muito tênue quando observada através de um pequeno telescópio.

A Nebulosa da Hélice  situa-se na constelação do Aquário, a cerca de 700 anos-luz de distância. Este estranho objeto formou-se quando uma estrela como o Sol se encontrava na fase final da sua vida. Incapaz de manter as camadas exteriores, a estrela libertou lentamente conchas de gás que formaram a nebulosa, transformar-se agora numa anã branca, que se observa no centro da imagem como um pequeno ponto azul .
A nebulosa propriamente dita é um objeto complexo composto de poeira, material ionizado e gás molecular, dispostos num belo e intricado padrão em forma de flor, que brilha intensamente devido à radiação ultravioleta emitida pela estrela quente central.

O anel principal da Hélice tem cerca de dois anos-luz de diâmetro, o que corresponde a cerca de metade da distância entre o Sol e a estrela mais próxima. No entanto, material da nebulosa expande-se desde a estrela até pelo menos quatro anos-luz, o que se vê particularmente bem nesta imagem infravermelha, uma vez que o gás molecular vermelho pode ser observado em praticamente toda a imagem.
Embora difícil de observar no visível, o brilho emitido pelo gás da nebulosa, que se expande em camadas finas tênues, é facilmente captado pelos detectores especiais do VISTA, os quais são muito sensíveis à radiação infravermelha. O telescópio de 4,1 metros consegue também detectar uma quantidade impressionante de estrelas e galáxias de fundo.

O telescópio VISTA do ESO revela igualmente a estrutura fina dos anéis da nebulosa. A radiação infravermelha mostra-nos de que modo o gás molecular mais frio está organizado. O material agrega-se em filamentos que se estendem do centro para o exterior, fazendo com que toda a imagem se pareça com  fogos de artifício celestiais.

Embora pareçam muito pequenos, estes filamentos de hidrogênio molecular, conhecidos como nós cometários, são do tamanho do nosso Sistema Solar. As moléculas que os compõem conseguem sobreviver num ambiente de radiação altamente energética emitida pela estrela moribunda precisamente porque se agregam nestes nós, que por sua vez são bloqueados pela poeira e gás molecular. Não sabemos muito bem como é que se formaram estes nós cometários.


Fonte: ESO

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sonda pode ter caído no Brasil, diz agência espacial russa


Oficiais russos admitiram na segunda-feira não ter indicação firme do local onde a sonda Fobos-Grunt caiu. A Roscosmos (a agência espacial russa), que já havia afirmado que os destroços caíram no Pacífico, agora afirmam que eles teriam se chocado contra o chão possivelmente em território brasileiro. A nave, que deveria chegar a Fobos (uma lua de Marte), se perdeu no espaço e acabou por cair na Terra dois meses após o lançamento. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.
Anatoly Shilov, chefe da Roscosmos, afirmou ao canal estatal Vesti que a agência acredita que a queda ocorreu no Brasil, em uma área que tem o Estado de Goiás como centro. Segundo Shilov, a agência usou dados de especialistas em balística para chegar a essa conclusão.
O equipamento de US$ 170 milhões é uma das mais pesadas e tóxicas peças de lixo espacial a atingir a Terra. Contudo, especialistas dizem que o combustível que poderia contaminar a superfície deve ter queimado durante a reentrada.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), os radares da Aeronáutica, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) não registraram nenhum dado que indique a queda da sonda no Brasil. Contudo, os militares não descartam a possibilidade de que os destroços possam ter caído e não tenham deixado registro.
Conforme a FAB, se o objeto teve uma queda em um ângulo vertical muito acentuado, por exemplo, e em uma velocidade muito alta, os radares podem não ter registrado. Além disso, um operador pode ter até feito um primeiro registro do objeto, mas como no segundo ciclo de varredura do radar a sonda não apareceu, o técnico pode ter descartado, já que não era um objeto em tráfego aéreo.



Nova visão da Nebulosa da Águia

Dois telescópios europeus obtiveram um novo registro mais detalhado exibindo o interior da Nebulosa da Águia.




© Herschel e XMM-Newton (Nebulosa da Águia)

Esta imagem composta a partir dos telescópios espaciais da ESA, o Herschel em infravermelho e o XMM-Newton em raios-X, permitindo observar o interior dos pilares. Eles mostram como as estrelas quentes jovens detectadas pelas observações de raios-X estão conquistando cavidades nesta escultura e interagindo com o ambiente de gás ultra-frio e poeira. 
 
Esta bela região provavelmente já foi destruída por uma supernova 6.000 anos atrás. Mas por causa da distância, não temos visto isto acontecer ainda. 
 
