"Ainda carece de um bom investimento para terminar essa infraestrutura, que vai servir para dois sítios simultaneamente: um especificamente para lançar o Cyclone-4, parceria que nós temos com a Ucrânia, e o outro que é para lançar os nossos lançadores", disse o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.
O objetivo da Operação São Luís, que terminou em
tragédia no dia 22 de agosto de 2003, era colocar em órbita o satélite
meteorológico Satec, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), e o nanossatélite Unosat, da Universidade do Norte do Paraná.
Foi a primeira e única tentativa brasileira de colocar um satélite em
órbita a partir de uma base nacional.
O Brasil, no entanto, já voltou a fazer lançamentos a
partir da Base de Alcântara. Em 2010, foi lançado o foguete brasileiro
de médio porte VSB-30 V07. De 2004 a 2012, foram investidos pouco mais
de R$ 582 milhões em infraestrutura e sistemas para o Centro de
Lançamento de Alcântara. Nos próximos dois anos, a previsão do Programa
Nacional de Atividades Espaciais é que R$176 milhões sejam empregados
para o mesmo fim.
Segundo o presidente da AEB, o Brasil aprendeu muito com
a tragédia, principalmente no que diz respeito à prevenção de
acidentes. "Toda operação que envolve combustível pesado, como é o caso
espacial, tem que ter senhoras precauções. Digamos que a nossa primeira
iniciativa não foi focada nisso, porque a gente jamais poderia imaginar
que poderia acontecer aquele acidente. Foi fatal e foi uma surpresa
total para nós", reconheceu.
A construção de uma nova torre de lançamento foi
totalmente concluída e entregue em outubro de 2012, depois da realização
de testes que mostraram que a estrutura está preparada para um feito
inédito: lançar um foguete com satélite de uma base própria. Pelas
previsões da AEB, o foguete ucraniano Cyclone-4 será o primeiro a ser
lançado na base, fora da fase de testes, desde a explosão da torre. Pela
cooperação, firmada no mesmo ano do acidente, a Ucrânia é responsável
por desenvolver e fabricar os equipamentos do foguete.
Já ao Brasil cabe a construção da infraestrutura física e
de comunicações do Centro de Alcântara. Ainda não há data marcada para o
lançamento do foguete, mas a intenção é que isso ocorra em 2014. Para
que o Centro de Lançamento de Alcântara volte a operar, o novo projeto
de construção da torre envolveu ajustes, sobretudo na área de segurança.
Entre as novidades estão a instalação de sistema de proteção contra
descargas atmosféricas, a construção de uma área de fuga e a
automatização de sistemas.
"O posto de comando é belíssimo, competitivo com
qualquer outro do mundo. Tem modernidades que outros lugares não tem,
como, por exemplo, uma torre que se ajusta a vários tipos de
lançadores", explicou José Raimundo. Ainda segundo José Raimundo, os
planos para a base de Alcântara são audaciosos. Quando tudo estiver
pronto, a intenção é que ela seja usada para vender serviços a preços
mais competitivos.
"Nossa posição é bem embaixo da órbita geoestacionária.
Se você for lançar lá do Hemisfério Norte, longe do Equador, significa
muito mais combustível, muito mais dinheiro gasto. De lá, você pode
economizar 30% no lançamento", estimou. A ideia é que, se o Brasil tiver
lançadores eficientes, a partir de um local estrategicamente bem
posicionado, a demanda por serviços aumente muito. "Podemos lançar
satélite do mundo todo e cada lançamento custa cerca de US$ 50 milhões",
aposta o presidente da AEB.
Este ano, a AEB deve contar com um orçamento de R$ 400
milhões para investimentos em lançadores, satélites e infraestrutura. O
presidente da agência reconhece que os recursos estão muito aquém do
necessário, mas segundo ele, já são o dobro do empenhado no ano passado.
"Para a infraestrutura de Alcântara, nós estamos solicitando ao governo
brasileiro um suplemento emergencial, devido a esse compromisso que nós
temos com a Ucrânia de lançar o Cyclone-4, isso vai acrescentar R$ 200
milhões ao orçamento", disse.
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