Cientistas anunciaram nesta quarta-feira (4) a existência de uma
partícula subatômica inédita até então. Eles acreditam que se trate do
“bóson de Higgs”, a “partícula de Deus”, única partícula prevista pelas
teorias da física que ainda não tinha sido detectada em laboratórios, e
que vinha sendo perseguida ao longo dos últimos anos.
A nova partícula tem características “consistentes” com o bóson de
Higgs, mas os físicos ainda não afirmam com certeza que se trate da
“partícula de Deus”. Para isso, eles vão conduzir novos experimentos
para observar se a partícula se comporta com as características
esperadas do bóson de Higgs.
O “bóson de Higgs” ganhou o apelido de “partícula de Deus” em 1993,
depois que o físico Leon Lederman, ganhador do Nobel de 1988, publicou o
livro “The God Particle” (literalmente “a partícula de Deus”, em
inglês), voltado a explicar toda a teoria em volta do bóson de Higgs
para o público leigo. Ainda não há edição desse livro em português.
O anúncio foi feito em Genebra, na Suíça, sede do Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em inglês). As conclusões foram
baseadas em dados obtidos no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em
inglês), acelerador de partículas construído pelo Cern debaixo da Terra
na fronteira entre a França e a Suíça, considerado a máquina mais
poderosa do mundo.
A descoberta foi confirmada por especialistas do CMS e do Atlas, dois
grupos de pesquisa independentes que fazem uso do LHC. Apesar de usarem o
mesmo acelerador de partículas, as duas colaborações científicas
trabalham com detectores diferentes e seus resultados são paralelos.
Os cientistas medem a massa das partículas como se fosse energia. Isso
porque toda massa tem uma equivalência em energia. Se você calcula uma,
tem o valor das duas. A unidade de medida usada é o gigaelétron-volt, ou
"GeV".
No anúncio, o CMS disse que observou um “novo bóson com a massa de
125,3 GeV” – com margem de erro de 0,6 GeV para mais ou para menos – “em
4,9 sigmas de significância”. Esses “sigmas” medem a probabilidade dos
resultados obtidos. O valor de 4,9 sigmas representa uma chance menor
que um em 1 milhão de que os resultados sejam mera coincidência. Por
isso, os cientistas consideram esse número como uma confirmação da
descoberta.
Paralelamente, o grupo Atlas afirmou que “exclui a não-existência de
uma partícula com a massa de 126,5 GeV, com a probabilidade de 5
sigmas”.
“Eu não tenho muita dúvida de que, na física de partículas, é o evento
mais importante dos últimos 30 anos”, afirmou Sérgio Novaes, pesquisador
da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que faz parte da
colaboração CMS. "Eu acho que é um momento histórico que a gente está
vivendo", completou.
Em 2011, pesquisadores dos dois grupos de pesquisa do Cern já haviam
“encurralado” o bóson de Higgs, quando identificaram a faixa em que
encontrariam a partícula – a massa estaria entre 115 GeV e 130 GeV.
Na última segunda, pesquisadores norte-americanos também tinham
encontrado “forte evidência” da existência da partícula, em experiências
com um acelerador próprio.
Fonte: G1.com
Diretores e pesquisadores comemoram os resultados divulgados pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) nesta quarta-feira
Foto: AFP
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