Um pulsar que viaja pelo espaço com uma estrela companheira, completando
a órbita mais rápida já vista para esse tipo de sistema, foi detectado
por uma equipe de astrônomos, que publicou o estudo na revista “Science”
desta quinta-feira (25).
Um pulsar é uma estrela de nêutrons, um objeto compacto e muito denso,
muitas vezes com grande rotação, formado durante a explosão de uma
estrela massiva, ou supernova.
O pulsar desse estudo está localizado na constelação do Centauro e foi
chamado de chamado PSR J1311-3430. Ele gira 390 vezes por segundo em
torno de seu próprio eixo e tem uma estrela companheira que gira ao seu
redor. A dupla faz uma órbita em torno de seu centro de massa comum em
apenas 93 minutos. A velocidade do pulsar chega a 13 mil quilômetros por
hora, e a da parceira é ainda maior: 2,8 milhões de quilômetros por
hora.
Segundo os cientistas, liderados por Holger Pletsch, do Instituto Max
Planck de Física Gravitacional, na Alemanha, esse é o mais curto período
orbital conhecido de todos os pulsares que habitam sistemas binários –
em que dois corpos giram em volta de um centro comum, ligados
gravitacionalmente.
De acordo com a equipe, a descoberta pode ajudar a entender a origem e a
evolução desses tipos raros de pulsares, que têm centenas de rotações
por segundo e incorporam matéria de suas estrelas companheiras.
O novo pulsar foi apelidado de "viúva negra", pois está "sugando" o
astro companheiro – este já identificado anteriormente por telescópios
ópticos. O nome, segundo os astrônomos, é uma alusão à espécie de aranha
em que a fêmea mata o macho após a cópula.
Isso porque, no futuro, a PSR J1311-3430 pode acabar evaporando por
inteiro a parceira – que é feita basicamente de gás hélio – e ficar
sozinha. Cada vez mais, as duas estão se aproximando, e atualmente ficam
a 1,4 vez a distância da Terra em relação à Lua.
Algumas estrelas de nêutrons giram em torno de seu próprio eixo e
emitem ao espaço feixes de raios gama semelhantes a um farol. Esse sinal
radioativo também revela muito sobre a companheira, que no atual caso é
pequena e extremamente densa – com pelo menos oito vezes a massa de
Júpiter e apenas 60% do raio desse planeta. Em relação ao Sol, a
densidade do astro que acompanha a PSR J1311-3430 é cerca 30 vezes
maior.
Desde 2008, o lançamento do telescópio espacial de raios gama Fermi, da
Nasa, tem colaborado para que os astrônomos detectem um grande número
de pulsares – esse novo foi encontrado graças à técnica, após uma
análise de dados obtidos ao longo de quatro anos. O primeiro pulsar
rápido foi descoberto há 30 anos, por outros métodos.
Os cientistas planejam agora novas observações em frequências mais altas
de radiação para determinar com precisão a distância entre esse pulsar e
a Terra, por exemplo.
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