A Nebulosa da Águia, catalogada como M16, está a 6.500 anos-luz de distância, na constelação da Serpente. Ela contém um aglomerado de estrelas jovens e quentes, a NGC 6611, que é visível com um modesto telescópio. Esse aglomerado está iluminando o gás e poeira circundante, resultando em uma cavidade oca enorme e pilares, cada um com vários anos-luz de comprimento.


© Hubble (Pilar da Criação)

A imagem do Hubble se tornou famosa em 1995. Mostrava o nascimento de estrelas em "incubadoras" que lembram a "pilares" formados por gás hidrogênio e poeira estelar, também conhecidos como "Pilares da Criação". Entretanto, por causa da poeira obscurecendo, a imagem no óptico do Hubble não foi capaz de ver o interior e provar que as estrelas jovens estavam de fato se formando. 
 
A nova imagem mostra que as estrelas quentes e jovens são responsáveis ​​por esculpir os pilares. Foi também utilizado dados de imagens em infravermelho próximo do VLT (Very Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul (ESO) no Paranal, Chile, e da luz visível do telescópio Max Planck Gesellschaft de 2,2 de diâmetro em La Silla, Chile. Todas as imagens individuais estão abaixo:


© ESA (composição do aglomerado M16)

No início, imagens do infravermelho médio do Infrared Space Observatory da ESA e observaório espacial Spitzer da NASA, e dados do XMM-Newton, levaram os astrônomos a suspeitar que uma das estrelas mais massivas e quentes na NGC 6611 pode ter explodido numa supernova 6.000 anos atrás, emitindo uma onda de choque que destruiu os pilares. Mas a destruição apenas poderá ser vista depois de centenas de anos.

Fonte: ESA

O núcleo da galáxia M100

O objeto Messier 100 (M100), é um exemplo perfeito de uma galáxia espiral  em toda a sua plenitude, onde é possível ver com clareza e com ótima definição os braços espirais que a constituem.


© NASA/ESA (núcleo da galáxia M100)

Essas estruturas empoeiradas circulam ao redor do núcleo da galáxia e são marcadas por muitas atividades de formação de estrelas que pontuam a galáxia M100 com estrelas brilhantes azuis e de grande massa.
A imagem acima foi feita pelo telescópio espacial Hubble, sendo considerada a imagem mais detalhada desse objeto já feita até o momento, mostrando o brilhante núcleo da galáxia e as partes mais internas de seus braços espirais. A galáxia M100 tem um núcleo galáctico constituído por um buraco negro supermassivo que está ativamente engolindo material. Este material emite uma radiação brilhante enquanto cai em direção ao núcleo do buraco negro.

Os braços espirais da galáxia também hospedam buracos negros menores, incluindo o buraco negro mais jovem conhecido até hoje na nossa vizinhança cósmica, resultado de uma supernova que foi observada em 1979.

A galáxia M100 está localizada na direção da constelação de Coma Berenices, a uma distância aproximada de 50 milhões de anos-luz.

Fonte: ESA

Intensa formação estelar na constelação do Cisne

Uma equipe de astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) detectou uma zona com um grande aglomerado de jatos, que indicam um local de intensa formação estelar. O local observado fica na direção da constelação do Cisne, próximo da estrela Deneb.


© CAUP/Jorge Grave (jatos de formação estelar e protoestrelas)

As estrelas nascem em grandes aglomerados de gás e poeira, também conhecidos por nebulosas moleculares. Quando o gás se começa a contrair por efeito da gravidade, nasce uma nova estrela. No entanto, pouco depois de se acenderem, estas estrelas jovens (ou protoestrelas) estão ainda escondidas pelo gás e poeira da nebulosa que lhes deu origem.

Mas as protoestrelas continuam ainda atraindo material do disco que sobrou em sua volta. Ao interagir com os fortes campos magnéticos da estrela, a matéria do disco pode ser acelerada até velocidades supersônicas, e acaba por ser ejetada pelos polos.

As violentas ondas de choque destes jatos bipolares (são emitidos a partir de ambos os polos) com o meio interestelar acabam por comprimir o gás que o compõe, formando moléculas de hidrogênio, que brilham intensamente na banda do infravermelho. Estes jatos bipolares são por isso autênticos faróis que assinalam a presença de estrelas recém-nascidas.

Na banda do infravermelho, é possível ainda observar por intermédio das zonas escuras, para ver as estrelas recém-formadas. E com observações feitas com auxílio do telescópio espacial Spitzer da NASA e pelo telescópio Zeiss de 3,5 metros de Calar Alto, os astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) detectaram um imenso aglomerado de jatos e respectivas protoestrelas.

