domingo, 31 de março de 2013

Bloqueador solar em estrela gigante

Uma equipe internacional de astrônomos, incluindo pesquisadores do Instituto Max Planck de Radioastronomia (MPIfR) e da Universidade de Colônia, conseguiu identificar dois óxidos de titânio na atmosfera estendida em torno de uma estrela gigante.


© NASA/ESA (moléculas ao redor de nebulosa)
O objeto VY Canis Major é uma das maiores estrelas do Universo conhecido e ela está perto do fim da sua vida.
A descoberta foi feita no decorrer de um estudo de uma estrela espetacular, VY Canis Majoris (VY CMa), que é uma estrela variável localizada na constelação de Canis Major (Cão Maior). "A VY CMa não é uma estrela comum, é uma das maiores estrelas conhecidas, e está perto do fim de sua vida", diz Tomasz Kamiński do Instituto Max Planck de Radioastronomia. Na verdade, com um tamanho de cerca de uma a duas mil vezes a do Sol, que poderia estender para fora da órbita de Saturno se fosse colocada no centro de nosso Sistema Solar.
A estrela ejeta grandes quantidades de material que forma uma nebulosa empoeirada. Torna-se visível por causa das pequenas partículas de poeira que formam em torno dela, que refletem a luz da estrela central. A complexidade desta nebulosa tem sido  intrigante por décadas para os astrônomos. Tem-se formado como um resultado do vento estelar, mas não é bem compreendido por que está tão longe de ter uma forma esférica.
Nem se sabe o processo físico que sopra o vento, ou seja, o que eleva o material acima da superfície estelar e faz expandir. O destino da VY CMa é explodir como uma supernova, mas não se sabe exatamente quando isso vai acontecer. Observações em diferentes comprimentos de onda fornecem diferentes informações e que permite identificar as moléculas existentes na nebulosa.
"Emissão em comprimentos de onda de rádio de curta duração, em ondas chamados submilimétrico, é particularmente útil para tais estudos de moléculas", diz Sandra Brunken da Universidade de Colônia. A equipe de pesquisa observou TiO e TiO2, um ingrediente encontrado em filtros solares, pela primeira vez em comprimentos de onda de rádio. De fato, o dióxido de titânio tem sido visto no espaço de forma inequívoca, pela primeira vez. No entanto, as estrelas irão ejetar grandes quantidades de óxido de titânio, a temperaturas relativamente altas próximas à estrela. "Elas tendem a se agrupar para formar partículas de poeira visíveis na óptica ou no infravermelho", diz Patel Nimesh do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. "E a propriedade catalítica do TiO2 pode influenciar nos processos químicos que ocorrem nessas partículas de poeira, que são muito importantes para a formação de moléculas maiores no espaço", acrescenta Holger Müller, da Universidade de Colônia.
Linhas de absorção de TiO são conhecidas a partir dos espectros na região do visível há mais de cem anos. Esses recursos são usados ​​em parte para classificar alguns tipos de estrelas com temperaturas superficiais baixas (estrelas do tipo M e S). A pulsação de estrelas Mira, uma classe específica de estrelas supergigantes variáveis localizadas na constelação de Cetus, é provavelmente causada por óxido de titânio.
As observações de TiO e TiO2 mostra que as duas moléculas são facilmente formadas em torno VY CMa numa localização que é mais ou menos como prevista pela teoria.
As novas detecções em comprimentos de onda submilimétrico são especialmente importantes porque permitem o estudo do processo de formação de poeira. Além disso, a comprimentos de onda ópticos, a radiação emitida pelas moléculas é dispersada pela poeira presente na nebulosa que obscurece a imagem, enquanto que o efeito é negligenciável em comprimentos de onda de rádio que permitem medições mais precisas.
As descobertas de TiO e TiO2 no espectro da VY CMa têm sido feitas com o Submillimetre Array (SMA), um interferômetro de rádio localizada no Havaí, EUA.


© N. Patel/SMA (interferômetro SMA)
O instrumento combina oito antenas que operam juntas como um grande telescópio de 226 metros de tamanho, propiciando aos astrônomos realizarem observações com sensibilidade e resolução angular sem precedentes. A confirmação das novas detecções foi sucessivamente feitas posteriormente com o IRAM Plateau de Bure Interferometer (PdBI) localizado nos alpes franceses.

Fonte: Max Planck Institute for Radio Astronomy


sexta-feira, 29 de março de 2013

O maior coração do universo

Se você fosse capaz de viajar à velocidade da luz (300.000 km/s), levaria quase 200 anos para atravessar a IC 1805, mais conhecida como “Nebulosa Coração” (Heart Nebula). Partindo da Terra, aliás, levaria pelo menos 7,5 mil anos para chegar lá.


Formada por gás interestelar e nuvens de poeira cósmica, a Nebulosa Coração é o berço do conjunto de estrelas Mellote 15, que tem “apenas” 1,5 milhões de anos de idade. Curiosamente, ela fica localizada na constelação de Cassiopeia, nomeada em referência a uma rainha que, na mitologia grega, comparou a própria beleza à das filhas de Poseidon e, como punição, teve de oferecer sua filha (Andrômeda) em sacrifício para aplacar a ira do deus dos mares.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A Galáxia Perdida

A imagem a seguir mostra a galáxia NGC 4535, na constelação de Virgo (A Virgem), em um fundo bonito repleto de muitas galáxias tênues e distantes.


© ESO/VLT (galáxia NGC 4535)

Sua aparência quase circular mostra que a observamos quase de frente. No centro da galáxia, há uma estrutura de barras bem definido, com faixas de poeira que curvam acentuadamente antes dos braços em espiral dispersarem a partir das extremidades da barra. A cor azulada dos braços em espiral indica a presença de um grande número de estrelas quentes e jovens. No centro, no entanto, estrelas mais velhas e frias fornecem ao bojo da galáxia uma aparência amarelada.

Esta imagem foi executada com o instrumento FORS1 no Very Large Telescope (VLT) de 8,2 metros do ESO. A galáxia também pode ser vista através de pequenos telescópios amadores; e foi observada pela primeira vez por William Herschel em 1785. Quando visto através de um telescópio menor, a galáxia NGC 4535 tem uma aparência de nebulosa fantasmagórica, que inspirou o proeminente astrônomo amador Leland S. Copeland para cunhar o nome de "A Galáxia Perdida" em 1950.

A galáxia NGC 4535 é uma das maiores galáxias no aglomerado de Virgem, um grande conjunto de até 2.000 galáxias, a cerca de 50 milhões de anos-luz de distância. Embora o aglomerado de Virgem não é muito maior em diâmetro que o Grupo Local - o aglomerado de galáxias ao qual pertence a Via Láctea - que contém quase 50 vezes mais de galáxias.

Fonte: ESO

domingo, 24 de março de 2013

A ascenção do quasares no Universo

O professor Michael Shull e o pesquisador David Syphers usaram o telescópio espacial Hubble para observar um quasar - o núcleo brilhante de uma galáxia ativa que age como um "farol" - para entender melhor as condições do Universo primordial.

