As sondas espaciais Voyager 1 e 2 estão no espaço desde 1977 e viajaram, somadas, 33 bilhões de quilômetros
Foto: Nasa / Divulgação
A sonda, que está agora a mais de 18 bilhões de quilômetros, detectou
duas mudanças claras e relacionadas no seu ambiente em 25 de agosto de
2012, escreveram os cientistas em um trabalho a ser publicado na revista
Geophysical Research Letters.
As mudanças dizem respeito aos níveis de dois tipos de
radiação: uma que permanece dentro do Sistema Solar e outra que vem do
espaço interestelar. O número de partículas dentro da bolha do Sistema
Solar no espaço, uma região chamada de heliosfera, diminuiu a menos de
1% dos níveis anteriormente detectados, ao passo que a radiação de
fontes interestelares mais do que dobrou, segundo o astrônomo Bill
Webber, professor emérito da Universidade Estadual do Novo México, em
Las Cruces, e principal autor do estudo.
No entanto, os cientistas ainda não arriscam dizer que a
Voyager já esteja no espaço interestelar. A sonda, lançada do Cabo
Canaveral em 5 de setembro de 1977, pode estar agora em uma região
limítrofe antes desconhecida, entre a heliosfera e o espaço
interestelar. Webber se refere a essa área como "helioabismo". "Está
fora da heliosfera normal", disse ele em nota. "Tudo o que estamos
mensurando é diferente e interessante."
Em dezembro, cientistas disseram que a Voyager havia
chegado a uma "rodovia magnética" em que as linhas do campo magnético do
Sol se ligam às linhas do campo magnético do espaço interestelar.
"Acreditamos que essa seja a última perna da nossa
viagem até o espaço interestelar", disse na época o cientista Edward
Stone, envolvido no projeto da Voyager. "Nossa aposta é de que faltam
provavelmente entre alguns meses e um par de anos."
Em nota nesta quarta-feira, Stone disse que são
necessários outros indícios de que a Voyager tenha saído do Sistema
Solar, pois há um consenso de que isso ainda não aconteceu. "Uma mudança
na direção do campo magnético é o último indicador crítico de chegada
ao espaço interestelar, e essa mudança de direção ainda não foi
observada", disse ele.
A Voyager 1 e a sonda-irmã Voyager 2 foram lançadas com 16 dias de diferença, em 1977, para passarem ao largo de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A Voyager 2 viaja em outro caminho, também rumo aos limites do Sistema Solar, e se acredita que ainda não tenha atingido a "rodovia magnética" que leva ao espaço interestelar
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