Jorge Grave, um dos pesquisadores do CAUP, comentou: “O que torna esta imagem especial é o fato de nela vermos uma concentração de dezenas de jatos numa região relativamente reduzida. Como os jatos são característicos de uma etapa do processo de formação estelar, podemos inferir que todas as estrelas responsáveis pela libertação desses jatos estão no mesmo estágio de evolução e provavelmente se formaram simultaneamente”.

Para obter esta imagem foi necessário captar toda a enorme nebulosa, o que resultou em várias centenas de imagens. Estas foram depois analisadas individualmente pela equipe, até finalmente chegarem a uma imagem pormenorizada, onde os jatos de formação estelar aparecem em verde, enquanto as protoestrelas aparecem em vermelho.

Fonte: CAUP

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Supernova Primo: além da fronteira

A supernova SN Primo é a mais distante supernova tipo Ia espectroscopicamente confirmada.


© NASA/ESA (descoberta da supernova SN Primo)
Quando a estrela progenitora explodiu cerca de 9 bilhões de anos atrás, a SN Primo enviou sua brilhante fonte de luz ao longo do tempo e do espaço que pode ser captada pelo telescópio espacial Hubble.
Ao dividir sua luz em cores constituintes, os pesquisadores podem verificar a sua distância por redshift e ajudar os astrônomos a entender melhor não só o Universo em expansão, mas também a natureza da energia escura que impulsiona a aceleração cósmica.
As supernovas do tipo Ia se originam a partir de estrelas anãs brancas que têm recolhido um excesso de material de suas companheiras e explodem. Devido à sua natureza remota, elas têm sido utilizadas para medir grandes distâncias com uma precisão aceitável.
"Em nossa busca de supernovas, é apenas o começo do que podemos fazer em luz infravermelha", disse Adam Riess, laureado com o Nobel de Física de 2011 e pesquisador principal do projeto, no Space Telescope Science Institute e da Universidade Johns Hopkins em Baltimore.
No entanto, a descoberta de uma supernova como a SN Primo não ocorre da noite para o dia. Depois de captar o alvo evasivo em outubro de 2010, foi empregado o espectrômetro WFC3 (Wide Field Camera 3) para validar a distância da SN Primo e analisar os espectros para a confirmação de um evento de supernova tipo Ia. Uma vez verificado, a equipe continuou coletando dados durante os oito meses seguintes.
"Se olharmos para o Universo primordial e medir uma queda no número de supernovas, então pode ser que isso leva muito tempo para fazer uma supernova Tipo Ia", disse o membro da equipe Steve Rodney da Universidade Johns Hopkins.
Ao envolver o Hubble neste tipo de censo, os astrônomos esperam ainda mais sua compreensão de como tais eventos são criados.
Fonte: Space Telescope Science Institute

domingo, 15 de janeiro de 2012

Grande Nuvem de Magalhães em infravermelho

Nuvens de poeira cósmica varrem a imagem em infravermelho da galáxia satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães.


© NASA/ESA (Grande Nuvem de Magalhães em infravermelho)
De fato, a impressionante imagem acima é uma composição de dados adquiridos pelo Observatório Espacial Herschel e pelo Telescópio Espacial Spitzer e mostram nuvens de poeira preenchendo essa nossa galáxia anã vizinha, de forma bem parecida com a poeira que preenche o plano da própria Via Láctea. As temperaturas registradas na poeira tendem a traçar uma atividade de formação de estrelas. Os dados obtidos pelo Spitzer são mostrados em azul na imagem e indicam a poeira aquecida pelas estrelas jovens. Os instrumentos do Herschel contribuíram com dados para compor a imagem e suas observações são mostradas em vermelho e verde, revelando emissões provenientes de regiões mais frias e intermediárias onde a formação de estrelas está apenas começando ou já cessou. Dominada pela emissão de energia emitida pela poeira a aparência da Grande Nuvem de Magalhães em infravermelho é diferente da imagem que temos da mesma galáxia anã só que em imagens ópticas, como a imagem exibida abaixo.


© Marco Lorenzi (Grande Nuvem de Magalhães no óptico)
Embora as imagens sejam bem diferentes, a bem conhecida Nebulosa da Tarântula, pertencente a essa galáxia ainda se destaca e pode ser facilmente observada na imagem em infravermelho como sendo a região mais brilhante à esquerda do centro da imagem.



© Marcelo Salemme (Nebulosa da Tarântula)
A Grande Nuvem de Magalhães lestá ocalizada a apenas 160.000 anos-luz de distância e tem aproximadamente 30.000 anos-luz de diâmetro.


