terça-feira, 2 de julho de 2013

Decifrando o desastre do Proton-M

As ondas de choque do desastre ocorrido no Cosmódromo de Baikonur a 2 de Julho de 2013 ainda se vão fazer sentir durante muito tempo enquanto que a Comissão de Inquérito nomeada pela Roscosmos irá tentar decifrar o que correu mal e levou a que o foguetão 8K82KM Proton-M/DM-03 se despenhasse cerca de trinta segundos após o seu lançamento.
O foguetão 8K82KM Proton-M/DM-03 (5115106754 53543/2L) foi lançado às 0238:21,585UTC e a bordo transportava três satélites Uragan-M (nomeadamente os satélites n.º 48, 49 e 50) que iriam fazer parte da constelação GLONASS-M, o equivalente russo ao sistema de navegação e de geoposicionamento GPS norte-americano. O lançamento ocorreu a partir da Plataforma de Lançamento PU-24 do Complexo de Lançamento LC81, curiosamente a mesma plataforma a partir da qual a 2 de Abril de 1969 foi lançado o foguetão 8K82K Proton-K/D (В10723301) transportando a sonda 2M n.º 522 que deveria ser enviada para o planeta Marte. Este veículo acabaria por se despenhar num acidente muito semelhante ao registado a 2 de Julho.


Logo após abandonar a plataforma de lançamento (e a T+4s) o foguetão desviou-se da sua trajectória, apresentando uma inclinação cada vez mais acentuada em relação ao seu eixo longitudinal à medida que os motores iam tentando compensar os desvios registados. As oscilações aumentaram a T+12s com o veículo a adoptar posteriormente uma posição paralela ao solo enquanto iniciava um mergulho fatal. As forças aerodinâmicas exercidas sobre a estrutura do lançador, levaram à separação do estágio Blok DM-03 e da carenagem de protecção. Os estágios inferiores ficaram envolvidos em chamas enquanto que um dos depósitos se separava do primeiro estágio, com o impacto no solo a ocorrer logo de seguida a cerca de 1,5 km do posto de comando a T+32s.
O que terá acontecido? Alguns relatos apontam para o facto de o lançador parecer estar condenado no momento em que abandona a plataforma de lançamento com um dos motores a ser direccionado para uma posição extrema, fazendo com que fosse extremamente difícil para o sistema de controlo de voo corrigir a direcção errada da força com os restantes cinco motores que estavam a tentar compensar o desvio. Como o sistema de emergência está bloqueado nos primeiros 42 segundos de voo para impedir que o veículo possa cair sobre o complexo de lançamento, os motores continuaram em ignição propulsionando o foguetão até ao momento do impacto no solo. No entanto, qualquer tentativa para determinar a causa do acidente nesta fase (que pode estar relacionada com o sistema de orientação do lançador), é pura especulação.


Fonte: http://www.zenite.nu/orbita/ acesso em 02/07/2013

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