quarta-feira, 14 de março de 2012

Viagem ao espaço pode causar danos ao cérebro e olhos

Astronautas que passam longos períodos no espaço tendem a sofrer problemas no cérebro e nos olhos, de acordo com estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, publicado nesta terça-feira no Journal Radiology. Os cientistas analisaram imagens de ressonância magnética de 27 astronautas que estiveram pelo menos um mês no espaço e notaram diferentes danos nos tecidos cerebrais e oculares.

Os astronautas avaliados haviam sido expostos à redução da gravidade em missões espaciais com uma média de duração de 108 dias, tanto em ônibus espaciais como a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS). As primeiras duram normalmente duas semanas, mas a passagem pela ISS pode levar mais de seis meses.

Dos 27 astronautas avaliados, nove pessoas tiveram uma expansão do fluido cérebro-espinhal (ou líquido cefalorraquidiano) ao redor do nervo óptico; seis sofreram um achatamento da parte de trás do globo ocular; quatro apresentaram uma curvatura anormal do nervo óptico; e três tiveram alterações na glândula pituitária – localizada entre os nervos ópticos – e em sua conexão com o cérebro.

Efeitos similares, que podem levar a problemas de visão, já foram observados em pacientes que costumam viajar muito de avião. Um dos efeitos, ainda não de todo entendido, é o aumento da pressão intracraniana. “Hipertensão intracraniana induzida por ausência de gravidade representa um fator de risco hipotético e uma limitação para viagens espaciais de longa duração”, explica Larry Kramer, principal autor do estudo.

Preocupação - Alguns danos das viagens espaciais à saúde, como perda de massa óssea e dores musculares temporárias, já eram conhecidos dos cientistas. Ainda assim, os resultados da nova pesquisa preocupam a Agência Espacial Americana (Nasa). “A Nasa colocou este problema no topo de sua lista de riscos e iniciou um programa abrangente para estudar seus mecanismos e implicações”, disse William Tarver, chefe de medicina de voo do Centro Espacial Johnson, da Nasa.

Tarver também comentou, em comunicado oficial, que a Nasa notou certas alterações na visão de alguns astronautas a borda da Estação Especial Internacional, mas que os problemas não foram totalmente compreendidos. Nenhum dos astronautas analisados na pesquisa foi classificado como inapto para futuros voos espaciais.

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