© NASA/ESA/G.Bacon (ilustração de um quasar distante)

Os cientistas estudaram o material gasoso entre o telescópio e o quasar HS1700 6416 com um espectrógrafo ultravioleta acoplado no Hubble, projetado por uma equipe do Centro de Astrofísica e Astronomia Espacial em Boulder.
Durante um tempo conhecido como a "era de reionização do hélio" cerca de 11 bilhões de anos atrás, explosões de radiação ionizante de buracos negros nos núcleos de quasares retiravam elétrons de átomos primitivos de hélio. Isto ocorreu pouco depois do Big Bang.
Os resultados do novo estudo indicam que a era de reionização do hélio no Universo parece ter ocorrido mais tarde do que se pensava, disse Shull. O Cosmic Origins Spectrograph (COS) utilizado para as observações de quasares a bordo do Hubble foi projetado para investigar a evolução de galáxias, estrelas e matéria intergaláctica. O COS foi instalado no Hubble por astronautas durante sua última missão de manutenção em 2009.
O Universo começou com o Big Bang que gerou um plasma que se expandiu e então se tornou um gás neutro frio em cerca de 380.000 anos, perfazendo a "idade das trevas" quando não havia luz de estrelas ou galáxias. Esta época foi seguida por um período de reionização do hidrogênio, formando as primeiras galáxias a cerca de 13,5 bilhões de anos atrás. A era das primeiras galáxias foi seguida pela ascensão de quasares cerca de 2 bilhões anos depois, o que levou à era da reionização hélio.
A radiação dos enormes quasares aquece o gás em torno de 11.000 a 22.000 graus Celsius em reinos intergalácticos do início do Universo. Se o gás hélio é aquecido durante a época da formação da galáxia, torna-se mais difícil para as protogaláxias manterem a massa do seu gás; é como se fosse um aquecimento global intergaláctico.
A equipe está usando COS para investigar o "registro fóssil" dos gases no Universo, incluindo uma estrutura conhecida como a "teia cósmica" que acredita-se ser feita de longos filamentos estreitos de galáxias e pelo gás intergaláctico separados por vazios enormes. Os cientistas teorizam que um filamento único da rede cósmica pode se estender por centenas de milhões de anos-luz, um número expressivo, considerando que um único ano-luz é cerca de 9,5 trilhões de quilômetros.
O COS separa a luz em comprimentos de ondas característicos, semelhante à maneira como a luz solar é refratada em gotas de chuva formando as cores do arco-íris, e revela informações sobre a composição de temperatura, densidade, distância, velocidade e a composição química de galáxias, estrelas e nuvens de gás.
O primeiro quasar, abreviação de "fonte de rádio quase-estelar", foi descoberto há 50 anos pelo astrônomo Maarten Schmidt da Caltech. O quasar que ele observou, denominado 3C-273, está localizado a cerca de 2 bilhões de anos da Terra e é 40 vezes mais luminoso do que uma galáxia inteira de 100 bilhões de estrelas. O quasar está se afastando da Terra a 15% da velocidade da luz, com ventos soprando a milhões de quilômetros por hora.

Fonte: The University of Colorado Boulder

sábado, 23 de março de 2013

Fundador da Amazon resgata motores da Apollo 11 no mar

Com recursos própios, Jeff Bezos resgatou os motores que estavam submersos  a 4.267metros de profundidade há mais de 40 anos.

 Expedição Bezos - Bezos Expeditions/Reuters

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, anunciou nesta quarta-feira que conseguiu recuperar do fundo do mar os motores da Apollo 11, a missão que levou o astronauta Neil Armstrong e sua equipe à Lua, em 1969. As peças estavam submersas a 4.267 metros de profundidade no Oceano Atlântico há mais de 40 anos. 
Elas foram encontradas com o uso de sofisticados equipamentos de tecnologia de sonar.

Expedição Bezos - Bezos Expeditions/Reuters

"Descobrimos um maravilhoso mundo submarino: um incrível jardim de esculturas de motores de voo F-1 que serve de prova do programa Apollo", disse Bezos, ao pisar em terra, após três semanas em alto mar em missão bancada por ele próprio. "As peças em si são magníficas. Fotografamos muitos objetos belos e recuperamos vários deles, que evocam o trabalho de milhares de engenheiros para conseguir o que, naquele momento, parecia algo impossível", disse. O sucesso da Apollo 11 fez de Neil Armstrong o primeiro homem a pisar a Lua, façanha acompanhada ao vivo por estimadas 530 milhões de pessoas.
Bezos, que também é fundador da empresa de viagens espaciais Blue Origin, afirma que sua equipe terá componentes em quantidade suficiente para montar uma exposição. Segundo ele, a equipe tem pela frente o trabalho de restauração. Os números originais de série dos motores já foram apagados, o que dificulta a identificação. "Queremos que as peças nos contem toda a história, incluindo a reentrada na atmosfera a 8.000 quilômetros por hora e o impacto na superfície do oceano." Ainda não se sabe quando ou onde serão expostos os objetos. A intenção de Bezos é colocá-los no Museu Nacional do Ar e do Espaço Smithsonian de Washington.

                                       Expedição Bezos - Bezos Expeditions/Reuters

"Esse é um achado histórico. Parabenizo a equipe por sua determinação na recuperação destes importantes artefatos de nossos primeiros esforços para enviar seres humanos além da órbita da Terra", afirmou o diretor da agência espacial americana, Charles Bolden. "Esperamos ansiosamente a restauração destes motores por parte da equipe de Bezos e aplaudimos o desejo de fazer com que estes artefatos históricos sejam expostos ao público."

Fonte: Veja.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Sonda Voyager está no "helioabismo", dizem cientistas

A sonda Voyager 1, lançada em 1977 para explorar os planetas mais distantes, entrou em uma nova região no seu caminho para fora do Sistema Solar, disseram cientistas nesta quarta-feira.

As sondas espaciais Voyager 1 e 2 estão no espaço desde 1977 e viajaram, somadas, 33 bilhões de quilômetros Foto: Nasa / Divulgação


A sonda, que está agora a mais de 18 bilhões de quilômetros, detectou duas mudanças claras e relacionadas no seu ambiente em 25 de agosto de 2012, escreveram os cientistas em um trabalho a ser publicado na revista Geophysical Research Letters.
 
As mudanças dizem respeito aos níveis de dois tipos de radiação: uma que permanece dentro do Sistema Solar e outra que vem do espaço interestelar. O número de partículas dentro da bolha do Sistema Solar no espaço, uma região chamada de heliosfera, diminuiu a menos de 1% dos níveis anteriormente detectados, ao passo que a radiação de fontes interestelares mais do que dobrou, segundo o astrônomo Bill Webber, professor emérito da Universidade Estadual do Novo México, em Las Cruces, e principal autor do estudo.

No entanto, os cientistas ainda não arriscam dizer que a Voyager já esteja no espaço interestelar. A sonda, lançada do Cabo Canaveral em 5 de setembro de 1977, pode estar agora em uma região limítrofe antes desconhecida, entre a heliosfera e o espaço interestelar. Webber se refere a essa área como "helioabismo". "Está fora da heliosfera normal", disse ele em nota. "Tudo o que estamos mensurando é diferente e interessante."

Em dezembro, cientistas disseram que a Voyager havia chegado a uma "rodovia magnética" em que as linhas do campo magnético do Sol se ligam às linhas do campo magnético do espaço interestelar.

"Acreditamos que essa seja a última perna da nossa viagem até o espaço interestelar", disse na época o cientista Edward Stone, envolvido no projeto da Voyager. "Nossa aposta é de que faltam provavelmente entre alguns meses e um par de anos."

Em nota nesta quarta-feira, Stone disse que são necessários outros indícios de que a Voyager tenha saído do Sistema Solar, pois há um consenso de que isso ainda não aconteceu. "Uma mudança na direção do campo magnético é o último indicador crítico de chegada ao espaço interestelar, e essa mudança de direção ainda não foi observada", disse ele.

