© ESO (Nebulosa do Lápis)
Esta
peculiar nuvem de gás brilhante faz parte de um enorme anel de restos
deixados por uma explosão de supernova, que aconteceu há cerca de 11.000
anos. Esta imagem detalhada foi obtida pelo instrumento Wide Field
Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros.
Apesar
da beleza aparentemente tranquila e imutável de um céu estrelado, o
Universo não é um local tranquilo. As estrelas nascem e morrem num ciclo
sem fim, e por vezes a morte de uma estrela cria vistas de beleza
inigualável quando a matéria é lançada para o espaço formando estranhas
estruturas no céu.
Esta nova imagem mostra a
Nebulosa do Lápis sob um fundo de céu estrelado. A Nebulosa do Lápis,
também conhecida como NGC 2736 e algumas vezes chamada o Raio de
Herschel, foi descoberta pelo astrônomo britânico John Herschel em 1835,
quando este se encontrava na África do Sul. Herschel descreveu-a como
sendo “um raio de luz extraordinariamente longo e fino mas
excessivamente tênue”. Esta nuvem de forma estranha é uma pequena parte
de um resto de supernova, situada na constelação austral da Vela. Uma
supernova é uma explosão estelar violenta, que resulta da morte de uma
estrela de elevada massa ou então de uma anã branca num sistema estelar
duplo. A estrutura resultante da explosão é chamada resto da supernova e
consiste no material ejetado que se expande a velocidades supersônicas
no meio interestelar circundante. As supernovas são a fonte principal de
elementos químicos pesados no meio interestelar, o que por sua vez leva
ao enriquecimento químico de uma nova geração de estrelas e planetas.
Os filamentos brilhantes foram criados pela morte violenta de uma
estrela, que aconteceu há cerca de 11 mil anos. A parte mais brilhante
parece um lápis; daí o seu nome, mas toda a estrutura tem mais a forma
tradicional de uma vassoura de bruxa.
O resto de
supernova da constelação da Vela é uma concha em expansão que teve
origem numa explosão de supernova. Inicialmente a onda de choque
deslocou-se com uma velocidade de milhões de quiômetros por hora, mas à
medida que se expandiu pelo espaço, teve que atravessar o gás entre as
estrelas, o que a travou consideravelmente, criando pregas de
nebulosidade com formas estranhas. A Nebulosa do Lápis é a região mais
brilhante desta enorme concha.
Esta nova imagem
mostra enormes estruturas filamentares, pequenos nós brilhantes de gás e
regiões de gás difuso. A aparência luminosa da nebulosa vem de regiões
densas de gás atingidas pela onda de choque da supernova. À medida que a
onda de choque viaja pelo espaço, vai interagindo com o material
interestelar. Inicialmente, o gás é aquecido a milhões de graus, mas
depois arrefece progressivamente e ainda está emitindo um brilho fraco,
obtido nesta imagem.
Ao observar as diferentes
cores da nebulosa, os astrônomos conseguem mapear a temperatura do gás.
Algumas regiões estão ainda tão quentes que a emissão é dominada por
átomos de oxigênio ionizado, que brilham em azul na imagem. Outras
regiões mais frias brilham em vermelho, devido à emissão do hidrogênio.
A
Nebulosa do Lápis mede cerca de 0,75 anos-luz de um lado ao outro e
desloca-se no meio interestelar a cerca de 650 mil quilômetros por hora.
Nota-se que mesmo estando a cerca de 800 anos-luz de distância da
Terra, a nebulosa muda notoriamente a sua posição no céu relativamente
às estrelas de fundo durante o período de uma vida humana. Mesmo após 11
mil anos a explosão de supernova ainda muda a face do céu noturno.
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