sábado, 11 de maio de 2013

Nasa considera quebra-cabeça tecnológico levar humanos a Marte

Entrar na atmosfera de Marte e levar astronautas até sua superfície é um quebra-cabeças tecnológico ainda mais complexo do que o pouso do robô Curiosity, além de ser um dos maiores desafios da missão tripulada ao planeta vermelho, disseram especialistas da agência espacial americana,Nasa nesta quarta-feira (8).

A discussão se intensificou após o diretor da Nasa, Charles Bolden, afirmar na segunda-feira (6) que os Estados Unidos estavam decididos, apesar de suas dificuldades orçamentárias, a enviar astronautas a Marte nos próximos 20 anos, mobilizando todos os recursos da exploração espacial para este único fim.
Em agosto passado, os cientistas alcançaram um grande feito com o pouso do Curiosity, um robô de uma tonelada, o mais pesado a tocar a superfície de Marte, e que incluiu o uso de um guindaste e de um paraquedas supersônico. No entanto, especialistas garantem que tudo será ainda mais difícil com humanos a bordo.
"O pouso do Curiosity em Marte foi um feito incrível", declarou Robert Braun, ex-engenheiro da Nasa, atualmente professor do Instituto de Tecnologia da Geórgia, em conferência celebrada em Washington sobre a conquista do planeta vermelho. "Mas não é mais do que um pequeníssimo passo em comparação com tudo o que precisamos fazer para poder caminhar algum dia em Marte", acrescentou.
A conferência de três dias, iniciada nesta segunda-feira (6), reuniu especialistas da Nasa, pesquisadores universitários e membros da indústria aeroespacial para discutir a exploração do planeta vermelho. "O Curiosity tem o tamanho de um pequeno [veículo] 4x4", disse Braun sobre o laboratório móvel de seis rodas que tem explorado Marte nos últimos nove meses.
 "Mas para uma missão tripulada seria necessário desenvolver um dispositivo capaz de pousar em solo marciano um volume equivalente a uma casa de dois andares com massa de 40 toneladas", acrescentou.

Suprimentos e potência
Uma missão assim demandaria envio de comida, água e oxigênio para os astronautas, e de um veículo suficientemente potente para retornar à nave espacial, que provavelmente ficaria em órbita. "As tecnologias às quais recorreríamos para pousar uma carga assim em Marte seriam sem dúvida muito diferentes dos sistemas que temos utilizado no robô, destacadamente menores",  disse Braun.
Com exceção do Curiosity, as seis primeiras sondas americanas que pousaram com sucesso em solo marciano desde 1974 eram suficientemente leves para frear sua descida com um paraquedas e amortecer com balões o contato com o solo.
Pesado demais para este modelo de pouso, o Curiosity demandou um complexo sistema que incluía um paraquedas supersônico e uma grua propulsionada por foguetes. Nada disso pode ser aplicado às cargas previstas para uma missão tripulada, disse Braun.
A atmosfera marciana é claramente menos densa do que a da Terra, cuja pressão atmosférica a 40 km de altitude é equivalente à de Marte a 10 mil metros, o que deixa pouco tempo para frear a velocidade supersônica de uma nave espacial, afirmou. "É um desafio que ainda não enfrentamos e para o qual não temos uma resposta específica", afirmou.
Para Adam Stelzner, um dos inventores da grua que permitiu fazer o Curiosity pousar, "não se trata de inventarmos novas tecnologias, mas de sermos um pouco mais criativos com o uso do que existe".
"Em 2003 - oito anos antes do lançamento do Curiosity - não sabíamos como pousar em Marte", lembrou este engenheiro do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, afirmando que a grua espacial poderia servir para uma missão tripulada. "Precisamos de um sistema de retropropulsão que funcione duas ou três vezes na velocidade do som", opinou Charles Campbell, especialista em aerodinâmica da Nasa.
"Sabemos como construir uma máquina supersônica, mas não em retropropulsão", acrescentou, avaliando que "o motor do foguete e o controle da aterrissagem representam as maiores dificuldades". "Uma missão humana a Marte exigirá um veículo na escala de um ônibus espacial", disse Campbell, acrescentando que os custos serão altos e a magnitude do esforço provavelmente exigirá cooperação internacional.

 
Fonte: g1.com


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