A Voyager 1 e a sonda-irmã Voyager 2 foram lançadas com 16 dias de diferença, em 1977, para passarem ao largo de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A Voyager 2 viaja em outro caminho, também rumo aos limites do Sistema Solar, e se acredita que ainda não tenha atingido a "rodovia magnética" que leva ao espaço interestelar

terça-feira, 19 de março de 2013

Bóson de Higgs finalmente foi confirmado

Em 4 de julho de 2012, duas equipes de cientistas que trabalham de forma independente no acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) anunciaram o resultado de suas pesquisas: a observação do que parecia ser um novo tipo de partícula.

Tais resultados iniciais indicavam tratar-se do bóson de Higgs.
Parte do Modelo Padrão de partículas da física, o bóson de Higgs seria a partícula elementar do campo de Higgs, que confere massa às demais partículas.O anúncio da descoberta de um bóson que podia ser o de Higgs era promissor, porém, mais análises eram necessárias para confirmar que a nova partícula realmente era o parecia.
Agora, na Conferência Moriond na Itália, as mesmas equipes anunciaram o resultado da análise de um volume maior de dados (duas vezes e meia maior), e determinaram que a partícula é, de fato, o bóson de Higgs.
Eles chegaram à esta conclusão analisando como a partícula interage com outras e quais suas propriedades quânticas.
Mas o trabalho ainda não terminou. Existem várias teorias que preveem bósons de Higgs ligeiramente diferentes. O próximo passo é determinar qual modelo corresponde a partícula encontrada, se é o modelo padrão ou algum modelo que vai além dele.
Para isto, os cientistas terão que observar o máximo de decaimento de bósons de Higgs, para ver em que partículas eles decaem. Serão necessários mais testes que poderão levar bastante tempo. Quanto tempo? A detecção de bósons acontece uma vez a cada um trilhão de colisões de prótons.
Por enquanto, com o que se sabe do bóson, ele pode significar o fim do universo no futuro distante. A massa do bóson de Higgs é uma parte importante de um cálculo que determina o futuro do espaço e do tempo. A massa encontrada, 126 vezes a massa do próton, está com o valor necessário para criar um universo fundamentalmente instável, que sofrerá um cataclisma em algumas dezenas de bilhões de anos.
“Pode ser que o universo em que vivemos seja inerentemente instável, e em algum ponto daqui a bilhões de anos tudo será apagado”, comentou Joseph Lykken, físico teórico do Laboratório do Acelerador Nacional Fermi, em Batavia, Illinois, EUA, um dos colaboradores do experimento.

Fonte: [LiveScience, ScienceDaily, Reuters, The Universe (Facebook), CERN, HypeScience]

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cientistas caçam estranha antimatéria no manto da Terra

Cientistas identificaram provisoriamente várias partículas no fundo do manto da Terra, que poderiam revelar quanto calor o planeta produz e confirmar se a Terra se formou a partir de materiais vindos do sol.
As partículas são chamadas de geoneutrinos, ou antimatérias de neutrinos (partículas exóticas fundamentais que podem passar através da Terra), que se formam no fundo do manto da terra.


Geoneutrinos

Cada partícula de matéria tem uma partícula de antimatéria correspondente, que é idêntica, mas tem uma carga oposta. Quando as duas se encontram, aniquilam uma a outra.
Quando a Terra se formou, os elementos radioativos tório e urânio foram distribuídos no interior do planeta em concentrações diferentes na crosta (camada mais externa da Terra) e no manto.
Conforme esses elementos decaem radioativamente dentro do manto, emitem calor e formam partículas subatômicas conhecidas como geoneutrinos.
O calor formado a partir dessa decadência é o motor que impulsiona o movimento do material viscoso que forma o manto da Terra. Esse movimento, por sua vez, pode afetar as placas tectônicas, causando terremotos.
Os cientistas têm modelos para prever quanto calor é gerado no interior da Terra, mas a medição se provou complicada. Isso se deve, em parte, ao fato de que o manto está quilômetros abaixo da superfície da Terra, por isso, “se você quiser entender quanto calor é produzido por esses elementos radioativos, a única maneira é através dos geoneutrinos”, explicou um coautor do estudo, Aldo Ianni, físico do Laboratório Nacional de Gran Sasso, na Itália.

A pesquisa

Para fazer isso, os pesquisadores do laboratório subterrâneo de Gran Sasso, que está a quase 1,6 km abaixo de uma montanha na Itália, procuraram por sinais em uma vasta piscina de líquido a base de óleo que cintila, ou produz flashes de luz quando partículas como prótons passam através dele.
Quando geoneutrinos passam pelo líquido cintilante, se chocam com os prótons e emitem um pósitron e um nêutron, criando um sinal distintivo.
Muitas das partículas que os cientistas identificaram inicialmente na verdade vieram de reatores nucleares de usinas próximas. Mas através da medição dos níveis de energia dos neutrinos, eles puderam isolar os 30% que vieram do manto da Terra.
Os geoneutrinos são criados a partir do decaimento radioativo do tório e urânio em uma reação que libera uma quantidade conhecida de calor. Como resultado, a frequência com que os pesquisadores encontram essas partículas pode revelar a quantidade de elementos radioativos à espreita no manto da Terra, e por sua vez a quantidade de calor que geram. Isso pode ajudar os cientistas a aperfeiçoar seus conhecimentos das placas tectônicas.
E também pode confirmar a teoria de que a Terra se formou a partir do sol, de acordo com Ianni.
Meteoritos que vêm da história primitiva do sistema solar contêm proporções distintas de urânio e tório que espelham a composição da superfície do sol. Ao comparar essa relação com a quantidade encontrada no interior da Terra, os pesquisadores podem confirmar as origens solares do planeta.

Fonte: [LiveScience], HypeScience

domingo, 17 de março de 2013

Descoberto o sistema estelar mais próximo

De acordo com um artigo que será publicado na revista Astrophysical Journal Letters, um par de estrelas recém-descobertas é o terceiro sistema estelar mais próximo do Sol.


© WISE/Gemini (sistema estelar observado)
A dupla é o sistema mais próximo descoberto desde 1916. A descoberta foi feita por Kevin Luhman, professor de Astronomia e Astrofísica da Universidade Penn State e pesquisador do Centro para Exoplanetas e Mundos Habitáveis da mesma instituição.
Ambas as estrelas no novo sistema binário são "anãs castanhas", que são estrelas muito pequenas em massa para se tornarem quentes o suficiente para iniciar a fusão do hidrogênio. Como resultado, são muito frias e tênues, mais parecidas com um planeta gigante como Júpiter do que uma estrela brilhante como o Sol.
"A distância a esta anã castanha é de 6,5 anos-luz, tão perto que as transmissões televisivas da Terra de 2006 está agora lá chegando," afirma Luhman. "Vai ser um excelente terreno de caça planetária porque está muito próximo da Terra, o que torna muito mais fácil ver todos os planetas que orbitam qualquer das anãs castanhas."
O sistema estelar é chamado "WISE J104915.57-531906" porque foi descoberto num mapeamento de todo o céu obtido pelo satélite WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA.
O WISE J104915.57-531906 foi descoberto através do seu movimento rápido pelo céu, que é visto nestas imagens obtidas entre 1978 e 2010 pelo Digitized Sky Survey, pelo Two Micron All-Sky Survey, pelo satélite WISE.

