Plutão sempre esteve imerso em alguma polêmica, começando pela sua descoberta.
Em 1846, Urbain Le Verrier e John Couch Adams usando as leis da
gravitação de Newton, conseguiram prever a posição de um novo planeta,
depois de Urano, que deveria estar influenciando sua órbita. A posição
de Urano às vezes não correspondia à posição prevista e através de
cálculos apenas, Le Verrier e Adams (de forma independente) mostraram a
posição deste suposto novo planeta. Assim foi descoberto Netuno.
No final do século XIX, todavia, Netuno parecia mostrar perturbações
semelhantes às de Urano e começou-se a especular a respeito de um novo
planeta, mais distante, que pudesse explicar as observações. Percival
Lowell construiu um observatório no estado norte-americano do Arizona em
1904 e passou a procurar por esse planeta, que ele chamou de Planeta X.
Apesar de ter sido observado 16 vezes desde 1909, apenas em 1930 o
planeta foi descoberto por Clyde Tombaugh, 15 anos depois da morte de
Lowell. Essa descoberta teve imediata repercussão, pois se tratava do
primeiro planeta a ser descoberto pela astronomia norte-americana. Um
concurso foi feito no país e escolheu o nome Plutão para o novo planeta.
E as polêmicas começaram.
Posteriormente verificou-se que Plutão não teria a massa para
promover as perturbações em Netuno – Plutão seria um planeta muito
pequeno e rochoso, em uma região onde deveria haver um gigante e gasoso.
Depois, com mais observações, verificou-se que a órbita de Plutão era
muito mais inclinada do que as órbitas dos outros planetas. Além disso,
ela era também muito mais ovalada, fazendo com que Plutão cruzasse a
órbita de Netuno, deixando-o como o último planeta do Sistema Solar de
vez em quando.
No final da década de 1970, a descoberta de objetos quase tão grandes
quanto Plutão começou a colocar dúvidas na sua classificação como
planeta. Mas, ainda em 1978, Plutão ganhou uma lua, Caronte, e a
classificação foi mantida.
Mas tudo começou a mudar em 2005, quando Mike Brown e seus colegas
anunciam a descoberta de Eris (inicialmente chamado de Xena), um objeto
com quase o mesmo tamanho de Plutão, mas com massa 27% maior. Se Plutão
era um planeta, Eris também tinha que ser. Durante um tempinho, a Nasa
considerou Eris o décimo planeta, mas a União Astronômica Internacional
(IAU, na sigla em inglês) torceu o nariz.
A IAU é a entidade mundial responsável por oficializar os termos e
“administrar” a astronomia, ou seja, catalogar, batizar e reconhecer
corpos celestes, padronizar as constantes etc. Não demorou muito tempo
para a IAU perceber que, com novos e maiores telescópios, novas técnicas
e muita vontade de descobrir objetos novos, logo, logo uma enxurrada de
novos planetas seria descoberta. Toda semana os livros precisariam ser
atualizados. No mesmo mês da descoberta de Eris, a equipe de Brown
anunciou a descoberta de 2 outros candidatos a planeta, Makemake e
Haumea. Em agosto de 2006, a IAU se reuniu em Praga, na República
Tcheca, e em assembleia decidiu criar uma definição para planetas. A
partir de então, Plutão, Eris, Ceres, Makemake e Haumea estariam na
categoria de planeta-anão. Furiosos, os astrônomos americanos
protestaram e ainda hoje fazem campanha pela volta de Plutão à categoria
de planeta.
Entretanto, Plutão parece estar se vingando!
Ainda em 2005, duas novas luas foram descobertas usando imagens do
Hubble, Nix e Hydra. Em 2011 e 2012, mais outras duas luas foram
descobertas, ainda sem nome oficial. Mais ainda, vários anéis foram
descobertos em torno de Plutão. Recapitulando, Plutão tem cinco
satélites e anéis – já que não podia ser planeta, resolver criar o seu
próprio sistema “planetário”!
Só que a piada começou a ficar sem graça quando os astrônomos se lembraram de um detalhe, há uma sonda a caminho de Plutão!
A missão toda foi planejada com um cenário em mente: Plutão tem uma
lua só. Na rampa de lançamento, descobrem que ele possui mais duas luas e
faltando apenas dois anos apara chegar lá, descobrem mais duas e um
sistemas de anéis!
Todo cuidado é pouco, a posição dessas luas e do sistema de anéis
precisa ser conhecida com precisão, para não haver surpresas na
aproximação, a New Horizons viaja a 48 mil quilômetros por hora!
A equipe da New Horizons está usando tudo o que pode: simulações
numéricas em computador para tentar prever as órbitas de pedaços de
rochas, a posição dos anéis e das luas. Está usando e abusando de
imagens do Hubble e dos maiores e mais modernos telescópios na Terra.
Ainda faltam dois anos e meio para a nave chegar ao sistema de Plutão e
os planos, hoje, são de fazer um sobrevoo a uma distância de 10 mil
quilômetros da superfície de Plutão e 27 mil de Caronte. Mas, de acordo
com Lelie Young, cientista da missão, é bem provável que as manobras
sejam definidas apenas 10 dias antes da passagem com tudo controlado a
quase 6 bilhões de quilômetros de distância.
Fonte:G1.com
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