Fonte: NASA

sábado, 14 de janeiro de 2012

Eclipse e colapso na Eta Carinae

Um dos corpos celestes mais fascinantes da Via Láctea, a Eta Carinae está situada a 7.500 anos-luz da Terra, na constelação austral de Carina, à direita do Cruzeiro do Sul.

© Hubble (Eta Carinae)
É um objeto colossal e longínquo, não visível a olho nu, classificada como uma estrela supergigante da raríssima classe das variáveis luminosas azuis que hoje contabiliza umas poucas dezenas de membros, mas que deve ter sido comum no início do Universo. O diâmetro da estrela principal do sistema é igual à distância que separa a Terra do Sol. Sua luminosidade é ainda mais impressionante, aproximadamente 5 milhões de vezes maior do que a do Sol. Quando sofre seu cíclico apagão a cada cinco anos e meio, deixa de emitir, nas faixas de raios X, ultravioleta e rádio, uma energia equivalente à de 20 mil sóis.
A Eta Carinae tem apenas 2,5 milhões de anos de existência, cerca de 1.800 vezes mais nova do que o Sol, e já é um astro moribundo e potencialmente explosivo. Deve literalmente ir pelos ares na forma de uma hipernova a qualquer momento entre hoje e alguns milhares de anos. Sua morte deverá produzir uma explosão de raios gama, o tipo de evento mais energético que ocorre no Universo. Há meros 170 anos, a megaestrela entrou aparentemente numa fase terminal e turbulenta, no auge de sua decadência. Desde então, como nos anos 1840 e em menor escala na década de 1890, sofre grandes erupções em que perde matéria da ordem de dezenas de massas solares e aumenta temporariamente seu brilho. Em 1843,  a Eta Carinae se tornou visível a olho nu durante o dia por meses e quase tão luminosa quanto Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno, que se encontra muito próxima à Terra, a uma distância de no máximo 30 anos-luz.
Naquela época, também em consequência da erupção, a megaestrela ganhou uma densa nuvem de gás e poeira que passou a envolvê-la, no formato de dois lóbulos e denominada Homúnculo, que dificulta ainda mais a sua observação.
O professor Augusto Damineli do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) foi o primeiro a defender a ideia de que a Eta Carinae era um sistema com duas estrelas, em vez de apenas uma, e que essa dupla de astros luminosos sofria um apagão periódico.



© Chandra (Eta Carinae em raios X)
A natureza da brutal e periódica perda de luminosidade da enigmática estrela gigante Eta Carinae, que a cada cinco anos e meio deixa de brilhar por aproximadamente 90 dias consecutivos em certas faixas do espectro eletromagnético, em especial nos raios X, pode ter sido finalmente desvendada por uma equipe internacional de astrofísicos comandada por brasileiros. O pesquisador Augusto Damineli e o pós-doutor Mairan Teodoro, também da USP, analisaram dados registrados por cinco telescópicos terrestres situados na América do Sul durante o último apagão do astro, ocorrido entre janeiro e março de 2009, e colheram evidências de que esse evento literalmente obscuro esconde, a rigor, dois fenômenos distintos embora entrelaçados; e não apenas um, como acreditava boa parte dos astrofísicos. 
Primeiro, há uma espécie de eclipse das emissões de raios X desse sistema composto de duas estrelas muito grandes: a principal e maior, a Eta Carinae A, com cerca de 90 massas solares, e a secundária, dois terços menor e dez vezes menos brilhante, a Eta Carinae B.  O bloqueio da emissão é causado pela passagem da estrela maior em frente ao campo de visão de um observador situado na Terra. Esse fenômeno, já razoavelmente conhecido e estudado, dura cerca de um mês, não mais do que isso. Como explicar então os outros 60 dias de apagão? A resposta, segundo Damineli e Teodoro, reside na existência de um segundo mecanismo que prolonga a perda de brilho em raios X do sistema Eta Carinae.
Assim que termina o eclipse, as duas estrelas estão a caminho do periastro, o ponto mais próximo entre suas órbitas, da ordem de 230 milhões de quilômetros. Os ventos estelares da Eta Carinae maior, um jato de partículas que escapa permanentemente de sua superfície, passam a dominar o sistema binário, aprisionam os ventos estelares da estrela menor e os empurram de volta contra a superfície da Eta Carinae B. Nesse momento, ocorre o que os astrofísicos chamam de colapso da zona de colisão dos ventos das duas estrelas, que até então estava em equilíbrio.
Em termos de emissão de luz, duas são as consequências do colapso dos ventos, uma proposição teórica até agora nunca observada de fato: estender a duração, às vezes por mais dois meses, da perda de brilho na faixa dos raios X, e a grande novidade: promover uma emissão no espectro do ultravioleta! Ou seja, em meio ao apagão em raios X, há um clarão no ultravioleta, que até agora não havia sido reportado. “Os dois fenômenos estão misturados e criam um quadro complexo”, explica Damineli, que há mais de duas décadas estuda a Eta Carinae.
O novo trabalho dos brasileiros fornece uma explicação mais detalhada da dinâmica de mecanismos envolvidos na cíclica e temporária redução de luminosidade da Eta Carinae, a estrela mais estudada da Via Láctea depois do Sol e uma das maiores e mais luminosas que se conhece. De forma esquemática, o primeiro mês dos costumeiros 90 dias de apagão em raios X poderia ser creditado na conta do eclipse e os dois meses seguintes, ao mecanismo de colapso dos ventos estelares. Porém, se o apagão tem data para começar, parece nem sempre ter para terminar. O último, por exemplo, iniciou-se em 11 de janeiro de 2009, como previsto, mas se prolongou por somente 60 dias, um mês a menos do que o esperado. “Não há necessariamente dois apagões iguais”, afirma Teodoro. “O eclipse parece se estender por cerca de 30 dias, mas o processo de colapso dos ventos estelares tem duração variável.” Aparentemente, esse segundo fenômeno pode durar algo entre 30 e 60 dias.
Esse cenário intrincado foi descrito em detalhes num artigo aceito para publicação no Astrophysical Journal.
Fonte: FAPESP (Pesquisa)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Exoplanetas revelam que é possível orbitar par de estrelas