© NASA (imagens obtidas entre 1978 e 2010 do sistema estelar)
Este sistema estelar está apenas um pouco mais longe do que a segunda estrela mais próxima, a estrela de Barnard, que foi descoberta a 6 anos-luz do Sol em 1916. O sistema estelar mais próximo consiste das estrelas Alpha Centauri, descoberta em 1839 a 4,4 anos-luz e da mais tênue Proxima Centauri, descoberta em 1917 a 4,2 anos-luz.
Edward Wright, investigador principal do WISE, disse: "um dos principais objetivos ao propôr o WISE era encontrar as estrelas mais próximas do Sol. O WISE 1049-5319 é de longe a estrela mais próxima encontrada até ao momento com os dados do WISE, e as ampliações deste sistema binário que podemos obter com grandes telescópios como o Gemini e o futuro telescópio espacial James Webb vão-nos dizer muito sobre as estrelas de baixa massa conhecidas como anãs castanhas".
Os astrônomos há muito que especulavam acerca da possível presença de um objeto distante e tênue em órbita do Sol, que é às vezes chamado de Némesis. No entanto, conclui Luhman, "nós podemos descartar que o novo sistema duplo é o tal objeto porque move-se pelo céu demasiado depressa para estar em órbita do Sol."
Para descobrir o novo sistema estelar, Luhman estudou as imagens do céu que o satélite WISE obteve durante um período de 13 meses que terminou em 2011. Durante a sua missão, o WISE observou cada ponto no céu 2 a 3 vezes. "Nestas imagens, era capaz de saber se este sistema movia-se rapidamente através do céu, uma bela pista que indicava que provavelmente estava muito perto do nosso Sistema Solar," afirma Luhman.
Depois de perceber o seu rápido movimento nas imagens do WISE, Luhman foi em busca da detecção do sistema suspeito em estudos estelares mais antigos. Ele descobriu que de fato tinha sido detectado em imagens entre 1978 e 1999 pelo "Digitized Sky Survey", pelo "Two Micron All-Sky Survey", e pelo "Deep Near Infrared Survey of the Southern Sky". "Com base no movimento deste sistema binário nas imagens do estudo WISE, fui capaz de extrapolar no passado para prever onde deveria ter sido localizado nos estudos mais antigos e, com certeza, lá estava ele," acrescenta Luhman.
Ao combinar as detecções do sistema estelar em vários estudos, Luhman foi capaz de medir a sua distância via paralaxe, que é o deslocamento aparente de uma estrela no céu devido à órbita da Terra em torno do Sol. Ele então usou o telescópio Gemini South em Cerro Pachón, no Chile, para obter o seu espectro, o que demonstrou que tinha uma temperatura muito fria e, portanto, eram anãs castanhas. "Como um bônus inesperado, as imagens nítidas do Gemini também revelaram que o objeto era na realidade não apenas uma estrela, mas um par de anãs castanhas que orbitavam uma à outra," realça Luhman.
"Existem milhares de milhões de pontos de luz no céu, e o mistério é saber qual pode ser uma estrela que está muito perto do nosso Sistema Solar."

Fonte: CCVAlg, Cosmonovas.blogspot


sábado, 16 de março de 2013

Moléculas na atmosfera de exoplaneta

Uma equipe de cientistas detectou vapor de água e monóxido de carbono num exoplaneta. Medições dão indicações sobre formação de sistema estelar.

© Instituto Dunlap (ilustração do sistema planetário HR 8799)

O planeta HR 8799c é um gigante girando em torno de uma estrela a 130 anos-luz de distância da Terra, descoberto em 2008.
Agora, os cientistas conseguiram detectar moléculas de monóxido de carbono e vapor de água na sua atmosfera quente através de um potente espectrógrafo, algo que nunca tinha sido feito com esta precisão. Pode-se dizer que este é um sistema jovem. A estrela HR 8799, que tem cerca 1,5 vez o tamanho do Sol e é cinco vezes mais brilhante do que ele, nasceu há 30 milhões de anos, muito antes da linhagem humana evoluir na África, mas há pouquíssimo tempo se compararmos esta data com os 4,6 bilhões de anos que o Sol possui.
Conhecem-se ao todo quatro planetas gigantes orbitando em torno desta estrela, todos maiores do que Júpiter. Devido ao seu tamanho e ao seu brilho foram identificados por observação direta.
O planeta HR 8799e, o mais interno dos achados, tem aproximadamente nove vezes a massa de Júpiter, o maior do nosso Sistema Solar. Ele está 14,5 vezes mais longe de sua estrela do que a Terra está do Sol.
Já o planeta HR 8799d é ainda maior, com dez vezes a massa de Júpiter. Ele leva cerca de cem dias da Terra para orbitar sua estrela.
Também com dez vezes a massa de Júpiter, o HR 8799c teve alguns detalhes da atmosfera revelados. Ao estudarem a luz refletida pelo planeta, os cientistas identificaram que sua atmosfera tem água e carbono.
O planeta mais externo do grupo, HR 8799b, tem cerca de sete vezes a massa de Júpiter. Ele está 68 vezes mais longe da estrela do que a Terra está do Sol.
Apesar das fortes evidências, os planetas ainda são considerados candidatos.
“O sistema só tem 30 milhões de anos de idade o que faz com que os planetas sejam muito quentes, cerca de 726ºC e por isso são mais fáceis de se observarem”, explica Bruce Macintosh, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, Califórnia, Estados Unidos.
O planeta HR 8799c é o segundo planeta mais distante. Está, comparativamente, tão longe da sua estrela como Plutão está do Sol. É um planeta gasoso gigante, e a equipe inspecionou a sua atmosfera no Observatório Keck no Havai, com um espectrógrafo de alta resolução chamado OSIRIS que consegue observar uma região muito localizada e distante no céu. E permite descobrir as impressões digitais de moléculas específicas.
Foi observada a região do espectro luminoso situada no infravermelho, uma região de onde o planeta, devido às altas temperaturas, emite mais brilho. “A técnica divide a luz do planeta em muitas porções pequenas ao longo de uma região do infravermelho. E podemos medir pequenas mudanças no brilho que correspondem às propriedades da água e do monóxido de carbono”, disee Travis Barman, do Observatório de Lowell, Arizona.
Ao contrário da atmosfera de Júpiter, que contém metano, no caso da atmosfera do planeta HR 8799c não foi encontrada esta molécula. Os cientistas defendem que devido às altas temperaturas o carbono tende a transformar-se em monóxido de carbono e não em metano.
A proporção das duas moléculas encontradas foi o suficiente para os pesquisadores compreenderem melhor como se formou este longínquo sistema estelar. As medições permitiram verificar que a atmosfera continha mais monóxido de carbono do que vapor de água. “Isto significa que a atmosfera deste planeta tem menos vapor de água do que o esperado se o planeta tivesse a composição da estrela em que orbita. No início haveria muitas partículas de gelo no disco planetário original que rodeava a estrela, depois desta formar-se, e estas partículas de gelo condensaram-se nas regiões frias do disco”, explica Quinn Konopacky, pesquisadora da Universidade de Toronto.
Depois, estas partículas terão agregado continuamente até formarem planetas suficientemente grandes, cuja massa foi capaz de reter atmosfera pela força da gravidade. A este processo de formação de planetas chama-se acreção e é o mesmo que se pensa que tenha acontecido durante a formação do nosso Sistema Solar.

