A mais de 12 bilhões de anos atrás, uma estrela
explodiu, se rompendo e expelindo o que sobrou em jatos gêmeos com uma
velocidade próxima da velocidade da luz.
© CfA (explosão de raios gama ilumina gás interestelar)
Sua
morte foi um evento tão brilhante que conseguiu iluminar sua galáxia
inteira um milhão de vezes mais, do que ela era iluminada antes. O flash
brilhante viajou através do espaço por 12,7 bilhões de anos para chegar
a um planeta que estava longe de existir no momento da explosão, a
nossa Terra. Analisando essa luz, os astrônomos aprenderam sobre uma
galáxia que outrora era muito pequena, apagada e distante para ser
observada até mesmo pelo telescópio espacial Hubble.
“Essa
estrela viveu numa época interessante, a chamada idade das trevas, um
bilhão de anos depois do Big Bang”, disse o autor principal do estudo
Ryan Chornock do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA).
“Por
um lado, nós somos cientistas forenses, investigando a morte de uma
estrela e a vida de uma galáxia nas primeiras fases do tempo cósmico”,
adicionou ele.
A estrela anunciou sua morte com
um flash de raios gama, um evento conhecido como uma explosão de raios
gama (GRB). A GRB 130606A foi classificada como sendo uma GRB longa, já
que ela durou mais de 4 minutos. Ela foi detectada pela sonda Swift da
NASA no dia 6 de Junho de 2013. Chornock e sua equipe rapidamente
organizaram observações subsequentes usando o telescópio MMT no Arizona e
o Gemini Norte no Havaí.
“Nós fomos capazes de
estar no alvo certo em questões de horas”, disse Chornock. “Essa
velocidade foi crucial para detectar e estudar o brilho posterior”.
O
brilho de uma GRB ocorre quando os jatos de uma explosão vagam por
entre o gás ao redor, varrendo esse material, aquecendo-o e gerando
assim o brilho. À medida a luz viaja através da galáxia onde se situava a
estrela que morreu, ela passa por nuvens de gás interestelar. Elementos
químicos, dentro dessas nuvens absorvem a luz em certos comprimentos de
onda, deixando pegadas. Espalhando a luz pelo seu espectro, os
astrônomos conseguem estudar essas pegadas e aprender que gases a
galáxia distante continha.
Todos os elementos
químicos mais pesados que o hidrogênio, o hélio, e o lítio foram criados
pelas estrelas. Como um resultado, esses elementos pesados, chamamados
de metais, levam um tempo para se acumular. A vida não teria existido no
Universo primordial pois esses elementos, cruciais para a vida,
incluindo o carbono e o oxigênio, ainda não existiam.
Chornock
e seus colegas descobriram que a galáxia com explosão GRB continha
somente algo em torno de um décimo dos metais encontrados no nosso
Sistema Solar. A teoria sugere que embora os planetas rochosos pudessem
ter sido capaz de se formar, a vida provavelmente não estaria presente.
“No
tempo em que essa estrela morreu o Universo ainda não estava pronto
para a vida. Ele ainda não tinha vida, mas estava sim gerando os
elementos necessários para isso”, diz Chornock.
Com
redshift de 5.9, ou uma distância de 12,7 bilhões de anos-luz, a GRB
130606A é uma das mais distantes explosões de raios gama já encontradas.
“No
futuro nós seremos capazes de encontrar e explorar até mesmo as mais
distantes GRBs com a construção do planejado Giant Magellan Telescope”,
disse Edo Berger, do CfA, um coautor do estudo.
A equipe irá publicar os resultados na edição de 1 de Setembro de 2013 no periódico The Astrophysical Journal e pode ser vista online.
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