© ESO (moléculas de açúcar no gás ao redor de estrela)
Esta
é a primeira vez que açúcar é descoberto no espaço em torno de uma tal
estrela. Esta descoberta mostra que os blocos constituintes da vida se
encontram no local certo, no tempo certo, de modo a serem incluídos em
planetas que estejam se formando em torno da estrela.
Os astrônomos descobriram moléculas de glicoaldeído (C2H4O2),
uma forma simples de açúcar, no gás que circunda uma estrela binária
jovem, com massa semelhante ao Sol, chamada IRAS 16293-2422. O
glicoaldeído já tinha sido observado anteriormente no espaço
interestelar, mas esta é a primeira vez que é descoberto tão perto de
uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à distância de Urano
ao Sol, no Sistema Solar. Esta descoberta mostra que alguns dos
componentes químicos necessários à vida existiam neste sistema no tempo
da formação planetária. O glicoaldeído foi detectado até agora em dois
locais no espaço: na direção da nuvem do centro galáctico Sgr B2 e no
núcleo molecular quente de elevada massa G31.41+0.31. A estrela IRAS
16293-2422 é também conhecida por ter uma quantidade de outras moléculas
orgânicas complexas, incluindo etilenoglicol, metanoato de metila e
etanol.
A alta sensibilidade do ALMA, mesmo nos
comprimentos de onda mais curtos nos quais opera e por isso tecnicamente
mais difíceis, foi indispensável nestas observações, as quais foram
executadas com uma rede parcial de antenas durante a fase de Verificação
Científica do observatório.
As nuvens de gás e
poeira que colapsam para formar novas estrelas são extremamente frias
(cerca de –263ºC) e muitos gases solidificam sob a forma de gelo sobre
as partículas de poeira, onde seguidamente se juntam para formar
moléculas mais complexas. Mas assim que uma estrela se forma no meio de
uma nuvem de gás e poeira em rotação, esta aquece as regiões internas da
nuvem para cerca de uma temperatura ambiente, evaporando as moléculas
quimicamente complexas e formando gases que emitem uma radiação
característica em ondas rádio, ondas estas que podem ser mapeadas com a
ajuda de potentes radiotelescópios, como o ALMA.
A
IRAS 16293-2422 situa-se a cerca de 400 anos-luz de distância,
relativamente próximo da Terra, o que a torna num excelente alvo para os
astrônomos que estudam as moléculas e a química em torno de estrelas
jovens. Juntando o poder de uma nova geração de telescópios, tais como o
ALMA, agora é possível estudar os detalhes das nuvens de gás e poeira
que estão formando sistemas planetários.
"A
grande questão é: qual a complexidade que estas moléculas podem atingir
antes de serem incorporadas em novos planetas? Esta questão pode
dizer-nos algo sobre como a vida aparece noutros locais e as observações
do ALMA serão vitais para desvendar este mistério," diz Jes Jørgensen
(Instituto Niels Bohr, Dinamarca), o autor principal do artigo
científico que será publicado na revista da especialidade Astrophysical
Journal Letters.
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