Fonte: Science

sexta-feira, 15 de março de 2013

Planeta gigante pode ter escapado do nosso sistema solar

Um ou até mesmo dois planetas gigantes podem ter habitado nosso sistema solar em suas origens, na companhia de Júpiter, Saturno, Netuno e Urano.
Modelos de computador que mostram como nosso sistema solar se formou sugerem que os planetas, presos uns aos outros gravitacionalmente no espaço, só estabeleceram suas órbitas atuais ao longo de bilhões de anos.


Durante mais de 6 mil simulações da fase de dispersão planetária, o cientista planetário David Nesvorny descobriu que um sistema solar que começasse com quatro planetas gigantes, como se acredita atualmente (Júpiter, Saturno, Netuno e Urano) só teria uma chance de 2,5% de ter uma órbita como a que vemos hoje.
Entretanto, um modelo que indica que nosso sistema solar começou com cinco gigantes é cerca de 10 vezes mais propenso a ser correto. O planeta que foi expulso do sistema solar teria massa parecida com Urano e Netuno. Ele teria sido possivelmente um “gigante de gelo” rico em matéria gelada.
O modelo de computador permitiu que Nesvorny criasse um vídeo que mostra o planeta extra do nosso sistema solar em sua formação.
Pesquisadores acreditam que quando o sistema solar tinha cerca de 600 milhões de anos, ele passou por um grande período de instabilidade que dispersou desde os planetas gigantes até os menores. Encontros gravitacionais com Júpiter teriam expulsado o misterioso planeta gigante que existiu por aqui aproximadamente quatro bilhões de anos atrás.
Um grande número de mundos flutuando livremente tem sido descoberto recentemente no espaço interestelar. Com isso, é possível considerar que a ejeção de planetas de sistemas solares sejam comuns.

Fonte:HypeScience , Space

quinta-feira, 14 de março de 2013

A hidroelétrica que reduziu a velocidade de rotação da Terra

A Hidrelétrica de Três Gargantas é a central hidrelétrica com maior barragem e maior represa do mundo, e, segundo alguns, é tão grande que teria alterado a velocidade de rotação da Terra.


Mas será que isto é verdade? O que esta barragem teria de tão especial para alterar a rotação da Terra, se é que isto é possível?
A Represa das Três Gargantas interrompe o fluxo do rio Yangtze, o maior rio da China, na província de Hubei. O lago produzido pela alagação tem 660 km de comprimento e 1,12 km de largura, em média, com uma superfície total de 1.045 km². O volume total de água é 39,3 km³, pesando mais de 39 trilhões de quilogramas.
Elevar 39 trilhões de quilogramas de água a 175 metros acima do nível do mar altera o momento de inércia da Terra, reduzindo a velocidade de rotação do planeta. É um fenômeno semelhante ao que acontece quando um patinador encolhe os braços e gira mais rápido, e vice-versa.
Só que, no caso da Terra, 39 trilhões de quilogramas não é muita coisa – e essa diferença, apesar de existir, é praticamente imperceptível.
Usando cálculo semelhante ao que foi feito quando o terremoto do Japão foi acusado de encurtar os dias na Terra, cientistas da Nasa chegaram a conclusão que o dia deve ficar 0,06 microssegundos mais comprido com a elevação dessa massa.
Também deve alterar bem pouco a posição do eixo da Terra, em 2 centímetros, além de deixá-la um pouco mais alongada no equador e chata nos polos. [The Energy Library TEL 2, JPL Nasa, Nasa News]

quarta-feira, 13 de março de 2013

Nasa: amostra de rocha aponta que Marte pode ter abrigado vida

Os dados indicam que na área da baía de Yellowknife houve um antigo rio que poderia  ter abrigado os componentes químicos necessários para criar condições favoráveis à vida.

Na primeira imagem aparece amostras de rochas de Marte coletadas pela sondas Opportunity (esq.) e Curiosity Foto: Nasa/Divulgação

A agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês) informou nesta terça-feira que a análise de uma amostra de rocha recolhida pelo robô Curiosity em Marte revelou que o planeta vermelho pode ter abrigada vida.

Os cientistas identificaram enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono, alguns dos ingredientes químicos essenciais para a vida.

"Uma questão fundamental para esta missão era a de se Marte poderia ter contado com um ambiente habitável", disse Michael Meyer, cientista chefe do Programa de Exploração de Marte na sede da agência em Washington. "Pelo que sabemos agora, a resposta é sim", afirmou.

Segundo a Nasa, as chaves para este entorno habitável provêm dos dados devolvidos pela análise de amostras do jipe robô explorador e os instrumentos de Química e Mineralogia (CheMin) com os quais conta.

Os dados indicam que na área da baía de Yellowknife, onde o Curiosity esteve explorando, houve um antigo rio ou um pequeno lago que poderia ter abrigado os componentes químicos necessários para criar condições favoráveis para a vida de micróbios.

A perfuração onde o robô obteve a amostra foi realizada a poucas centenas de metros de distância de onde o Curiosity encontrou um antigo leito no ano passado.

O Curiosity, que aterrissou na superfície de Marte na madrugada de 6 de agosto de 2012, completará uma missão de dois anos em solo marciano.

Fonte: EFE, Terra, Nasa

terça-feira, 12 de março de 2013

Curiosity Rover's Recovery Moving Forward

PASADENA, Calif. - NASA's Mars rover Curiosity continues to move forward with assessment and recovery from a memory glitch that affected the rover's A-side computer. Curiosity has two computers that are redundant of one another. The rover is currently operating using the B-side computer, which is operating as expected.

This artist concept features NASA's Mars Science Laboratory Curiosity rover, a mobile robot for investigating Mars' past or present ability to sustain microbial life. Image credit: NASA/JPL-Caltech 

 Over the weekend, Curiosity's mission operations team continued testing and assessing the A-side computer's memory.

"These tests have provided us with a great deal of information about the rover's A-side memory," said Jim Erickson, deputy project manager for the Mars Science Laboratory/Curiosity mission at NASA's Jet Propulsion Laboratory, Pasadena, Calif. "We have been able to store new data in many of the memory locations previously affected and believe more runs will demonstrate more memory is available."

Two software patches, targeting onboard memory allocation and vehicle safing procedures, are likely to be uplinked later this week. After the software patches are installed, the mission team will reassess when to resume full mission operations.

Controllers switched the rover to a redundant onboard computer, the rover's "B-side" computer, on Feb. 28 when the "A-side" computer that the rover had been using demonstrated symptoms of a corrupted memory location. The intentional side swap put the rover, as anticipated, into minimal-activity safe mode. Curiosity exited safe mode on Saturday, March 2, and resumed using its high-gain antenna the following day.

The cause for the A-side's memory symptoms remains to be determined.

NASA's Mars Science Laboratory Project is using Curiosity to assess whether areas inside Gale Crater ever offered a habitable environment for microbes. JPL, a division of the California Institute of Technology in Pasadena, manages the project for NASA's Science Mission Directorate in Washington.

More information about Curiosity is online at http://www.jpl.nasa.gov/msl , http://www.nasa.gov/msl and http://mars.jpl.nasa.gov/msl/ . You can follow the mission on Facebook at: http://www.facebook.com/marscuriosity and on Twitter at: http://www.twitter.com/marscuriosity .


Fonte:JPL, NASA.

A galáxia Andrômeda pode ter nascido de uma colisão

A mais próxima galáxia em espiral da Via Láctea, Andrômeda, nasceu quando duas outras pequenas galáxias colidiram, de acordo com cientistas.


