© Hubble (estrela LL Orionis)
E
não existe porque o Sol se move através da galáxia a uma velocidade
menor do que havia sido calculado, com uma interação mais fraca com o
resto da galáxia.
A conclusão veio da análise
detalhada dos dados da sonda espacial IBEX (Interstellar Boundary
Explorer), lançada pela NASA em 2008 justamente para estudar nossos
limites interestelares.
Nosso Sistema Solar
viaja através da galáxia no interior de uma espécie de casulo, a
heliosfera, uma "bolha" formada por campos magnéticos e pelo vento
solar.
O limite da heliosfera, onde o vento solar interage com o resto da galáxia, marca a fronteira do Sistema Solar.
As
teorias indicavam que essa interação causava uma onda de choque,
semelhante ao chamado "boom sônico", que ocorre aqui na Terra quando um
avião ultrapassa a velocidade do som.
Mas os
novos dados indicam que o Sistema Solar não faz mais do que uma "marola"
no resto da galáxia - uma espécie de onda de proa, aquela que se pode
ver à frente de um navio que avança pelo mar.
Os
dados indicam que o Sistema Solar viaja pela galáxia a uma velocidade
de 83.680 km/h (23,2 km/s), "lento" demais para criar uma onda de
choque. Anteriormente, acreditava-se que essa velocidade era de 26,3
km/s.
© R. Casalegno (estrela BZ Cam)
"Embora
ondas de choque certamente existam à frente de muitas outras estrelas,
nós descobrimos que a interação do nosso Sol não atinge o limite crítico
para formar um choque. Assim, uma onda de proa é uma descrição mais
precisa do que está acontecendo à frente da nossa heliosfera," disse
David McComas, líder do estudo.
Os dados indicam
ainda que a pressão magnética do meio interestelar é mais forte do que
se calculava, o que exige velocidades ainda maiores para gerar uma onda
de choque.
"É muito cedo para dizer exatamente o
que esses novos dados significam para a nossa teoria da heliosfera.
Décadas de pesquisas exploraram cenários que incluíam uma onda de
choque. Todas essas pesquisas agora terão que ser refeitas com os novos
dados," disse McComas.
"No novo estudo, é como
se o Sol e sua heliosfera formassem um avião se movendo no meio
interestelar. Mas em vez de estar se movendo como um supersônico, ele
está se movendo como um avião normal", diz Gustavo Lima, astrofísico
brasileiro do Institut de Planétologie et d'Astrophysique de Grenoble,
na França.
Haverá certamente implicações, por
exemplo, para a forma como se calcula a propagação dos raios cósmicos
galácticos e como eles entram no Sistema Solar.
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