"Os dados do nosso estudo são diferentes (de outros anteriores) porque o
detector que usamos, o Detector de Avaliação de Radiação, ou RAD,
estava sob um pouco de blindagem. Portanto, nossa medição é a primeira
de seu tipo", explica Cary Zeitlin, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste
(EUA).
A radiação é perigosa para o homem em duas
circunstâncias: ao receber uma grande dose ou pequenas doses ao longo de
determinado período. Em uma viagem espacial, os astronautas podem ser
expostos a uma grande emissão de partículas do Sol e também aos
constantes raios cósmicos galácticos (GCRs, na sigla em inglês).
A exposição à radiação é medida em Sievert (Sv) ou
miliSievert. Para se ter ideia, estudos indicam que uma exposição a 1 Sv
(o limite imposto pelas agências espaciais para os astronautas) aumenta
em 5% o risco de se desenvolver de câncer.
"Os dados do RAD mostram uma dose média equivalente de
GCR de 1,8 miliSieverts por dia em cruzeiro. O total durante as fases de
trânsito de uma missão a Marte seria de aproximadamente 0,66 Sv para
uma viagem com os atuais sistemas de propulsão", diz Zeitlin.
Os cientistas afirmam, contudo, que a medição foi feita
durante um período de tranquilidade na atividade solar - o que foi
inesperado, já que, de acordo com o ciclo solar, a estrela deveria estar
bem mais ativa. Por causa disso, e do escudo de proteção, apenas 5% da
radiação foi proveniente do Sol. A exposição de uma tripulação em
direção ao planeta vermelho dependeria do tipo de proteção utilizada e
das imprevisíveis erupções solares. Para os cientistas, os resultados
representam a segurança de uma missão a Marte durante um período de
atividade baixa a moderada da nossa estrela.
Os pesquisadores pretendem agora calcular a quantidade
de radiação na superfície marciana, também com medições da Curiosity. E
essa exposição pode ser significantemente maior se comparada com a da
viagem, já que alguns planos da Nasa propõem que os astronautas
permaneçam até 500 dias no planeta.
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