Pesquisadores de várias nações construíram uma simulação computadorizada da forma com que Andrômeda evoluiu. O resultado mostra que duas pequenas galáxias colidiram 9 bilhões de anos atrás. 5 bilhões de anos atrás elas se fundiram definitivamente, formando a nossa galáxia vizinha.
As simulações foram feitas no Observatório Astronômico Nacional da China. Os cientistas usaram oito milhões de partículas para simular estrelas, gás e matéria escura. Segundo os pesquisadores, o estudo também pode fornecer informações úteis para entendermos melhor a formação da nossa própria galáxia.
Segundo os cientistas, apesar de termos conseguido detectar galáxias muito distantes, ainda nos falta conhecimento sobre as mais próximas.

  Fonte: BBC

segunda-feira, 11 de março de 2013

Título de estrela mais fria do Universo está em novas mãos

Cientistas franceses anunciaram nesta semana a descoberta de uma estrela cuja temperatura parece ser de cerca de 100ºC, ponto de fervura da água. Esse número projeta a nova estrela, localizada a cerca de 75 anos-luz da Terra, como a mais fria já registrada pela astronomia.


A rigor, não se trata de uma estrela comum, e sim o que os astrônomos chamam de “Anã-marrom”. Trata-se uma classificação para os astros que deveriam se tornar estrelas, mas “não conseguiram” (estrelas fracassadas). Basicamente, é um corpo celeste que não conseguiu reunir hidrogênio suficiente em seu núcleo para tornar-se uma estrela, mas é mais densa do que um planeta.
Esta nova Anã-marrom (que por enquanto é identificada apenas pelo nome técnico CFBDSIR 1458+10B), vista a partir de um observatório espacial localizado no Chile, foi descoberta por representantes de duas entidades científicas da França. Eles consideram que é possível achar corpos celestes ainda mais frios em breve, procurando no complexo de anãs-marrons onde a CFBDSIR 1458+10B está inserida.
Para comparação: o nosso Sol apresenta uma temperatura de 5500ºC na superfície, ou seja, cerca de 55 vezes mais do que esta nova descoberta.

Fonte: [LiveScience]

domingo, 10 de março de 2013

Encontrada uma rara supernova

A estrela Eta Carinae está pronta para explodir.



© CfA/PS1 Science Consortium (localização da supernova PS1-12sk)

A 170 anos atrás, esse objeto com uma massa 100 vezes maior que a massa do Sol, expeliu uma massa equivalente a alguns sóis em forma de gás em uma erupção que fez dela a segunda estrela mais brilhante no céu, ficando atrás somente da estrela Sirius. Esse foi o evento precursor do ato principal, já que ela eventualmente se tornará uma supernova.
As supernovas são explosões de estrelas massivas que são comuns de acontecerem em galáxias espirais como a Via Láctea, onde novas estrelas estão se formando a todo momento. Elas quase não são observadas em galáxias elípticas, onde o processo de formação de estrelas praticamente já se encerrou. Por esse motivo, os astrônomos se surpreenderam ao encontrar uma supernova aparentemente recente numa galáxia antiga. A supernova PS1–12sk, foi descoberta com o telescópio Pan-STARRS em Haleakala, e pode ser considerada rara por vários fatores.
“Essa supernova é única”, disse Nathan Sanders do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), e principal autor do artigo que relata a descoberta. “E definitivamente está na vizinhança errada”.
Com base na presença de hélio e outras propriedades, a PS1–12ks é classificada como um tipo muito raro de supernova conhecido como Tipo Ibn, somente um sexto de todas as milhares de supernovas já identificadas são desse tipo. Embora a origem desse tipo de supernova não seja claro, a principal causa provavelmente parece ter sido a explosão de uma massiva estrela que anteriormente havia ejetado massivas quantidades de gás hélio, algo muito parecido com o que aconteceu com a Nebulosa do Homúnculo de Eta Carinae.
Essa origem foi apoiada pelo fato de que as cinco supernovas do Tipo Ibn identificadas anteriormente foram todas encontradas em galáxias parecidas com a Via Láctea que estão formando estrelas de forma ativa. Como as estrelas massivas não vivem muito, elas também não se afastam muito do lugar onde nasceram antes de explodir.
A supernova PS1–12sk é diferente. Ela foi encontrada nos subúrbios de uma brilhante galáxia elíptica localizada a aproximadamente 780 milhões de anos-luz da Terra. O local da sua explosão não mostra sinais de formação recente de estrelas, e uma supernova de uma estrela massiva nunca foi vista antes numa galáxia desse tipo.
“Poderia ter sido apenas uma jogada de sorte termos achado essa supernova. Mas a sorte sempre favorece quem está preparado”, disse a segunda autora do trabalho Alicia Soderberg do CfA.
A descoberta sugere que a galáxia hospedeira possa estar escondendo uma fábrica de estrelas, permitindo que estrelas massivas estejam se formando onde elas não eram esperadas. De forma alternativa, a PS1–12sk pode ter uma origem inteiramente diferente como a colisão de duas anãs brancas, uma delas sendo rica em hélio.
“Será que essa é uma estrela fugitiva de um outro local de formação de estrelas? Será que ela pertence a um local bem específico de formação de estrelas? Nenhuma dessas alternativas parecem ser muito prováveis, então temos um verdadeiro mistério para resolver”, disse o coautor John Tonry, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.
A pesquisa foi submetida para publicação no The Astrophysical Journal.

Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

quinta-feira, 7 de março de 2013

Cometas trouxeram a vida para a Terra?

Uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley e da Universidade do Havaí em Manoa, ambas nos EUA, traz evidências de que cometas como o Halley podem ter sido um terreno fértil para moléculas complexas como dipeptídeos.


Sendo assim, quando colidiriam com a Terra milhões de anos atrás, podem ter trazido essas moléculas e semeado o crescimento de proteínas mais complexas e açúcares necessários para o surgimento da vida no nosso planeta.

Origem da vida na Terra

Os cientistas acreditam que a Terra foi fundida quando se formou, há 4,6 bilhões de anos. Ela teria permanecido assim durante os primeiros 50 a 100 milhões anos de existência, e tal calor sugere que o planeta estava seco.
Quando surgiu a água na Terra, então? Que tipo de coisa carregada com água poderia ter atingido nosso planeta? Os cometas são a resposta óbvia. Esses pedaços gigantes de gelo, juntamente com asteroides rochosos, que são os restos da formação do sistema solar, podem ter trazido água a Terra.
Além disso, os astrônomos acreditam que as superfícies de cometas são revestidas com compostos orgânicos, o que sugere que também podem ter fornecido outros ingredientes essenciais para a vida.
No entanto, enquanto os cientistas já descobriram moléculas orgânicas básicas, tais como aminoácidos, em numerosos meteoritos que caíram na Terra, eles têm sido incapazes de encontrar estruturas mais complexas moleculares que são pré-requisitos para a biologia do nosso planeta. Como resultado, a maioria assume que a química realmente complicada da vida deve ter se originado nos oceanos primitivos da Terra.