Foram descobertos dois novos exoplanetas que giram ao redor de uma dupla de estrelas parecidas com o Sol.


© Lior Taylor (exoplaneta Kepler-35b ao redor de duas estrelas)

Nomeados Kepler-34b e Kepler-35b, os astros confirmam que é possível existir planetas que orbitam pares de estrelas unidas pela gravitação.
A descoberta é tema da revista científica Nature dessa semana e foi divulgada por um grupo de cientistas liderado por William Welsh, da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos. Cada um dos planetas gira ao redor de pares de estrelas diferentes. 

O estudo serviu para consolidar uma descoberta anterior, ocorrida em setembro de 2011, quando os responsáveis pela missão Kepler anunciaram o primeiro planeta extrassolar orbitando em torno de  duas estrelas. Era Kepler-16b, astro também encontrado pela sonda Kepler da NASA.

A sonda Kepler procura desde março de 2009 por exoplanetas em uma faixa extensa no espaço sideral entre as constelações de Lira e Cisne. Nesta região, o equipamento analisa variações no brilho de até 150 mil estrelas.
Mudanças na luz que vem desses astros podem indicar que um planeta passou entre as estrelas e as lentes da sonda. Foi o que aconteceu durante a descoberta de Kepler-16b, que está a 200 anos-luz de distância da Terra.

Os dois planetas recém-descobertos são gigantes gasosos como Júpiter, porém com massas muito menores. O Kepler-34b gira ao redor de sua dupla em apenas 288 dias terrestres. Kepler-35b leva menos tempo ainda em sua órbita: 131 dias.

Por centenas de anos, os astrônomos acreditaram que o Sistema Solar era o único grupo de planetas girando ao redor de uma estrela. Mas em 1995, foi descoberto o primeiro planeta orbitando uma estrela diferente do Sol, nomeado 51 Pegasi b, o astro é um gigante gasoso com massa equivalente a, no mínimo, metade de Júpiter. A distância para a estrela que orbita é pequena: apenas 7,5 milhões de quilômetros; muito menor, por exemplo, que a distância de 150 milhões de quilômetros da Terra em relação ao Sol.

Segundo os pesquisadores, a maioria das estrelas como o Sol vive em pares. Agora, a pesquisa de Welsh mostra que planetas orbitando duplas de estrelas, conhecidos como planetas circumbinários, também devem ser mais comuns do que se imaginava.

Fonte: NASA

Erupção em um buraco negro

Astrônomos observaram um buraco negro chamado H1743-322, perto do centro galáctico, localizado aproximadamente a 28.000 anos-luz da Terra na constelação do Escorpião, disparando dois enormes jatos de gás ionizado com quase um quarto da velocidade da luz.


© NASA (ilustração de um buraco negro)
Em comparação, a produção de uma hora de energia efetuada pelo buraco negro é equivalente à emissão de cinco anos realizada pelo Sol.
A imagem abaixo mostra a localização do buraco negro H1743-322 na frequência de rádio de 327 MHz.


