Há cerca de 4,5 bilhões de anos, dois enormes objetos
colidiram no Sistema Solar e o resultado desse acidente de trânsito
cósmico foi a formação de dois outros corpos: a Terra e a Lua. O intenso
calor gerado nesse batida acabou com a água que por aqui existia.
Contudo, ao longo desses bilhões de anos de jogo de bilhar astronômico,
outros corpos menores se chocaram no planeta, e hoje temos evidências
científicas de que a água, tão necessária à vida na terceira rocha do
Sistema Solar, veio desses meteoritos. Pelo menos é o que se pensava até
agora.
Os cientistas analisaram cristais que estão em pedras do
nosso satélite natural que as missões Apollo trouxeram para a Terra.
Como a água fica "presa" nesses cristais, eles conseguem descobrir a
proporção de deutério - um isótopo de hidrogênio que tem um nêutron a
mais de o hidrogênio comum - nela. A água tem mais ou menos deutério
conforme o local onde ela se forma no Sistema Solar - quanto mais
próximo do Sol, menos desse isótopo pode ser encontrado.
Os pesquisadores descobriram que essa proporção é
compatível com condritos carbonáceos, meteoritos do Cinturão de
Asteroides (aquele que fica entre Marte e Júpiter), e que se acredita
que também são a origem da água no nosso planeta. Isso descartaria outra
hipótese, de que cometas - que se formam nos confins do nosso sistema,
na Nuvem de Oort - seriam a fonte da água da Lua.
"As medições em si são muito difíceis", diz Erik Hauri,
do Instituto Carnegie de Washington. "Mas os novos dados proveem a
melhor evidência até agora de que os condritos que carregam carbono são
uma fonte comum para os voláteis (substâncias como a água) na Terra e na
Lua, e talvez em todo o Sistema Solar interior."
Essa descoberta apresenta um problema para a teoria de
que a Terra e a Lua foram criadas por um grande impacto: se a água dos
dois corpos tem uma fonte em comum, isso sugere que ela já deveria estar
por aqui quando o impacto aconteceu. Segundo os pesquisadores, contudo,
o estudo não é inconsistente com essa hipótese.
"O impacto de alguma forma não causou a perda de toda a
água", diz Alberto Saal, da Universidade Brown, que também participou da
pesquisa. "Mas ainda não sabemos como esse processo ocorreu."
"Nosso trabalho sugere que elementos altamente voláteis
não são completamente perdidos durante um grande impacto, diz James Van
Orman da Universidade Case Western Reserve. "Nós precisamos voltar à
prancheta e descobrir mais sobre que acontece nos grandes impactos, e
nós precisamos também lidar melhor com os inventários voláteis da Lua."
Font: Terra
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