O novo estudo

Agora, uma nova experiência que simulou condições do espaço profundo revelou que os blocos de construção complexos da vida poderiam ter sido criados na poeira interplanetária gelada do espaço e levados para a Terra a partir de cometas, por exemplo.
Em uma câmara de ultravácuo refrigerada a 10 graus acima do zero absoluto (-273,15°C), a equipe havaiana simulou uma bola de neve gelada no espaço, que continha dióxido de carbono, amônia e vários hidrocarbonetos, como metano, etano e propano.
Quando ela foi atingida com elétrons de alta energia para simular os raios cósmicos do espaço, as substâncias químicas reagiram e formaram compostos orgânicos complexos, especificamente dipeptídeos, essenciais para a vida.
Na Universidade de Berkeley, os cientistas então analisaram os resíduos orgânicos através de um instrumento ultrassensível para identificação de pequenas moléculas do sistema solar, e esta análise revelou a presença de moléculas complexas – nove aminoácidos diferentes e pelo menos dois dipeptídeos, capazes de catalisar a evolução biológica na Terra.
Em resumo, os pesquisadores mostraram que as condições no espaço são capazes de criar dipeptídeos complexos – pares ligados de aminoácidos -, que são blocos de construção essenciais compartilhados por todas as coisas vivas.
A descoberta abre a porta para a possibilidade de que estas moléculas foram trazidas para a Terra a bordo de um cometa ou, possivelmente, de meteoritos, que catalisaram a formação de proteínas (polipéptidos), enzimas e moléculas ainda mais complexas, tais como açúcares, no nosso planeta.
“É fascinante considerar que os mais básicos blocos bioquímicos que deram origem à vida na Terra podem ter tido uma origem extraterrestre”, disse o químico Richard Mathies.

Fonte:[PhysOrg]

domingo, 3 de março de 2013

O enigma da rotação dos buracos negros

Dois observatórios de raios X, o Nuclear Spectroscopic Telescope Array (NuSTAR) da NASA e o SMM-Newton da ESA, mediram de forma definitiva, pela primeira vez, a taxa de rotação de um buraco negro com uma massa equivalente a 2 milhões de vezes a do Sol.


© JPL (ilustração de um buraco negro)

O buraco negro supermassivo localiza-se no coração repleto de gás e poeira da galáxia conhecida como NGC 1365, e está girando a uma velocidade quase tão rápida quanto a permitida pela teoria da gravidade de Einstein.


© SSRO (galáxia NGC 1365)

A descoberta resolve um debate de longa data na astronomia sobre medidas similares feitas em outros buracos negros e levarão a entender melhor como eles e as galáxias se desenvolvem.
“Isso é muito importante para o campo da ciência dos buracos negros”, disse Lou Kaluzienski, um cientista do programa NuSTAR na sede da NASA em Washington.
As observações também funcionam como um poderoso teste para a teoria da relatividade geral de Einstein, que diz que a gravidade pode curvar o espaço-tempo, a fábrica que forma o nosso Universo, e a luz que viaja através dela.
“Nós podemos traçar a matéria à medida que colapsa em rotação na direção do buraco negro, usando os raios X emitidos das regiões muito próximas do objeto”, disse a coautora do novo estudo, Fiona Harrison, pesquisadora principal do NuSTAR e sediada no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. “A radiação que nós observamos é dobrada e distorcida pelos movimentos das partículas e pela extrema gravidade do buraco negro”.
O NuSTAR, da missão Explorer, lançada em Junho de 2012, foi desenhado para detectar os raios X de mais alta energia e em grande detalhe. Ele complementa telescópios que observam raios X de baixa energia como o XMM-Newton e como o observatório de raios X Chandra, da NASA. Os cientistas usam esses e outros telescópios para estimar a taxa com a qual os buracos negros executam o seu movimento de rotação.
Até agora, essas medidas não eram certas pois as nuvens de gás podiam obscurecer os buracos negros confundindo os resultados. Com a ajuda do XMM-Newton, o NuSTAR foi capaz de ver um intervalo muito maior de energias de raios X e penetrar profundamente na região localizada ao redor do buraco negro. Os novos dados demonstram que os raios X não estão sendo dobrados pelas nuvens, mas sim pela tremenda gravidade do buraco negro. Isso prova que a taxa de rotação dos buracos negros supermassivos pode ser determinada de forma conclusiva.


© JPL (setor do espectro eletromagnético do XMM-Newton e NuSTAR)

“Se eu pudesse adicionar um instrumento ao XMM-Newton, esse instrumento seria um telescópio como o NuSTAR”, disse Norbert Schartel, cientista de Projeto do XMM-Newton do Centro da Agência Espacial Europeia em Madrid. “Os raios X de alta energia fornecem uma peça essencial para resolver esse problema”.
Medir a rotação de um buraco negro supermassivo é fundamental para entender sua história passada e da sua galáxia hospedeira também.
“Esses monstros, com massas de milhões a bilhões de vezes a massa do Sol, são formados como pequenas sementes no início do Universo e crescem engolindo estrelas e gás de suas galáxias hospedeiras, fundindo-se com outros buracos negros gigantes quando as galáxias colidem, ou ambos”, disse o autor principal do estudo Guido Risaliti do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge, Mass., e do Italian National Institute for Astrophysics.
Os buracos negros supermassivos são envoltos por discos de acreção, formados à medida que a sua gravidade puxa matéria para o seu interior. A teoria de Einstein prevê que quanto mais rápido um buraco negro gira, mais próximo do buraco negro o disco de acreção se localiza, e a gravidade do buraco negro irá dobrar o jato de luz de raio X que expeliu do disco.
Os astrônomos procuram por esses efeitos de dobras para analisar os raios X emitidos pelo ferro circulando no disco de acreção. Nesse novo estudo, eles usaram tanto o XMM-Newton, como o NuSTAR de forma simultânea para observar o buraco negro na NGC 1365. Enquanto que o XMM-Newton revelou que a luz do ferro estava sendo dobrada, o NuSTAR provou que essa distorção era proveniente da gravidade do buraco negro e não das nuvens de gás na sua vizinhança. Os dados do NuSTAR sobre os raios X de alta energia  mostraram que o ferro estava tão perto do buraco negro que a gravidade deveria causar esse efeito de dobra.
Com a possibilidade do obscurecimento das nuvens descartado, os cientistas podem agora usar as distorções na assinatura do ferro para medir a taxa de rotação do buraco negro. As descobertas podem ser aplicadas a alguns outros buracos negros, removendo assim as incertezas nas medidas anteriores da taxa de rotação dos mesmos.


Fonte: JPL e Nature



sábado, 2 de março de 2013

Falha no Curiosity interrompe investigações em Marte

Problema aconteceu na memória de um dos computadores utilizados para explorar a possibilidade de vida microbiana no planeta.


As operações do robô espacial Curiosity em Marte estão parcialmente paralisadas. Um problema de memória em um dos computadores utilizados foi anunciado nesta quinta-feira, 28, à noite, pela equipe do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa. A falha resulta em comprometimento momentâneo do robô utilizado para locomoção na busca por vida microbiana em solo marciano. A troca pelo equipamento reserva está sendo conduzida remotamente e deverá ser finalizada nos próximos dias.
O Curiosity possui dois computadores principais para garantir a segurança das informações. Caso algum falhe, o outro passa a operar. Esta alternância de computadores, do chamado lado-A para o lado-B, já aconteceu antes, durante parte do tempo de voo da Terra até Marte. A volta ao lado-A aconteceu em agosto, e só parou na quarta-feira, depois da falha. Enquanto as operações estão limitadas ao lado-B, a Nasa trabalha para determinar a melhor maneira de restaurar o lado-A.
A falha foi identificada na quarta-feira, depois que a Curiosity realizou os procedimentos de comunicação programados, mas não enviou as informações gravadas — apenas informações sobre a condição momentânea da nave. A informação revelou que o computador do lado-A não havia entrado no seu modo de espera, como planejado. De acordo com testes simulados no JPL, seria um indicativo de que alguma das memórias do computador estava corrompida.
A falha levou à suspensão das investigações feitas pela parte móvel da Curiosity até que o sistema seja restaurado. Nesta semana, instrumentos laboratoriais dentro deste robô móvel foram utilizados para fazer a análise das primeiras porções de terra coletadas do interior de uma rocha em Marte.