© ICRAR (localização do buraco negro H1743-322)
A equipe usou o Very Large Baseline Array (VLBA) do National Science Foundation (NSF)  - um conjunto de 10 radiotelescópios localizados em uma faixa de 8.000 quilômetros – e o Rossi X-ray Timing Explorer (RXTE) da NASA.
"Se os seus olhos forem tão nítidos quanto o VLBA, você poderia ver uma pessoa na Lua", disse o físico Gregory Sivakoff, da Universidade de Alberta (Canadá), que apresentou os resultados na reunião da Sociedade Astronômica Americana em Austin no Texas (EUA).
O buraco negro periodicamente rouba matéria da estrela companheira H1743. O gás e poeira é incorporado em um disco de grande dimensão que lentamente é sugado para dentro do buraco negro.
Embora os pesquisadores não entendem exatamente como funciona o processo, este disco constantemente emite jatos energéticos de plasma que jorram em direções opostas, seguida de explosão.

  NRAO/NASA (erupção no buraco negro)
 
Sivakoff e sua equipe, na esperança de encontrar a sequência de eventos que leva até essa explosão, observou no no verão de 2009, que uma porção de material – provavelmente uma bolha de gás ionizado – colapsou em direção ao centro do buraco negro. Conhecida como uma oscilação quase-periódica (QPO).
"A simultaneidade é claramente uma peça importante de evidência ligando o QPO e o jato", disse Sivakoff, embora tenha acrescentado que todos os detalhes ainda não são completamente conhecidos.

Fonte: NASA

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estudo: existem mais planetas do que estrelas na Via Láctea


Uma equipe internacional de astrônomos levou seis anos, com a ajuda de um método chamado microlente gravitacional, para determinar o quão comuns são os planetas na Via Láctea. Segundo os pesquisadores, que apresentam o resultado em um artigo na revista especializada Nature, existem bilhões de planetas que orbitam estrelas - ou seja, eles são a regra, e não a exceção, na nossa galáxia. As informações são do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês).

"Durante seis anos procuramos evidências de exoplanetas a partir de observações de microlentes. Curiosamente, os dados mostram que os planetas são mais comuns na nossa galáxia do que as estrelas. Descobrimos também que os planetas mais leves, tais como superterras (que têm massas entre duas e 10 vezes maior que a da Terra) ou Netunos frios, são mais comuns do que os planetas mais pesados", diz Arnaud Cassan, do Instituto de Astrofísica de Paris e principal autor do artigo.

Nos últimos 16 anos, os astrônomos detectaram planetas principalmente através de dois métodos: o registro da diminuição de brilho de uma estrela durante a transição do planeta e o efeito gravitacional deste naquela. Contudo, dessas duas maneiras, apenas planetas de massa muito grande ou que estão muito próximos às estrelas são encontrados.

O método usado agora detecta o modo como o campo gravitacional de uma estrela, combinado com o de um possível planeta hospedeiro, age como uma lente gravitacional e amplia a luz de uma estrela que esteja ao fundo. Ou seja, se a estrela tem um planeta, essa lente será mais poderosa. Contudo, esse método, apesar de detectar corpos menores, tem grandes defeitos: é necessário um alinhamento, bastante raro, entre a lente gravitacional e uma estrela de fundo. Além disso, a órbita do planeta precisa estar alinhada com a da estrela para formar a lente.

Apesar da raridade desses eventos combinados, os pesquisadores conseguiram detectar três planetas durante esses seis anos - uma superterra e planetas com massas comparáveis à de Netuno e à de Júpiter -, o que é considerado excepcional. Para os astrônomos, ou foi uma imensa sorte ou os planetas são tão abundantes que o resultado era praticamente inevitável.

Após isso, os pesquisadores combinaram os dados com informações de sete detecções anteriores e um grande número de não-detecções durante os anos de trabalho. O resultado da pesquisa indica que uma em cada seis estrelas estudadas há um planeta com massa semelhante à de Júpiter, metade têm planetas com a massa de Netuno e dois terços têm superterras, o que indica que o número médio de planetas em torno de estrelas é maior que um.

"Anteriormente pensava-se que a Terra seria única na nossa Galáxia. Mas agora parece que literalmente bilhões de planetas com massas semelhantes à da Terra orbitam estrelas da Via Láctea", diz Daniel Kubas, coautor do artigo científico.

Aglomerado de galáxias massivo e distante

Um aglomerado de galáxias jovem extremamente quente e de elevada massa foi recentemente descoberto, seu apelido é El Gordo.


