terça-feira, 8 de maio de 2012
Astrônomo da USP revela estrela 'gêmea' do Sol
O Sol tem um irmão gêmeo. Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo astrônomo peruano Jorge Meléndez, professor do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo (IAG-USP), terminou a mais detalhada análise da estrela mais parecida com o Sol de que se tem conhecimento. Localizada a 200 anos-luz, o astro, catalogado como HIP 56948, é tão parecido que, caso fosse colocado no centro do Sistema Solar, os terráqueos não notariam a diferença. A pesquisa será publicada nas próximas semanas no periódico Astronomy & Astrophysics.
A HIP 56948 foi caracterizada por um satélite chamado Hipparcos (daí HIP 56948). A sonda foi lançada em 1989 pela agência espacial europeia e ficou funcionando até 1993. Nesse período, catalogou 100.000 estrelas, das quais cerca de 100 são muito parecidas com o Sol.
Os astrônomos já conhecem a HIP 56948 desde 2007. Nessa época, ela já era considerada uma grande candidata a gêmea solar, mais do que uma estrela chamada 18 Scorpius, que ocupava o posto de 'estrela mais parecida com o Sol' desde 1997. Os cientistas não sabiam, contudo, quão parecida era HIP 56948. Usando o telescópio Keck no Havaí, um dos maiores do mundo, eles agora têm certeza.
De acordo com Meléndez, a HIP 56948 é apenas 17 graus mais quente que o Sol. "Se considerarmos a margem de erro, que é de sete graus, é possível que os dois astros tenham a mesma temperatura", diz o cientista, em entrevista ao site de VEJA. O mesmo vale para a massa. "A diferença entre os astros é de apenas 2%."
Irmão mais novo — A principal diferença está na idade. "Essa gêmea solar é aproximadamente um bilhão de anos mais jovem", diz Meléndez. Isso quer dizer, de acordo com ele, que se tomarmos a Terra como parâmetro para o desenvolvimento de vidas complexas, alguma forma de vida avançada pode estar surgindo agora em um possível planeta orbitando a HIP 56948.
Os astrônomos ainda não sabem dizer se há planetas orbitando a gêmea solar. Mas há boas razões para supor que o sistema distante seja parecido com o Solar. A primeira delas é que a composição química da estrela é praticamente idêntica ao do Sol. Entender a composição química de uma estrela é muito importante para saber se ela 'doou' material suficiente para a formação de planetas a sua volta. O Sol, por exemplo, perdeu o equivalente a duas massas terrestres de elementos como o alumínio, ferro e níquel, em relação à média de todas as estrelas de sua classe. "A HIP 56948 perdeu 1,5", calcula Meléndez. De acordo com o pesquisador, esses elementos são usados justamente para a 'fabricação' de planetas.
A segunda razão é que os astrônomos ainda não identificaram nenhum planeta em volta da estrela. Apesar de isso soar como uma má notícia, trata-se do contrário. Os cientistas só poderiam ter encontrado algum planeta em tão pouco tempo se ele fosse ao mesmo tempo grande (tal como Júpiter) e próximo demais da estrela (como Mercúrio). Isso quer dizer que pelo menos nos primeiros 150 milhões de quilômetros ao redor da estrela (a distância entre a Terra e o Sol) não há nenhum gigante gasoso, o que abre espaço para planetas rochosos, como a Terra. A ideia agora é utilizar os poderosos instrumentos do observatorio europeu do sul, no observartorio de La Silla, para identificar planetas em volta de outras gêmeas do Sol.
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