Fonte: Veja

sexta-feira, 1 de março de 2013

Astronauta brasileiro quer voltar ao espaço em 2015

Primeiro brasileiro a ir ao espaço, o astronauta Marcos Pontes planeja nova viagem para além da Terra nos próximos anos. Ainda sem uma definição clara sobre a data de sua próxima missão, Pontes disse esperar voltar ao espaço entre 2015 e 2016. Ele viajou para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em 2006, fazendo história ao ficar dez dias em órbita ao redor da Terra.


“2015 ou 2016, essa é minha expectativa. Provavelmente, numa missão com os russos, como da outra vez (a Rússia é um dos parceiros majoritários da ISS). Existe a possibilidade sim, e é o que estou esperando”, afirmou, após participar de um evento no Rio de Janeiro.

Ainda bastante reconhecido, Pontes era solicitado a tirar diversas fotos. Segundo ele, mesmo quase sete anos depois de ter ido ao espaço, muitas pessoas o param na rua e pedem fotos e autógrafos. O astronauta é lotado na Nasa, na qual é da área de manutenção da estação espacial. Ele atua como uma espécie de mecânico de voo, estando a postos para resolver qualquer problema de última hora na missão.

“Cada missão tem um custo muito alto para a Nasa. Cada tripulante num voo desses custa US$ 56 milhões”, comentou. Por isso, destaca, há um espaço grande entre uma missão e outra que um astronauta participa. Pontes lembra que se formou na Nasa em 1998, e só foi ao espaço oito anos depois. Da turma em que se formou, Pontes foi o segundo a ir ao espaço.

Para participar de uma missão da Nasa, Pontes fez o curso de astronauta, com duração de dois anos. Depois, se especializou e fez treinamentos específicos em outras áreas. Quando uma missão é definida, existe uma preparação especial com duração que varia de um ano a um ano e meio.

Muitos anos depois da ida ao espaço, Pontes relata que ainda tem muitas lembranças de lá. Questionado sobre qual a principal delas, ele diz que é a sensação de se sentir pequeno perto da grandeza da Terra, ao avistar o globo terrestre.

“Lembro de muita coisa de lá. A principal delas é quando você olha pra Terra, e se imagina, você se sente muito pequenininho. Essa sensação de me sentir insignificante por um lado, que fez nascer dentro de mim a necessidade de usar meu tempo de vida para fazer alguma coisa útil, de forma geral”, observa.

Além do trabalho na Nasa, Pontes é um dos três embaixadores da Organização das Nações Unidas (ONU) em todo o mundo, focados nas atividades de desenvolvimento industrial. O brasileiro criou uma fundação, voltada para trabalhos nos campos da educação, ciência e tecnologia para ensino fundamental e médio, além da sustentabilidade.

O astronauta também dá aulas no curso de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e se prepara para iniciar uma nova especialidade na instituição de ensino. “Criamos lá o curso de engenharia aeroespacial, para que entre no vestibular. Vai começar este ano. Espero que entre no vestibular 2013”, explicou.

O desejo de Pontes é que outros brasileiros também possam viajar para o espaço. Com o curso, ele espera facilitar esse caminho. “Quem sabe a gente não consiga colocar mais um lá. É meu sonho. Eu deixaria minha oportunidade para alguém”, argumenta.

Fonte: Terra

O nascimento de um planeta gigante?

Uma equipe internacional liderada por Sascha Quanz (ETH Zürich, Suíça) estudou o disco de gás e poeira em torno da estrela jovem HD100546, uma estrela relativamente próxima situada a 335 anos-luz de distância da Terra.


© ESO/L. Calçada (ilustração do protoplaneta ao redor de estrela)
A equipe surpreendeu-se ao descobrir o que parece ser um planeta em formação, ainda envolto no disco de material que rodeia a estrela. O candidato a planeta será um gigante gasoso semelhante a Júpiter.
“Até agora, a formação de planetas tem sido um tópico desenvolvido essencialmente por simulações de computador. Se a nossa descoberta for confirmada como realmente um planeta em formação, então pela primeira vez os cientistas poderão estudar de forma empírica o processo de formação planetária e a interação entre um planeta em formação e o seu meio circundante, desde a fase primordial”, diz Sascha Quanz.


© Hubble (disco de poeira ao redor da estrela HD100546)
A estrela HD100546 tem sido muito estudada e foi já sugerida a existência de um planeta gigante situado cerca de sete vezes mais longe da estrela do que a Terra se encontra do Sol. O candidato a planeta agora descoberto situa-se na região exterior do sistema, cerca de dez vezes mais longe. Esta distância é comparável ao tamanho das órbitas dos planetas anões do Sistema Solar exterior, tal como Éris e Makemake. Esta localização é controversa, já que não se enquadra bem nas atuais teorias de formação planetária. Atualmente, não é ainda claro se o candidato a planeta que foi  encontrado, se encontra nesta posição desde o início ou se, pelo contrário, migrou das regiões mais internas.
O possível protoplaneta foi detectado como uma tênue mancha situada no disco circunstelar, revelada graças ao instrumento de óptica adaptativa NACO, montado no VLT do ESO, e à técnica inovadora de análise de dados. As observações foram obtidas com o coronógrafo do NACO, que opera nos comprimentos de onda do infravermelho, suprimindo a intensa radiação emitida pela estrela na região onde se encontra o candidato a protoplaneta.


© ESO/VLT (protoplaneta ao redor da estrela HD100546)
De acordo com as atuais teorias, os planetas gigantes crescem ao capturar parte do gás e poeira que restam após a formação da estrela. Os astrônomos descobriram várias características na nova imagem do disco em torno de HD100546, que apoiam esta hipótese de formação de protoplaneta. Estruturas existentes no disco circunstelar poeirento, que poderiam ser causadas por interações entre o planeta e o disco, apareceram próximo do protoplaneta detectado. Existem também indícios de que as regiões em volta do protoplaneta estejam sendo aquecidas pelo processo de formação.
Adam Amara, outro membro da equipe, está entusiasmado com a descoberta. “A investigação sobre exoplanetas é uma das novas fronteiras da astronomia mais excitantes e a obtenção de imagens diretas de planetas é algo ainda muito recente, que só agora começa a ser explorado, se beneficiando das recentes inovações nos instrumentos e nos métodos de análise de dados. Neste trabalho utilizamos técnicas de análise de dados desenvolvidas especificamente para a investigação cosmológica, o que mostra que a partilha de ideias entre diferentes campos pode levar a progressos extraordinários.”
Embora a explicação mais provável para as observações obtidas seja a existência de um protoplaneta, os resultados deste estudo requerem observações suplementares para se confirmar a existência do planeta e invalidar outros cenários menos prováveis mas também plausíveis. Entre outras explicações possíveis, o sinal detectado pode estar sendo emitido por uma fonte de fundo. É igualmente possível que o objeto detectado não seja um protoplaneta, mas sim um planeta completamente formado, que tenha sido ejetado da sua órbita original, próxima da estrela. Quando se confirmar que o novo objeto em torno de HD100546 é, de fato, um planeta em formação, envolvido ainda pelo disco de gás e poeira progenitor, teremos então um laboratório único para estudar o processo de formação de um novo sistema planetário.

Fonte: ESO