© ESO (aglomerado de galáxias El Gordo)
Este aglomerado de galáxias é o maior já observado no Universo longínquo, e está sendo estudado por uma equipe internacional de astrônomos que utilizou o Very Large Telescope (VLT) do ESO, instalado no deserto do Atacama no Chile, juntamente com o Observatório de raios-X Chandra da NASA e o Atacama Cosmology Telescope. Os novos resultados foram anunciados no Encontro da Sociedade Astronômica Americana, que se realiza em Austin, Texas.
O El Gordo, oficialmente conhecido como ACT-CL J0102-4915, é composto por dois outros aglomerados separados de galáxias em colisão com uma velocidade de vários milhões de quilômetros por hora, e que se encontram tão afastados de nós que a sua luz teve que viajar durante sete bilhões de anos para chegar até à Terra.
“Este aglomerado tem mais massa, é mais quente e emite mais raios-X do que qualquer outro aglomerado encontrado a esta distância ou a distâncias ainda maiores,” disse Felipe Menanteau da Universidade Rutgers, que liderou este estudo.
Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos mantidos pela força da gravidade que existem no Universo. O processo da sua formação, a partir de grupos de galáxias mais pequenos que se fundem, depende muito da quantidade de matéria escura e energia escura do Universo nesse momento. Por isso mesmo, o estudo dos aglomerados possibilita compreender melhor estas misteriosas componentes do cosmos.
“Aglomerados de galáxias gigantescos como este são exatamente o que estávamos à procura,” disse o membro da equipe Jack Hughes, também da Universidade Rutgers. “Queremos ver se conseguimos compreender como se formam estes objetos tão extremos, utilizando os melhores modelos cosmológicos disponíveis hoje em dia.”
A equipe, liderada por astrônomos chilenos e da Universidade Rutgers, descobriu o El Gordo ao detectar uma distorção da radiação cósmica de fundo de microondas. Este brilho tênue é o resto da primeira radiação vinda do Big Bang, a origem do Universo muito densa e extremamente quente há cerca de 13,7 bilhões de anos. Esta radiação que resta do Big Bang, interage com os eletróns do gás quente dos aglomerados de galáxias, distorcendo a aparência do brilho de fundo de microondas visto a partir da Terra.  Quanto maior e mais denso for o aglomerado, maior será este efeito. O El Gordo foi descoberto num rastreio da radiação de fundo feito pelo Atacama Cosmology Telescope.
O Very Large Telescope do ESO foi utilizado pela equipe para medir as velocidades das galáxias nesta enorme colisão de aglomerados e também para medir a sua distância à Terra. Adicionalmente, o Observatório de raios-X Chandra da NASA foi utilizado para estudar o gás quente no aglomerado.
Embora o tamanho e distância do aglomerado El Gordo sejam bastante incomuns, os autores dizem que os novos resultados são, ainda assim, consistentes com a atual ideia de um Universo que começou com o Big Bang e que é essencialmente constituído por matéria escura e energia escura.
O El Gordo formou-se, muito provavelmente, de forma semelhante ao aglomerado Bala, o espetacular aglomerado de galáxias em interação que se encontra a quase quatro bilhões de anos-luz mais próximo da Terra.
aglomerado de galáxias Bala

© NASA/ESA (aglomerado de galáxias Bala)
Em ambos os aglomerados há evidências de que a matéria normal, constituída principalmente por gás quente brilhando em raios-X, foi arrancada da matéria escura. O gás quente é desacelerado pela colisão, o mesmo não acontecendo à matéria escura.
 
Fonte: ESO

O maior mapa de matéria escura no Universo

O lado escondido do Universo está agora um pouco mais iluminado graças ao maior mapa já feito da matéria escura.


