Trinta e seis horas depois do pouso marciano do robô Curiosity, a Nasa
divulgou na última terça-feira uma imagem aérea do local onde o veículo
não tripulado de exploração planetária tocou o solo, descrevendo-a como
"cena do crime". A chegada ao planeta vermelho, em 6 de agosto, do
Laboratório Científico de Marte (MSL, na sigla em inglês), apelidado
Curiosity, foi a manobra mais complexa feita até agora para colocar um
veículo robótico na superfície do planeta mais próximo da Terra.
A viagem exigiu um escudo protetor de calor, um paraquedas
supersônico e uma grua espacial movida por um foguete espacial. O
processo, conhecido como EDL (sigla em inglês para entrada na atmosfera,
descida e aterrissagem), foi denominado "Sete minutos de terror" pela
Nasa, mas transcorreu sem problemas, em uma operação que o presidente
americano, Barack Obama, qualificou de "façanha sem precedentes da
tecnologia".
Para esta manobra, um escudo de calor protegeu o Curiosity durante
sua entrada na atmosfera marciana, enquanto um paraquedas foi utilizado
para reduzir a velocidade, e a nave espacial perdeu a carcaça traseira.
Uma espécie de mochila acionada pelo foguete permitiu a descida do
veículo robótico de quase uma tonelada antes que cordas de nylon o
colocassem suavemente em solo marciano. A grua espacial foi projetada
para se preparar e cair em algum lugar ao norte de Marte. A última foto
em preto e branco divulgada foi tirada a 300 km de distância do MSL pela
sonda Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, na sigla em inglês),
um dos satélites artificiais do planeta vermelho enviados para
observação.
A foto mostra o MSL com a agora desaparecida grua espacial 650 metros
a noroeste. O paraquedas e o escudo posterior da nave espacial, que se
separaram antes de o Curiosity pousar, caíram 615 metros a sudoeste do
Curiosity. O escudo protetor de calor parece ter ficado 1,2 metros a
sudeste do veículo-robô. "Esta é como uma foto da cena do crime", disse
Sarah Milkovich, principal pesquisadora da câmara HiRISE do orbitador
MRO. "Esperamos que as próximas imagens sejam ainda melhores, com mais
detalhes", disse, acrescentando que as áreas escuras da foto mostram a
poeira levantada quando o veículo pousou.
A equipe do EDL revisou as últimas fotos e disse que "a distribuição
(dos restos da descida) parece a esperada", informou o diretor da
missão, Mike Watkins. Os restos da descida provavelmente ficarão em
Marte. Não há planos de recuperá-los e retorná-los à Terra. A Nasa
continua fazendo testes com os diferentes instrumentos do Curiosity,
cujo objetivo é procurar vestígios da existência de vida em Marte, que
no passado foi mais úmido do que agora. Até hoje a maioria dos controles
se saiu bem e o veículo parece estar em boas condições para iniciar sua
tarefa.
Nesta quarta-feira, a Nasa planeja erguer à distância o mastro do
Curiosity pela primeira vez. Espera-se que mais imagens, inclusive
algumas de cor e alta resolução, cheguem nos próximos dias. Mas o
veículo não começará a se deslocar por Marte até dentro de várias
semanas e poderia demorar um ano antes de alcançar o Monte Sharp, um de
seus alvos específicos. Joy Crisp, outra cientista do MSL, disse que a
última análise mostra que o veículo está a 6,5 km da base da montanha,
mas é provável que se escolha uma rota mais sinuosa que aumente esta
distância. O MSL é um veículo de propulsão nuclear desenhado para uma
missão robótica de dois anos em Marte, embora os cientistas esperassem
que o laboratório móvel estivesse operacional o dobro do previsto quando
foi projetado.
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