Concepção artística do pulsar no centro da Nebulosa de Caranguejo. [Imagem: David A. Aguilar (CfA)/NASA/ESA]
Ajustando os modelosEm maio deste ano, astrônomos localizaram uma erupção inédita de raios gama na nebulosa do Caranguejo.
Agora eles descobriram que essa emissão de raios gama, vindo do pulsar no centro da nebulosa, seria considerada "impossível" pelos modelos atuais.
O pulsar está emitindo em energias que superam em muito as previsões dos modelos teóricos de pulsares.
As emissões atingem 100 bilhões de elétron-Volts (100 GeV).
"Estes resultados colocaram novas restrições sobre o mecanismo de como a emissão de raios gama é gerada," afirmou Nepomuk Otte, da Universidade da Califórnia.
Pulsar de Caranguejo
A Nebulosa do Caranguejo é uma estrela de nêutrons em rápida rotação, o núcleo colapsado de uma estrela gigantesca que explodiu em uma supernova espetacular no ano de 1054, deixando para a história a brilhante nebulosa e, em seu centro, um pulsar que gira 30 vezes por segundo.
O pulsar possui um fortíssimo campo magnético, que gira com ele, emitindo feixes de radiação, que aparecem aqui na Terra como se o pulsar fosse um farol marítimo.
Antes destes novos resultados, um fenômeno conhecido como radiação de curvatura era a principal explicação para a emissão de raios gama do pulsar de Caranguejo.
A radiação de curvatura é produzida quando uma partícula carregada de alta energia se move ao longo de um campo magnético curvo. Mas, de acordo com os cientistas, este mecanismo não pode ser responsável por raios gama com energias acima de 100 GeV.
Possíveis explicações
Uma possível explicação está em um processo conhecido como espalhamento inverso de Compton, que envolve a transferência de energia de partículas eletricamente carregadas para fótons.
"Este parece ser o cenário mais provável agora, mas nós ainda não sabemos os detalhes de como isso funciona," disse Otte.
Também não está claro se apenas um processo impera em toda a emissão de raios gama, ou se a radiação de curvatura domina nas energias mais baixas e algo como o espalhamento inverso de Compton domina nas energias mais altas.
Os cientistas afirmaram que vão tentar esclarecer o enigma com mais observações, mas pode ser que isso não seja possível e exija um novo telescópio, mais adequado para a tarefa.
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