© CFHTLenS (enxames de galáxias contendo matéria escura)
A matéria escura até agora nunca foi diretamente detectada, mas a sua presença é sentida devido à atração gravitacional que exerce sobre a matéria normal. Os cientistas suspeitam que a matéria escura é constituída por alguma partícula exótica que não interage com os átomos normais.
"Conhecemos muito pouco acerca do Universo escuro", afirma a co-autora do estudo, Catherine Heymans da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Edinburgo, durante uma conferência de imprensa onde os achados foram anunciados, na 219ª reunião da Sociedade Astronômica Americana.
O novo mapa revela a distribuição da matéria escura ao longo de uma área muito maior do espaço do que tinha sido previamente alcançado. Cobre mais de bilhões de anos-luz.
Para delinear a invisível matéria escura, foram pesquisados por sinais da sua influência gravitacional sob outra matéria. Mediram um efeito denominado de lentes gravitacionais, que ocorre quando a gravidade de um corpo massivo dobra o espaço-tempo, fazendo com que a luz viaje num percurso curvo através do espaço e apareça distorcida quando chega à Terra.
Os cientistas mediram esta luz a partir de 10 milhões de galáxias distantes em quatro regiões diferentes do céu, curvada quando a luz dessas galáxias passava por grandes quantidades de matéria escura.
"É fascinante conseguirmos notar a matéria escura usando a distorção do espaço-tempo", afirma outro co-autor do estudo, Ludovic Van Waerbeke da Universidade da Colúmbia Britânica. "Dá-nos um acesso privilegiado a esta misteriosa massa no Universo que não conseguimos observar de outro modo. Conhecer a distribuição da matéria escura é o primeiro passo para compreender a sua natureza e como se encaixa com o nosso conhecimento atual da física."
Os novos mapas representam a primeira evidência direta da matéria em tão largas escalas. A teia de matéria escura espalhada pelo Universo e revelada pelo mapa coincide bem com as previsões feitas graças às simulações em computador, com base nas melhores teorias científicas da matéria escura.
Para criar o mapa, os astrônomos usaram dados recolhidos pelo Telescópio do Canadá-França-Havaí no Havaí, durante um projeto de cinco anos denominado CFHTLenS (Canada-France-Hawaii Telescope Lensing Survey).
Num estudo separado, também apresentado na reunião da Sociedade Astronômica Americana em Austin, no estado americano do Texas, Sukanya Chakrabarti da Universidade da Flórida desenvolveu um novo método de mapear a matéria escura em galáxias individuais.
Chakrabarti estudou ondulações nos limites de galáxias espirais para traçar a forma da matéria escura dentro e ao redor das galáxias. Esta pesquisa é direcionada para esta matéria invisível mas numa escala muito menor que a do primeiro estudo.
Estes resultados das galáxias espirais permitem analisar a matéria num regime de galáxias individuais, que não tem sido possível com os efeitos tênues das lentes gravitacionais. Ambos resultados representam dois modos importantes de estudar a matéria escura, mas estão em dois regimes muito diferentes.
O mapeamento com grande detalhe da distribuição da matéria escura propiciará compreender melhor esta substância e a sua relação com as galáxias no Universo.


Fonte: Discovery News

Raios cósmicos vindos de galáxia próxima

O HESS (High Energy Stereoscopic System) é um sistema de telescópios que detecta raios cósmicos de alta energia oriundas de regiões com explosões estelares de sistemas galácticos fora da Via Láctea.


© SSRO (galáxia espiral NGC 253)

Entre 2005 e 2008, os astrofísicos utilizaram o HESS na Namíbia ao longo de um período de observação total de 119 horas para detectar os raios gama com energia superior a 220 GeV (bilhões de elétron-volts). A fonte destes raios reside precisamente no centro óptico da galáxia espiral NGC 253, uma das galáxias mais próximas fora do chamado grupo local de nossa Via Láctea e suas companheiras, a uma distância de cerca de 12 milhões anos-luz de distância.

O fluxo de radiação da região de explosões estelares da NGC 253 medido pelo HESS implica uma densidade de raios cósmicos enormes - mais de 1.000 vezes maior do que no centro da Via Láctea!
Um grande número de estrelas de grande massa nascem no coração dessas galáxias, e depois explodem como supernovas. Nos restos que deixam para trás, as partículas são aceleradas a energias muito elevadas.
Além disso, a densidade alta de gás faz a conversão dos raios cósmicos em raios gama em torno de uma ordem de magnitude mais eficiente. Assim, a região central da NGC 253 brilha em torno de cinco vezes mais à luz de raios gama como todo o resto da galáxia juntos.

Observações em luz visível, bem como nas faixas de frequência do infravermelho e de rádio já haviam mostrado que existia uma pequena região no centro da NGC 253, que gerou um número muito elevado de estrelas. Esta região apresenta uma densidade muito alta de poeira interestelar e gás.
As estrelas de alta massa que nasceram na região consomem seu combustível nuclear de forma relativamente rápida e cambaleiam em uma crise de energia no final da sua vida. O núcleo entra em colapso, enquanto a estrela destrói a si mesma em uma explosão final. Como uma supernova, de repente se inflama tornando-se um milhão ou até um bilhão de vezes mais brilhante do que antes. As partículas carregadas aceleradas com energias muito elevadas nos restos de explosões reagem com o meio circundante ou com campos eletromagnéticos para gerar raios gama de alta energia.


© MPG (fluxo de energia utilizando a técnica Cherenkov)

O HESS é constituído de quatro telescópios, cada um com uma área de espelho de 108 metros quadrados, que observam fracos flashes azulados e extremamente curtos de luz. Este efeito é denominado de radiação Cherenkov que é emitida por chuveiros de partículas criados quando de raios gama de alta energia colidem com as moléculas na atmosfera da Terra. O HESS está em operação desde o início de 2004.
Fonte: Max-Planck-Gesellschaft